O sangue que circula em minhas veias faz-me vivo, de modo que, vez ou outra, consente-me sangrar.
[Mas, não o faço]
De todo meio, a água potável que purga minha carne é a própria que saneia as impurezas do álcool, tabaco e coração.
Tenho tudo em demasia, não somente linfa e
nem exclusivamente vícios.
Estou atulhado de sujeitos, inconfundíveis eu's
vadiando o mesmo tronco.
Sou fulanos aqui, beltranos acolá
e sicranos quando me vou[...]
No entanto, à medida que me achego,
já não sou mais quais, ou quem.
É ábdito o que enxergo na sucessão de segundos, por entre sendas o encontro de todas mazelas - eis-me lá, a espreita!
Disponho-me a ruar veredas sem que ao menos a aflição da existência me tome pelo avesso.
E quando sinto-a vindo, de instante me aglomero: a meio de pernoitadas deleito em cochilos, e na alvorada o sol lança-me novamente todo um dia.
Nada me resta se não existir;
Se não sangrar;
Se não entregar-me dos pés à alma.
[Mas, nunca o cometo]
Mesmo em pelejas piso descalço à relva,
em algures de minha terra haverão de cavar meu covil:
a resído-o mais que qualquer outra coisa,
sou parte do teu céu
e um tanto de sua chaga.
Lá, nada a mim pertence [...]
sem embargo, vos sou de inteira.
Deixo a ética dos homens
para os que à mesma compreendem.
Tenho-os inteiramente em mim,
sou ávido a eles sem quaisquer intermédios:
porém com todo seu rancor;
sua ambição;
seu ódio;
sua guerra;
Desavenho com veemência de minha totalidade.
[Contudo, não me atento]
E nos devaneios de janeiro já vislumbro o nada,
a inquietude me consome a visão,
como se em cada ano fizesse-se
afogar-me em desgosto e
farto de mim mesmo.