A viagem
Como combinara já há tantos meses, seria de tapete mágico, bem que minha filha sugerira que eu fosse num jatinho particular, onde eu teria toda a mordomia e a mesma independência, já que queria viajar sozinha. Não quis perder o gosto pela aventura!
Preparei tudo. Logo após o almoço, deitaria no sofá da sala de televisão como de costume, pedi que ninguém me incomodasse, encostei a porta, com a televisão ligada, baixinho.
Subi ao terraço, lá estava o tapete, lindo, persa, era fofo como um edredom com 20 cm de altura e havia o travesseiro acoplado, como eu exigira. Deitei de lado, imediatamente me vi vestida com roupas, calçados e luvas próprias para tal situação, até capacete e óculos, o tapete enrolou-se à minha volta e estava eu, num tubo que só se moveria quando eu dormisse.
Nada percebi, sonhei que estava num jardim, onde as flores se dividiam por cores, assim: um jardim branco, outro amarelo, azul, laranja, vermelho, roxo, matizado, os aromas, as borboletas, as abelhas e os beija- flores se intercalavam em torno de polens e mel. Estava entre embevecida e tonta.
O tapete abriu e estávamos contornando a torre Eiffel, depois passamos em tubo por dentro do arco do Triunfo, nos ouvidos os cantos das aulas de Francês de Itárica Ceotto e Nair: Frère Jacques, Au Clair de La Lune, La Marseillaise. Além dessas lembrei-me de Sous Le Ciel de Paris, em rodopios da valsa de Edith Piaff, Gilbert Bécaud: Et maintenant, l'important c'est la rose e mais.
O tapete me levou a uma voltinha por sobre os jardins do Palácio de Versalhes e me conduziu, magicamente à Galeria dos Espelhos, os jardins adentraram pelos meus olhos atingindo o mais íntimo do meu ser, arrebatada, ainda, adentrei a galeria, sem saber para onde dirigir meu olhar de encantamento, mas, feliz demais por realizar meu sonho de brindar meus 70 anos em Paris.
Como foi brindar? O tapete me levou a um Parque, se estendeu sobre a grama me ofereceu um Bordeaux, uma baguete, brioche e manteiga, num piquenique inesquecível, com uma das pontas o tapete ergueu seu cálice e Tim-Tim espalhou o vinho na grama para dar sorte. Já era hora de voltar, deitei-me de ladinho como prefiro, se enrolou em mim, adormeci e voltei ao terraço, a viagem durou cerca de5 horas.
Fiquei horas e horas, remoendo os acontecimentos, banhei-me e fui deitar, encontrei meu amor dormindo, mas o meu lado da cama estava coberto de pétalas de rosas vermelhas e bombons serenata de amor, mergulhei numa realidade perfumada e doce.
Comentários
Uma verdadeira maravilha, meus sinceros aplauso pelo maravilhoso texto
Parabéns, poetisa, poema lindo, maravilhoso, viver um sonho é o que nós poetas sempre estamos fazendo... E por quê, não sonhar? Abraços, paz e Luz!!!
Quis dividir com vocês, desculpem!
Feliz Páscoa!