Um dia qualquer, de um ano qualquer, numa cidade qualquer, um menino com seus sonhos a via passar pela rua principal daquela cidade.
Ela vestia seu uniforme escolar composto de saia plissada azul marinho, de cós na cintura fina, de onde saia a blusa branca, alva, capricho da sua mãe. Nos braços cruzados nos peitos, dois cadernos e um estojo com lápis. Meiões brancos chegavam até os joelhos e seus pés calçavam um sapato de lona muito em voga à época. Entre os meiões e a barra da saia se vislumbravam uns dez centímetros de pernas alvas, qual pele de bebês... lisas, brancas... Até dava para sentir a maciez da pele daqueles inícios de coxas bem torneadas, mas que subitamente se escondiam por baixo da saia, só aparecendo nos braços cruzados. A face branquinha e rosada, parecia uma manga rosa madura. Seu cabelo deslizava pelos ombros em cachos ondulados até à cintura e a franja emoldurava o rosto redondo. Ela passava e não o enxergava. Na sua meninez só queria se divertir com as amigas a caminho da escola. E ele ficava lá olhando aquela menina que sempre lhe chamava atenção sumir na curva da rua...
Ela cresceu um pouco mais e saiu daquela cidade para outra e outra. Ele cresceu largou seu torrão e foi crescer na vida. Trabalho, casamento, filhos, carreira empurraram para o fundo do seu coração aquele amor de infância não correspondido que ficou guardado por décadas.
Como o destino apronta as suas surpresas ele a encontra com o advento da tecnologia em algo chamado rede social.
E, agora, é ela que o vê, que o enxerga e se aproxima. Primeiro, interesse pelo seu trabalho, suas poesias... E ela começa a amar o poeta por suas poesias.
E o poeta traz do fundo do seu coração aquele amor adormecido pelas diversas veredas trilhadas no decorrer da sua existência.
Ela cada vez mais o quer. Ele cada vez mais corresponde.
Ele realiza seu sonho. Ela pensa viver um sonho...
Pra você, com carinho, meu amor, minha vida, uma adaptação de SENTADO NO BANCO, de sua autoria, Virgolino Lima.
Te amo! Te desejo como você desejou aquela menininha, mesmo sem saber o que sentia.
Giselda Camilo - 21 de janeiro de 2015
(Nos comentários a poesia original, Sentado no Banco, do meu amor Virgolino Lima)
Comentários
Obrigada, Nieves! Os destaques sempre me emocionam. Bjos, querida!
Fiquei muito impressionado com a gama de informações do seu poema. Vamos prestigiar a exímia entrevista da poetisa Ivone Boechat!
Obrigada, SAM! Abraços.
Obrigada, querida Maria Angélica! Bjos.
SENTADO NO BANCO
Lembro da passarela que você desfilava
Da sua casa para o colégio
E eu sentado no banco de cimento da Rua do Juá
Vendo você passar
Linda, com sua saia acima dos joelhos
Que permitia ver o início das suas coxas
Sustentando seu quadril
Eu não sabia que era poeta
Mas cada passo seu já me dava um alerta
E ficava admirando seu caminhar
Que sempre tinha destino
Mas que destino longo
Depois de tantos anos
Por intermédio da cultura e da tecnologia
Ficamos amigos, amigos, amigos
Amigos que chegamos a admirar
A arte de cada um
Amigos que não se omitem em elogios
Que às vezes dá até calafrio
Nossa, como está ótima a nossa amizade.
Esquentou tanto que estou preocupado
Com você pegando fogo aí
E eu aqui sem poder apagar.
Mas tenho um compromisso
De tomar um café da manhã com você
Declamar umas poesias românticas
Que você escolha
E, assim rever seu rosto
Que há tanto tempo não vejo
Há pelo menos 38 anos
E sei que serei convidado com todo respeito
Aos poucos vou restaurando as lembranças suas.
Um beijo entre lábios
Do amigo poeta Virgolino Lima
Virgolino Lima - 21 de dezembro de 2014
Obrigada, Maria Angélica! Bjos
Que emocionante declaração de amor!
Amei!
Meus aplausos e admiração.
Abraços carinhosos.