Fantasia

Quando a solidão se afasta, vai embora
Deixa resíduos de saudade no ar
Volta a lucidez e a alma revigora
num suspirar forte de tanto amar.

No céu, estrelas, ao longe ofuscando
sob arranjos neutros de agonia
deixam na noite rastros me assustando
como um cometa que passa rumo ao dia.

Em consonância ouço vozes afinadas
de um coral de pássaros anunciando
que o amor me fez refém e confinada
a um coração que forte pulsando e, por ele, vou estar apaixonada.

O velho tempo que só me enganou
fazendo crer que jamais me iludiria
com práticas eficientes aportou
em meu ser e fez-me entender que viver
é simplesmente mergulhar em fantasia.

Márcia A Mancebo

Imagens

Sabendo que o tempo aos poucos vai embora
Reencontro com os meus sentimentos
Para matar a saudade das auroras
Que permanecem no meu pensamento
E as revejo como se fosse agora.

Amo essas lembranças dos anos bonitos.
Das manhãs rompendo com o sol dourado
Dando nova cor desde o chão até o infinito
Tingindo o mar, o riacho e o gramado!

Recordações que não saem da memória
O dia nascendo qual saudação
O sol iluminado este chão, minha história
Tão bela que ao recordar traz emoção.

Foram tantas preces fazendo pedidos
Que todo universo enchesse de luzes
Que todos meus dias não fossem perdidos
Envoltos em tristeza que a nada conduzem.

Benditas auroras que assisti na lida
Um deslumbramento que jamais esquecerei
Imagens gravadas fizeram — me ávida
Desses anos tão belos que aqui passei
Que eternizaram na mente e na vida
E como poeta em versos grafei!

Márcia Aparecida Mancebo
21/07/23

( Atividade do grupo Desafio Poético. Palavras: reencontro, saudade, saudação e pedidos)

Amor

Não sei com você, mas comigo acontece
Minha face cora ao falar sobre amor...
Pois, sinto que em mim o amor me apetece
E quando dele falo sinto um ardor.

Meus olhos ganham luz e fico tão calma
Recolho - me num canto só para pensar:
Aonde foi que guardei - te em minha alma
Só lembro de quando te vi aproximar.

E faz tanto tempo que estás em mim
Que o sinto um anjo sempre a me guiar
E tudo que penso espero o teu sim
Esqueci a teu lado meus passos trilhar.

Não sei por que coro e sinto um rubor
É grande bobagem querer esconder
Que junto a ti meu mundo tem cor
No meu coração não irei te perder.

Márcia Aparecida Mancebo

Frio e quimera

E a madrugada segue gelada
Não dá para ver a lua, sequer a rua
Névoas demais encobrem a cidade
Trazendo a saudade da mocidade,
da infância bela, cheia de amor!

O frio é tanto que cala o vento
Para meu tormento dói todos os ossos…
Também o que esperar nessa idade
a não ser dores no corpo e saudade?

Lembranças que levam adiante a vida
Ainda dá tempo de semear e regar
o plantio, mesmo, sem saber
se o verei crescer e florescer

Os olhos embaçam, o coração acelera
Vem à mente as primaveras floridas, perfumadas
A vida não passa de jardim das quimeras
Onde as manhãs eram belas e orvalhadas.

Márcia Aparecida Mance

( Homenagem a uma amiga querida da infância)

A ti, versos traço

Quando a tarde vai aos poucos embora
Vem à mente muitas boas lembranças
Uma estrela no céu nesta hora
me transporta para querida infância.

A saudade de ti, amiga amada
Esgarça a alma...fico a recordar,
conversas.. passeios pelas calçadas
e nos vejo felizes a brincar...

A lua iluminou momentos nossos,
Inspirou muitos planos para o futuro
E cada uma seguiu os seus passos.
Mas, estás no meu coração, te asseguro.
Irmã de alma, versos à ti eu traço.

Parece que vejo tua imagem sorrindo
Te abraço na imaginação sem tristeza.
Pois, a ti, levanto a taça e brindo
uma amizade sincera com certeza.

Quisera estar sempre a teu lado, amiga.
Saibas que mesmo estando distante
Por mim sempre fostes muito querida
Meu pensamento em ti, é constante.

Márcia Aparecida Mancebo

Melodia

No livro de minha alma algo está gravado
Com letras legíveis uma melodia
Que diz claramente do tempo passado
Como era bonito o raiar do dia!

Os raios do sol traziam a manhã
Dourando os lírios plantados no prado
Brilhando nos sinos chamando ao afã
Qual uma prece aos bem-aventurados!

Bela melodia entoava o sabiá
Saudando o sol ao amanhecer
Gravada em minha alma a canção está
No livro amarelado pra não esquecer.

Precioso escrito no livro da alma
Que segue comigo pela caminhada
Pra quando estiver cansada e sem calma
Encontre motivo a seguir a jornada.

Márcia Aparecida Mancebo

Imaginação

Caminho por estrada onde o céu é azul
E as flores da guia têm tanta fragrância
Que ao senti - la volto a ser a criança
Que um dia sonhou com mares do sul.

Eu soube que lá as ondas são tão mansas
Que o vento ao bater, doçura, espalha
Que a nau ao seguir parece que dança.
Nas águas do sul a praia é de palha.

Às vezes eu penso será que é saudável
Colorir a infância bordando o vento
Lembrar o passado de forma agradável
Qual joia lapidada a luz do momento?

É minha intenção amenizar a vida
Para distrair uso a imaginação
E faço dos instantes livres sem brida
Pra criança que habita o meu coração!

Márcia Aparecida Mancebo
16/07/23

Atividade do grupo  Desafio Poético 

(Atividade do grupo Poema que não tem fim)

Sussurro 

Silencia tua alma e ouve a canção
Pode ser que hoje seja a última vez
Quem me diz num sussurro é o coração.

Essa canção diz da beleza da vida
Do sonho que embala o amor desejado
Do céu, do mar, das flores e do prado.

Tua alma agoniza de tanta saudade

Ao ouvir a canção quando morre a tarde!

Márcia Aparecida Mancebo

Alfazema

A flor mimosa que enfrenta todo o inverno
E ao sol resiste no tempo do calor
Quando o sol em brasa parece o inferno
A flor mimosa mostra - se em esplendor!

É essa flor que traz pra lida o encanto
Pois é fortemente sempre agredida
Eu creio até que essa flor tem um manto
É encoberta pela própria vida.

Nem sequer o vento a rouba a beleza
É forte flor a emanar a ternura
É a rainha de toda a natureza
Ali no canteiro o perfume é doçura!

E quem a vê bela sempre garbosa
Ouve um timbre de pássaro cantor
Pois, essa flor, ah essa flor formosa
É inspiração para versos compôr!

Márcia Aparecida Mancebo

Estradas

A estrada que sigo oferece - me opções
Uma é de terra com flores silvestres
A outra é de asfalto e não têm ribeirões
Há carros, há motos e alguns pedestres.

A estrada se abre mostrando o caminho
A de terra tem grama co'olor das flores
Dá para sentir: não estarei sozinho
De longe ouço canto… pássaros cantores.

A estrada de asfalto toda revestida
Se escolher por ela seguir irei triste
Não vejo sinal de alegria, é sem vida.
Há árvores distantes e flor não existe.

Assim são meus olhos ao encarar o dia
Quais as estradas que vejo ao palmilhar
Depende da minha alma esta fantasia
Sou eu que escolho que estrada trilhar!

Márcia Aparecida Mancebo

Aonde se esconde?

Ele não aparece e não tira foto.
Sempre em seu cantinho parece criança
Há tantos anos eu cuido e o noto
Fala tão pouco, não tem mais lembrança.

Não sabe se é dia, se é noite com lua
Perdera a noção, não tem mais consciência.
Percebo que ao acender as luzes na rua
O incomoda quase perde a paciência.

Estica os braços, tomo sua mão
Toco sua face fazendo carinho
Encosto sua cabeça no meu coração
Para que sinta que não está sozinho.

Às vezes o olho e fico pensando
Aonde se esconde aquele homem lindo,
Feliz, inteligente sempre trabalhando
Com o tempo tudo foi descolorindo.

Um pai amoroso, sempre companheiro
Marido apaixonado, compreensível
Lutou tanto na vida, foi um guerreiro
Dizia : - no mundo nada é impossível.

No entanto seu sonho não concretizou
E os dias tão claros, que sempre, viveu
Aos poucos escureceu e tudo mudou
Se foi a memória e a vida esqueceu.

Mas é minha vida, meu amor eterno
E mesmo sabendo que não ter retorno
Seu olhar é vazio, mas acho tão terno!
A seu lado estarei jamais o abandono.

Márcia Aparecida Mancebo

( Somente quem convive com isso conhece a dor )

Sabiedade

Toda rudeza que na vida defronto
Co 'olhar de ternura dou logo um fim.
Não existe nada mais sublime no encontro
Que um belo sorriso nos lábios carmim!

Ali desse riso nasce tanta paz,
Tamanha harmonia na vida alcançada
Não há dureza que o riso não desfaz
E os olhos não vejam leveza na estrada.

Por mais que tortuoso seja o caminho
Ninguém está só se existe alegria
Sorrir para alguém é mostrar com carinho
Que ninguém é refém se tiver simpatia.

Um riso nos lábios é poder dos sábios
Que com sabiedade ensina viver
É um bem conquistado que adoça lábios.
Somente um sábio é capaz de entender.

Márcia Aparecida Mancebo

Paz

O que mais envaidece meu coração
É saber que uma paz levo pela estrada.
Caminho suave sem ondulação
Com seta aponta onde será a estada.

Onde poderei descansar minha alma
Onde será o lugar benfazejo
Que poderei com toda a calma
Satisfazer todos os meus desejos.

A estrada que sigo sem nada temer
Que a fé me conduz com sabedoria
Fé e sabedoria leva - me a crer
Que nesse trilhar só existe alegria.

E onde existe alegria há poesia
Nos arredores terei inspiração
Com o olhar feliz lembrarei belos dias
Que com muita paz escrevi uma canção.

Por onde sigo vou cantarolando
Apregoando a paz com quem encontro
Essa paz é um elo que vai moldando
Toda rudeza que na vida defronto!

Márcia Aparecida Mancebo

Pequenos detalhes

Somente um sábio é capaz de entender
Toda beleza estampada na vida
Entende co' o coração e pode ver
Os verdes prados que cruzou pela lida.

A cada curva vencida um ensinamento
Aprendizagem valiosa e sagrada
A cada passo dado a todo momento
Apreciou a paisagem da estrada.

Guardou cada instante com tanto amor
Para que um dia cansado de trilhar
Pudesse recordar o aroma da flor
E com seu perfume se extasiar!

Adquirir esse dom de se encantar
Não é difícil em plena mocidade
É assim que se aprende valorizar
Quão bom é viver com humildade
Ater - se a pequenos detalhes e amar
E ao reviver eternizar a saudade!

Márcia Aparecida Mancebo

Tempo invernal

Essa alma ingênua com tudo se encanta
E arrasta - me para longe do real
Levando - me a ouvir o pássaro que canta
Nesta manhã fria do tempo invernal!

Essa alma que vê em tudo somente amor
Intui-me a escrever o que está sentindo
Fazendo - me expor que na vida há ardor
Basta encantar-se quando o dia vem vindo.

Enquanto lá fora o vento persiste
Minha alma sussurra que há tanta beleza
No inverno, na neve que caí… Nela existe
gotas de cristais na bela natureza.

Diz - me bem baixinho que olhe o horizonte
Quando o dia surge com raios dourados
Derretendo o orvalho mostrando no monte
O verde enfeitando do rio ao prado!

Márcia Aparecida Mancebo
09/07/23

A vida

A vida é uma arena que me desafia
Apresenta instantes que passam depressa
Instantes recheados de alegrias
Que me fazem feliz e feliz à beça!

E toda beleza que a vida me mostra
Às vezes não dá tempo à apreciação
Olho tão rápido sem dar resposta
O tempo é curto pra minha atenção.

E como sou falha com pessoas boas
Que merecem carinho e minha afeição.
Mas a lida exige que eu não fique a toa
E eu deixo de dedicar a minha atenção.

Às vezes um gesto amoroso e nobre
Qual viço dos lírios que exalam perfume
Que ali perfumando o ambiente encobre
E eu passo com pressa com os meus queixumes
Sem notar que estou sendo desafiada
a cada minuto da minha jornada!

Márcia Aparecida Mancebo

(Atividade do grupo Desafio Poético)

Crianças

Há tanta verdade no olhar das crianças
Tamanha pureza em suas perguntas
São elas que dão ao viver esperança
E de mãos atadas caminhamos juntas!

São pérolas raras na minha lembrança.
Estímulo e alegria para minha alma
Parece que tem com Jesus, aliança
Ouvindo suas falas, sinto - me calma!

Para bem formá - las, alicerce é preciso
O mundo precisa de crianças boas
De olhos risonhos de faces com risos
De mãos que oferecem amor às pessoas.

Crianças, tijolinho de um belo porvir.
Joias preciosas, eterna poesia
Tanta ingenuidade há no seu sentir
São anjos que trazem à vida alegria!

Márcia Aparecida Mancebo

Aqueles dias…

O vento frio da manhã levou
a razão da minha imensa euforia
que ao longo dos anos com alegria
acumulei e, sinto nada restou!

Vejo uma escuridão pelos meus dias
e uma sombra de saudade voar.
Entristecida a vida está a escoar
pelo vão dos dedos, sem fantasia.

Fora para sempre aquela magia
que eu tinha para comemorar
o final da tarde e com vinho brindar
a noite e, adormecer em estesia!

Hoje, isso ficou longe distante…
Nada mais irá trazer novamente
a minha face antes tão contente.
Apenas a mente lateja constante.

As lembranças vão aos poucos se afastando
E as horas das madrugadas vazias
Trazem à tona a fisionomia
do amor que vivemos aqueles dias…

Márcia Aparecida Mancebo 14/08/19

Noite de inverno

O dia anoiteceu e a noite ganha luz dos postes da rua. O homem volta para casa após cumprir a tarefa do dia.

No céu, nuvens começam a se vestir para se esconder e no ar pássaros retornam aos ninhos.
Assim é a rotina da cidade nas noites frias.

Na rua o trânsito endoidece os transeuntes, os carros desfilam rumo aos seus destinos.
Pessoas voltam às casas a procura de aconchego.
Há também quem esteja fazendo caminhada mesmo com o frio

Nesse instante um raio de estrela cai sobre a grama verde de um jardim e todos pressentem que a madrugada terá geada.

Paisagem escura nessa noite fria de inverno. Tempo para capotes e gorros. Às horas passam e a rua fica vazia.

Apenas se vê ao longe luzes acesas nas casas. E a noite segue silenciosa e gelada.

Márcia A Mancebo
30/06/23