A peste veio me visitar
Minha mente em moléstia, margeia os gritos do meu silêncio
Sou pecado, eu sangro em diferentes tons, sabendo que, de sede vive meus tormentos.
A luz tem um lado tão escuro, a vela de sétimo dia queima, regressivo se torna os instantes.
Dou um gole na água empoeirada, e o tempo passa até para as portas que rangem sua idade.
Percebo em loucuras, o quão normal é queimar a febre, vomitar os sintomas de tempos ruins, e versejar o que só eu entendo.
A peste vem de madrugada, as baratas se alimentam na pia, algo me prende na cama, me sufoca em Lençóis e me apaga, como se eu já não soubesse de tudo.
Certas noites, cai em oceanos profundos, cada um com seu frio peculiar, futuros e desejos, mas meu vinho não salga quando afundo.
Levanto pra mijar, titubeando , e excitado
Ascendo um cigarro e agarro um lapiz, imitando inspirações de bukowski, mas escrevo na tela do celular.
Utilizo minha época, e meus demônios, para sentir que sangrando, tudo é real, tudo é leve e pesado ao mesmo tempo, lágrimas como chumbo, facadas como brisas da manhã, e por ai vai.
"Aquele amor morreu, só não consigo enterra-lo"
Estava escrito naquele papel
escondido debaixo das calcinhas, dentro de sua gaveta.
E ao ler aquilo, me senti pequeno
dos versos tão trabalhados que tento escrever
a simplicidade daquele, me deixou boquiaberto.
E ela sempre me disse que não era inteligente
que não era nenhuma poetisa
aquilo me fez pensar.
"Minhas palavras bonitas não dizem nada
são apenas ruídos escritos
letras antigas que ninguém mais entende".
Uma linguagem fora de época
tentando imitar e filosofar ,como gente que nem conheço
e mal dominando o português correto na boca.
Como posso passar meus sentimentos
descreve-los com palavras que ,já foram ditas por outros escritores
mas que só eu vivi?
Não posso usar suas bocas
para beijar as mulheres que irei amar na vida
e nem ver com olhos voluptuosos, de alguém que chorou por motivos contrários aos meus.
Seria como doar algo, sem ter para dar
amamentar os filhos, com amas de leite e água
crescer e se reproduzir , reciprocar
sem aquilo, com o que trocar
Lendo-a, percebi que meus versos são escuros
cheios de firulas , e que se esquecem de, me transmitir em suas linhas
são como dançar na frente de um cego, esperando aplausos fervorosos.
Confesso que ler aquilo, foi um tapa na cara
uma borracha em tudo, o que há de concreto em mim
achei maravilhoso, mesmo com a modéstia, de ser o protagonista
sem saber que cabia num verso só.
Fiquei extasiado e perplexo, admirado com a caligrafia
fina e solene , enquanto a minha é borrada, como receita médica
é tremida e mal compreendida, mas necessária para poder me dopar.
Senti em meu âmago, um estreitar de vontades escondidas
daquelas que temos, de engolir de volta a seco
lendo um verso final, se tornar o epicentro de coisas vividas
Tão puro e categórico, como ver o próprio cariz
trombar-se com o peso da negação
frente ao espelho... como eu fiz.
Lendo-a, me perguntei como alguém pôde me descrever
tão bem, melhor até do que eu mesmo?
a resposta estava escrita, em palavras de quem nunca quis
ser uma poetisa.
Então eu dobrei o papel, e fechei a gaveta
e naquele largo silêncio do quarto
eu renasci... de um texto de gaveta.
Pausar-me a mente não tens o dom
nem a navalha da tristeza
ó tristeza
não me tira o que é bom
Aqueles olhos verdes, que de noite é tão lindo
nem passos estranhos
de estranhos
deles indo e vindo
Não me tira o desejo medroso nos lábios
nem a garoa gelada e fina
que cai e te faz menina
dona dos meus sorrisos
Ela é pequena , de cabelos longos
mãos cheirosas...macias
em tímidas carícias
me abraça os ombros
e me faz perder
o jeito que tentei ser
a vida toda dura
até a chegada tua.
Minha pequena o que você tem?
que me prende em fantasia
como a canção que eu escrevia
esperando alguém que nunca vem...
até você aparecer.