O que se faz com esse voraz destino
Onde um menino, antes de ser, vira homem,
E sem crescer, a menina é uma mulher?
As coisas parecem ser o que não são,
E as pessoas, e as pessoas,
Onde estão?
Mundo inimaginável, mundo bizarro,
O escarro do homem sobre a semente do medo,
A intolerância nas conversões dos fatos,
E os fatos,
Apenas a interpretação individual dos atos.
Um mundo onde as pessoas usam sapatos
Porque não sabem aonde pisam.
Quais serão os seus retratos?
Que memórias levarão para suas lápides,
Além da insensatez e desatino?
Ora pudesse ser sempre menino
E amar uma única menina,
Na medida exata da coisa certa.
O universo é uma imensa porta aberta,
Mas insistimos em entrar pelos fundos,
Coitados dos Raimundos e Quixotes,
Heróis dentro dos caixotes...
Grande roda viva
E morta,
Que gira torta
Nos eixos do tempo.
Ratos e carrapatos,
Falta comida dentro do prato,
Falta a principal lição,
Onde uma única mão
Leva a educação
Ao que se chama futuro.
Atrás dos muros
Os tanques apontam para nós,
E nós, calmamente morremos,
Como se apenas o sereno
Cobrisse o os nossos corpos.
Lento como a sombra que desperta
Na madrugada de uma lua incerta,
Em um céu a descoberto
Que derrama estrelas sobre o mar.
Mário Sérgio - 12-11-2016
Comentários
Penso que tudo o que está aí, na sociedade, é criação do homem e para o homem, portanto cada um assuma as consequências de suas escolhas. É certo que somos usurpados dos direitos genuínos de melhores condições de vida, isto gera o caos social que vemos em tela, muita coisas poderia mudar se soubéssemos, simplesmente, dizer BASTA nas urnas.
Parabéns e belo domingo.
Parabéns, poeta, lindo poema. O homem sempre irá lutar contra os moinhos de vento... Infelizmente!!! Abraços, paz e Luz a você!!!
Um poema- manifesto frente à realidade tão deturpada e conturbada pela qual passamos ,onde valores são negligenciados em prol do progresso e do consumo imediato.Parabéns.Bom final de tarde