Silêncio in vitro

Pulsa em meu peito esta palavra esborratando
Tantas folhas de papel onde depus um vazio
De versos insanos, latejando mórbidos e desnudos
Porque escrevo a saudade que sinto num ímpeto
De desejos levianos, safados sabendo a veludo

No caminho de volta reencontro o chanfrado momento
Imprimindo no teu ser todas as letras profanas que encontro
Na biblioteca das memórias urrando no láudano sonho
Onde me embebedo qual mata-borrão de amor sequioso
Estancando as hemorragias de um sonho baldio e harmonioso

E assim se conjectura a vida mordendo os padecimentos
Da alma em dores sem destino…sem ressentimentos
Augúrio de todas as melancolias inclementes perdendo-se
No vazio das palavras e gestos irreverentes

E os seres de nós que se perderam um dia apaixonados
Noutros caminhos decerto se reencontram instigados
Pelo chilrear do amor acontecendo no porão do tempo
Onde insemino in vitro aquele beijo unânime e rogado
Engravidando o silêncio sucinto que pressinto assim empolgado

No caminho de volta é tempo de calibrar cada emoção atrevida
Coligada num único momento quando nos entregámos recíprocos
Enfeitando a estática luz felina, hipnótica reerguendo todo o perfume
Conectado ao dia que se esvazia num pranto intimista
Camuflando cada sombra que se esgueira afagada…inconformista

Frederico de Castro

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Frederico de Castro

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Comentários

  • 3658096?profile=original

    • Rosas são sempre lindas...viçosas

      Bem hajas Maria, abraço poético

      FC

  • Mesmo estancando a hemorragia de um sonho, a hemorragia de palavras nos deleita num lindo poema. Aplausosssssss! Bjs

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