CINZA QUE FOGE
Sou apenas um homem que na vida transita,
Como fazem os dias, como fazem as horas.
Sou a cinza que foge, fumaça que levita,
Sou o eco distante de brilhantes outroras.
Sou um ente vencido que vive de lembranças,
Que em seus versos escreve como foi que sumiram
Sua verdade sentida, a sua fé, as esperanças,
As cancões mais amadas que já nunca se ouviram.
Sou aquele que sofre e que a vida questiona,
Que cansado e sem forças, claudica e desafina,
Que perdida a batalha as armas abandona.
Nada pois mais espero, nem posso mais lutar,
Sou a corda quebrada da velha mandolina,
Sou meu sonho fugido que naufraga no mar.
Juan Martín Ruiz
&
CINZA QUE FOGE
Sou uma mulher que, na vida, caminha.
Caminho só, como fazem as horas.
Sou a cinza que foge e não se aninha,
Sou somente um pó, ontem e agora!
Sou o passado vivo na lembrança,
Que estampa as dores num semblante triste
Por perder a fé e a bela esperança.
Sou uma melodia… a entoar persiste.
Sou aquela que, em silêncio, aguenta.
Sem questionamento, todo o sofrer.
Somente segue a vida, não lamenta.
Já perdeu tudo que tinha a perder.
Nas batalhas, só perdas, sem vitórias.
Não tenho mais forças para lutar,
Sou um alpendre quebrado sem história.
Vi o meu sonho naufragar no mar.
Márcia Aparecida Mancebo
12/06/25
Respostas
Juan, obrigada pela inspiração para o dueto.
Um abraço