Vão do silêncio

2092011?profile=original

 

Medi um quarto do tempo antes de dividir
Todo aquele silêncio acantonado na ampulheta
Das horas que escorriam pelo areal da vida

Subtraí do horizonte aquela luz que provinha
Da nossa solidão tão quântica e inamovível
Deixando no vão do silêncio um verso perene e irredutível

E abalaram os dias depois de tantas madrugadas
Que ficaram imóveis e intransponíveis fecundando
Cada sonho que se tornara prenhe e disponível

Multipliquei meu léxico com palavras francas
Circulando pelo imenso vocabulário implacável onde
Me desnudo em citações expurgando cada verso tão indevassável

É tão grande esta distância que nem meço mais cada
Rima que reaproveito agora, finda mais uma noite
Espicaçada, impreterível onde me acoito ineclipsável

Em cada centrímetro de tempo fogem-me as horas numa vertiginosa
Correria…quase imparável, vulgarizando aquele mílimétrico minuto
Ininputável e afoito que espremo num decadente segundo que finda inolvidável

E se pudesse ficava irremediavelmente algemado a tantas
Eternidades que povoam as profecias dos tempos inabaláveis
Viciava-me de vida…do principio ao fim, descomedidamentre inexorável

Ornamentava toda vida com coloridos cânticos enraizados num
Legítimo sonho que albergo, tão persuasor, tão indutor como a redenção
Indubitável que se materializa caudalosa, apreciativa e intocável

Reveladores se tornaram os tempos despenteando aquelas memórias
Que dilapidamos verso após verso, ficando cada hora em êxtase neste
Vão de silêncio quase indecifrável…tentadoramente prorrogável

Tão grande se tornou o vão deste silêncio que nem mais arcaboiço
Tenho que sustente as vigas, asnas e empenas desta solidão infatigável
Estatelando-se de vez essa ilusão onde aborto cada palavra gemendo imutável

As escoras apodrecidas pelo tempo cederam por fim e cada lamento cuspido
Num fio de perseverança, gestou meu verso num murmúrio quase prematuro,
Solitário, coagulando nossos seres maturos, num invólucro de lembranças que
Povoam agora todas as artérias das nossas simétricas e solidificantes semelhanças

Frederico de Castro

 

Votos 0
Enviar-me um e-mail quando as pessoas deixarem os seus comentários –

Frederico de Castro

Para adicionar comentários, você deve ser membro de Casa dos Poetas e da Poesia.

Join Casa dos Poetas e da Poesia

Comentários

  • Tudo belíssimo parabéns poeta
    • Obrigado Marso pela gentileza

      Abraço poético

      FC

  • Parabéns, poeta amigo, passei para deleitar-me na beleza dos seus versos. Meus sinceros aplausos. Sou seu fã. Abraços, paz e Luz!!!

    • Grato Ilario pela visita e constante amabilidade nesta casa

      Abraço e votos de dia feliz

      FC

  • Muito bela  poesia. Aplausos mil, nobre poeta

    • Obrigado Norma pela visita

      Bem haja

      FC

  • Poeta Frederico belíssima inspiração

    poética só me resta aplaudir abraço...

    • Muito grato pela sua mensagem Eudália

      Votos de dia feliz

      FC

This reply was deleted.
CPP