QUATRO QUADRAS

Numa quadra improvisada...

Eu grito alto para o além

Que possa ser escutada

Numa mensagem do bem...

Noutra quadra, o que diz...

Como alerta anunciado

O importante é ser feliz

E a alguém estar ligado...

Na terceira, a tanto ver...

A partida e a chegada

Força que traga no ser

Durante toda a jornada...

E na última... Há saudade...

Que se esvai tal a poesia

Como na melhor idade

Traz-se viva a cada dia...

(QUATRO QUADRAS - Edilon Moreira, Outubro/2019)

UM POEMA NASCE ASSIM

Um poema nasce assim...

Quando chego à janela

E vejo esse mar sem fim

Num retângulo em própria tela...

Desses bruscos movimentos...

Que do seu balanço emana

Tendo chuvas... Tendo ventos

Entre uma e outra semana...

E é o mar tão inspirador...

Que alegra o meu espírito 

Pois afugenta o que é dor

Sem dar causa ao conflito...

(UM POEMA NASCE ASSIM - Edilon More

ira, Julho/2025)

DE TODOS OS LUGARES DO MUNDO

De todos os lugares do mundo...

Um deles é mais que especial

Onde não se perde um segundo

De vê perto o mar ao natural...

Em certas horas, em todos os dias...

Em minha extraordinária morada

E que me inspiraram as poesias

De dia, de noite e à madrugada...

De frente para a extasiante beleza...

A gente se sente até importante

Sabendo que a sábia natureza

É a inspiração mais estimulante...

(DE TODOS OS LUGARES DO MUNDO - Edilon Moreira, Agosto/2024)

QUEM MAIS SABE DE MIM?

Quem mais sabe de mim...

Percebe meus seres amados

São flores num verde jardim

Beijadas por outros alados...

Quem mais sabe de mim...

Não torna-me um ser exilado

Sente do meu perfume jasmim

Que em tudo está impregnado...

Quem mais sabe de mim...

E quer-me ciente ao seu lado

Não cala-me por ser assim

Sigo no amanhecer amparado...

Quem mais sabe de mim...

E sonha comigo ou separado

Não crê que a vida é ruim

Mas ato diário que é celebrado...

(QUEM MAIS SABE DE MIM?) - Edilon Moreira, Janeiro/2016)

PARO

Eu paro para ouvir o vento...

E quando vejo o verde mar

Pois guardo no pensamento

Essa sensação espetacular...

Eu paro para observar o céu...

A cada estrela, o sol e a lua

Ao deliciar um pouco de mel

Ou rabiscar um verso na rua...

Apreciando a sábia natureza...

Com a sua exuberância maior

Que o Criador fez com certeza

Com tudo o que há de melhor...

Sempre paro para agradecer...

O rumo que tomou minha vida

O que ainda tenho pra vencer

Em cada lição não esquecida...

(PARO - Edilon Moreira, Janeiro/2023)

 O ORGULHO DO SER

O orgulho de ser humano...

O orgulho de ser diferente

A conviver no mano a mano

Com todos os tipos de gente...

Muitas lutas são travadas...

E outras... foram vencidas

E algumas... Estão enraizadas

Nos preconceitos das vidas...

Meu orgulho de ser profundo...

Outros... Se deixaram abater

Ao almejar um lugar no mundo

Onde é verdadeiro pertencer...

No mundo há grandes almas...

Também, há almas pequenas

As turbulentas e as calmas

As inseguras e as amenas...

Mas o sol... Para todos nasce...

Com o seu poder onipresente

E sobretudo sempre renasce

A aquecer o igual e o diferente...

O mundo nos mostra e ensina...

O caminho da boa humanidade

Só a praticando se determina

O que existe no ser de verdade...

(O ORGULHO DO SER - Edilon Moreira, Junho/2021)

SOZINHAS NO MUNDO

A vida é uma dádiva para todos...

Feliz é quem bem passa por ela

Se esquivando destes engodos

Que impedem que flua mais bela...

Envelhecer é uma forma de arte...

É o que se cultiva no sentimento

Contendo ajuste, algum descarte

Aprimorada ao passar do tempo...

Numa duradoura e sábia jornada...

Faz o trajeto ser mais prazeroso

Pois a alegria lhe é estimulada

Fazendo do dia o mais luminoso...

Algumas pessoas tem próprio abrigo... 

E outras... Migram para novos lares

Sozinhas no mundo correm perigo

Longe da dignidade dos seus pares...

(SOZINHAS NO MUNDO - Edilon Moreira, Julho/2025)

AS COISAS DO BEM 

Se a gente tivesse na vida...

Somente as coisas do bem

Veria uma estrada florida

Até mesmo onde não tem...

Com verdadeiras amizades...

Amor estocado no coração 

Desprovido das vaidades

De quem se atém a sermão...

Teria a felicidade plena...

O sucesso e o prazer

Sem precisar fazer cena

Para o outro se convencer...

Com os próprios desejos...

Com as sentidas carências 

Distribuindo infindos beijos

A quem tem suas urgências...

Todos somos únicos seres...

Nessa sociedade igualitária 

Cumpridores dos deveres

Com a resiliência necessária...

(AS COISAS DO BEM - Edilon Moreira, Abril/2025)

ME TRAVISTO DE POESIA 

Eu me travisto de poesia...

Sem manter desfaçatez

Para surgir à luz do dia

Como o Criador me fez...

Tenho um lado masculino...

Inerente à minha pessoa

Tenho um lado feminino

Que esvoaçante ressoa...

De duas partes fui gerado...

De um homem de uma mulher

E há muito sou emancipado

Para estar onde me quiser...

Cultivando a real amizade...

Ao longo deste caminho

Tendo a total serenidade

Até me tornar um velhinho...

(ME TRAVISTO DE POESIA - Edilon Moreira, Junho/2024)

ANTES QUE TERMINE O DIA

Antes que termine o dia...

Numa pausa para pensar

Sem que haja melancolia

Uma lágrima cai a rolar...

E nem é o momento triste...

É que chega a anunciação

De que a noite logo insiste

Quer também sua reinação...

Antes que comece a noite...

Eu aguardo a lua linda

A desfilar no pernoite

Uma lua cheia bem-vinda!

Um dia vai... Uma noite vem...

E entre eles... As tantas horas

E ao vivê-las, um bem se tem

Sem os aceleres ou demoras...

(ANTES QUE TERMINE O DIA - Edilon Moreira, Maio/2021)

ODE AO MAR

Foste o mar, inteiro meu?

Guardá-lo-ia num porão

Tal rara peça de museu

Que se paga a visitação...

Ou o poria num aquário...

Com a dimensão infinita

Em transparente cenário

Para tê-lo sempre à vista...

Livre fica do desmando...

De degradarem tua pureza

Em teu reino... O teu comando

A tua força, a tua destreza...

És, meu muso inspirador...

A versar encantável poesia

E em mim se transbordou

Na essência d'uma alegria...

Sob o sol que o ilumina...

Sob a lua em céu estrelado

Tens a exuberância divina

Em teu liquefeito estado...

(ODE AO MAR - Edilon Moreira, Agosto/2020)

SINAIS

Reparar no mundo...

Ler nos seus sinais

As tantas igrejas

Cheias de vitrais...

Reparar no humano...

Os seres digitais

Quanta exposição!

Somos só mortais...

Numa efervescência...

De coisas tão banais

Em bilhões de selfies

Em poses sensuais...

Mas já não se perca!

E ache os seus ideais

Cole as boas ações

Todas nos murais...

Volto à natureza...

E seus elementais

Há tanta pureza

Feita de portais...

Os maiores gestos...

São substanciais

Os melhores méritos

A quem for capaz...

Quem tem seus valores?

Guarde-os bem mais

Quem tem suas cores?

Mostre-as como tais

Quem tem suas dores?

Trate-as são vitais

Quem tem seus amores

Ame-os mais e mais...

(SINAIS - Edilon Moreira, Agosto/2016)

A PRÓPRIA SINA

Ando eu a passo curto...

Sem a pressa de chegar

E do tempo, nada furto

Tenho só o que me dá...

Já andei a rápido passo...

A quase o fôlego perder

Mas sem ser um devasso

Para arrependimento ter...

Fui até um pouco tímido...

E também desbravador

Este ciclo foi cumprido

E assim... Já não o sou...

Tive longas caminhadas...

Numa contínua solidão

Iniciadas e terminadas

A doridos pés ao chão...

E tudo veio a dar no mar...

Como recompensa divina

Vivendo sem me estressar

Escrevendo a própria sina...

(A PRÓPRIA SINA - Edilon Moreira, Abril/2021)

FOTOGRAFIA

Uma belíssima fotografia...

Revela um perfeito cenário

De que em tudo há poesia

E em tudo há santuário...

Paralisando o momento...

Do que está enquadrado

Não há poeira nem vento

Ou nada a ser lapidado...

É sonho ou realidade?

Uma dúvida fica no ar!

Beleza e sensibilidade

Encontra-se onde há...

Presente de grande mestre...

Que quis ofertar ao mundo

A arte urbana ou campestre

Num click se multiplicando...

(FOTOGRAFIA - Edilon Moreira, Março/2020)

NÃO SE PREOCUPE COM O TEMPO

Não se preocupe com o tempo...

Que cedo ou tarde passará

Às vezes em passinho lento

Noutras vezes a se acelerar...

Pois a vida tem seu cotidiano...

A gente representa um papel

Sem ter que ser vão, leviano

Só enriquecendo seu cordel...

Que é todo feito com primazia...

Onde expressa a sua verdade

Do que refaz ou do que cria

Estando distante da vaidade...

Se aceitando do jeito que é...

Vá abrindo as tantas portas

E resistindo com força e fé

O seu legado ninguém enxota...

(NÃO SE PREOCUPE COM O TEMPO - Edilon Moreira, Março/2024)

SALVA O MUNDO

A boa música salva o mundo...

Assim como o puríssimo amor

Algo traz que é tão profundo

Tal a uma chama ser o ardor...

Salva tudo e salva a todos...

Daquilo que for superficial

E não se utiliza de engodos

Com a pureza sentimental...

Música é boa quando arrepia...

E tal o amor te dá paz, acalma

Enquanto exala inerente poesia

Tendo conversa com a alma...

Quando vem doce ao ouvido...

Quando acalenta ao coração

Quando aguça lúdico sentido

Nos deixando sem explicação...

(SALVA O MUNDO - Edilon Moreira, Setembro/2024)

SONETO DAS HORAS RARAS

O soneto das horas raras...

Nasce assim num alvorecer

Por trás de grandes muralhas

Até ao ocaso se esconder...

Pelas geológicas falhas...

Há o astro-rei a percorrer

Abençoando as migalhas

Nas galhas a transcender...

A vida é obra inacabada...

Enquanto for lapidada

Restaura-se, o ser vão...

E que ao final da jornada...

Sendo pela paz guiada

Tem-se valor e estimação...

(SONETO DAS HORAS RARAS - Edilon Moreira, Junho/2020)

ESSA NOVA FAMÍLIA 

Saúdo a essa nova família...

Que difere da tradicional

Com sua eclética mobília

E seu amor incondicional...

Que também tem sua rotina...

Trabalho, educação, provimentos

Cedo começa... Tarde termina

Resistindo aos contratempos...

Composta por duas mães...

Noutras vezes por dois pais

Contendo as sábias lições

Com os sentimentos reais...

Onde impõe todo o respeito...

A gentileza e a dignidade

Fazendo valer o seu direito

De pertencer à sociedade...

Que nocauteia a hipocrisia...

Deixa a falsa moral na lama 

Munida também da empatia

Tudo ganha enquanto soma...

(ESSA NOVA FAMÍLIA - Edilon Moreira, Dezembro/2024)

SILÊNCIO

Silêncio para ouvir o vento...

Silêncio para ouvir o mar

E que num certo momento

Estão ambos a se cruzar...

A maré grande de março...

Beirando minha morada

Batendo forte tal o aço

No patamar da escada...

Chegando ao seu limite...

Já tem um novo regresso

E quem com sorte assiste

Nada paga pelo ingresso...

E o fim da tarde se vai...

E o dia finito também

E logo mais a lua sai

Digo eu: Amém! Amém!

(SILÊNCIO - Edilon Moreira, Março/2024)

O POETA

O poeta em versos escreve...

Sem saber quem os vai ler

E do seu íntimo só emerge

O que diz a um benquerer...

O poeta... Se sofre? É triste...

Nunca finge ter felicidade

A gêmea alma não existe

Que divida a cumplicidade...

O poeta quando está alegre...

A sua energia é empolgante

É necessário que a integre

Tornando sua vida possante...

O poeta é um ser sozinho...

Mesmo quando é ladeado

É o dono de único caminho

Onde transita o que é versado...

(O POETA - Edilon Moreira, Maio/2024)