Posts de Mena Azevedo Leite (397)

Classificar por

Hoje, borboleta!

Hoje, borboleta!

 

Permanentes discussões, anseios

Em machucados pensamentos

Emolduram a fronte caída

Que precisa reerguer-se e libertar-se...

 

Muitas vidas foram dadas

Sacrificadas, lançadas

Ao sombrio acampamento

Das ilusões perdidas...

 

Uma luz rompe o silêncio

E chegam ruídos de clamor

Que aceleram a transformação

Do ser nascente em vida plena...

 

Essa luz incide sobre sua cabeça

E, com a essência mais pura

Que reflui da embalagem que rompe

Leva-o a transpor a linha do horizonte...

 

E tudo reacende com a luminescência

Que transmuta o feio em belo

Na graça da criação que ensina a todos

Beber a taça do fel, para ser livre...

 

Mena Azevedo

Saiba mais…

Opalescência

Opalescência

 

A noite chegou sufocando o dia

E a natureza vestiu-se com a luz

Opala da lua que soberana invadia

As campinas, os mares, os corpos nus.

 

O que parecia melancólico e sombrio

Transmutou-se em roupagem azul

A esperança renasceu, o temor diminuiu

Não se ouvia nem o canto da urutu.

 

Essa é uma noite que se abriu na calma

Na opalescência da lua no alto céu

Trouxe enlevo à vida, seduziu a alma

Cobriu os corpos com azulado véu.

 

O’ lua que guarda segredos e secretos sonhos

Companheira dos amantes, afasta o desgosto, o tédio

E revolve os pensamentos mais tristonhos

Inundando-os com a sua luz, sem buscar assédio!

 

Mena Azevedo

 

 

Saiba mais…

Tua partida

Tua partida

 

Partiste numa tarde de inverno

Meu coração gelou, meu corpo ardia

Era o momento árduo, travessia

Doída ante teu olhar tão terno.

 

Na penumbra da hora, o crepúsculo

Entristecendo meu céu com a mortalha

Desferiu em mim golpe de navalha

E fez romper a noite em lusco-fusco.

 

Um anjo de bondade expirou

E uma legião veio ampará-la

Para levá-la ao céu e eternizá-la.

 

Mas a saudade intensa, meu amor

Conduzirão meus passos nessa escala

E viverei meu sonho cor de opala.

 

Mena Azevedo

Saiba mais…

A lua que amo

google imagens

A lua que amo

 

Sentar à janela

Perto da varanda

Centrada na lua

Para absorver sua luz...

E, na sua face nua

Sentir os raios que refletem

A saudade que mora aqui

Bem dentro de mim...

 

Tragar a beleza desse céu

Pontilhado de estrelas

Que brilham incessantemente

E ficar tonta de emoção

É permitir ir mais além...

É cavalgar à procura da paz

Montada nos raios prateados

Desse cavalo branco que me satisfaz...

 

Ouvir uma canção distante

E, nessa melodia que inebria meu ser

Poder retocar meu coração

Iluminado nesse instante...

É chegar ao gozo pleno do amor

Que passeia pelo meu corpo

Aplainando deslizes

Curando cicatrizes...

Mena Azevedo

Saiba mais…

Lua Cheia

Lua Cheia

Redonda a lua
que faz clarão
na minha varanda.
Recordação distante
da infância nutrida
de amor e esperança.

Doce saudade
que vem num relance
ao olhar para o céu.
Com o dedo para o alto
deixo escapar:
-Olhe a lua!

O mundo da máquina
nada sabe da lua
que ilumina outro mundo...
E a saudade me leva pra rua
com lembranças tão caras
num suspiro profundo.

Cantigas de roda, Boca de forno...
E a lua a espiar
as brincadeiras inocentes como as crianças
que brincavam de Esconde-Esconde.
E a lua entrava nas nuvens e saía...
-Olhe, a lua está andando!

Meninos e meninas
inocentes, mas traquinas
cantavam, gritavam, corriam.
O olhar inquieto acompanhava
a inquietude da lua
que entrava e saía das nuvens vazias.

Noite clara tão curta!
pra tão longas brincadeiras:
Chicotinho queimado, Pai Francisco
Cabra cega,amarelinha...
Que mais brincadeiras havia
No caderno de Lucinha?

Uma voz macia e calma
chegava até a rua...
-Meninos, é hora!
Era mamãe com seu desvelo maternal.
Olhares eram trocados
mas tudo era natural.

-E a corda, onde está?
Guarde-a para amanhã
porque, mamãe, não brinquei
de anelzinho e nem cantei
as cantigas de roda
nem meus versos joguei.

E o tempo tão bom
passava depressa
como o meu pensamento
ao olhar para o céu agora.
Onde ficaram as Cantigas de Roda?
A doce poesia do tempo de outrora?

Mena
Saiba mais…

A magia do sonho

A magia do sonho

 

Quero beber a magia cadente das estrelas

Imergir corpo e alma num sonhar divino

Sentir sua origem e glória para absorvê-las

Provar num só hausto seu mistério e fascínio...

 

Esse é um instinto que me acompanha, seduz

E me transforma com a visão da soberana lua

Ao ver seus raios no remanso das águas azuis

Que me fazem reviver a canção mais pura...

 

Cobrir-me com o manto aconchegante da floresta

E nesse momento mágico de reverência à vida

Contemplar o círculo universal em pleno êxtase

E, através das águas límpidas, sentir-me comovida...

 

Quero beber nessa hora a melodia, o ritmo, a beleza

De um sonho divino na dança romântica dos astros

Que navegam altivos pelo firmamento em realeza

E em cada segundo do sonho, ver o céu em alabastro...

 

No meu lirismo, senti meu espírito calmo, submerso

No eterno espaço onde moram as estrelas cadentes

Que vêm suscitar meu desejo nesse mistério imerso

Na aurora que me despertava em tons róseos ardentes...

 

Mena Azevedo

 

Saiba mais…

Noturno

Noturno

 

Dobram-se os sinos

Em tons plangentes

Numa noite em transe...

O vento sopra nas copas

E as estrelas cobrem-se

Com o manto negro

No espaço etéreo.

 

A terra recebe o ósculo

Das sombras densas

E é tudo nostalgia...

Não se vê um raio de luz

Projetado nesse espaço

Entre terra e céu

É a noite que chega.

 

Águas desabam em fúria

Pelas faces ressequidas

Em eterna solidão...

A vida, um isolamento só

Plasmada em obsessão

Alma, agora alagada

Por águas pesadas.

 

São águas que vêm

Do âmago do ser

Na solidão da noite...

O coração, à beira da falência

Tenta reerguer-se da dor

Que o sufoca nessa enchente

De lágrimas sentidas.

 

Mena Azevedo

 

Saiba mais…

Foi assim...

Foi assim...

 

Foi assim...

Que tudo surgiu na manhã cinzenta

Céu nublado, garoa fina e fria...

No sorriso das crianças, cheiro de menta

No olhar da mãe, o ânimo diminuía

E mais adiante o sofrimento aumenta.

 

Foi assim...

Num leito frio um grito de dor anunciava

O fim de uma história de amor à vida

O carro engolia a estrada, a esperança

Qual fio de uma teia de aranha, quebrava

E o choque de dor abalava a confiança.

 

Foi assim...

O vento soprava frio no coração

E via-se no rosto a nostalgia

Que perambulava pelo ar de emoção

E a torre da Catedral se desfazia

Num céu que era só consternação.

 

Foi assim...

Que a estrada se tornou mais larga

As horas pesadas não passavam

O coração como que ferido pela adaga

Da morte que adiante avizinhava

As crianças nada sabiam da hora amarga.

 

Foi assim...

Que o último suspiro aconteceu sem dor...

E uma centelha de luz logo arrefeceu

Na tarde inquieta de um sol sem cor

Para brilhar além do horizonte azul

Onde não se ouvem gemidos e pavor.

 

Mena Azevedo

 

Saiba mais…

A poesia viaja pelo céu

A poesia viaja pelo céu        

 

Vou teclando minha poesia

Com sentimento que arranco

De mim para expor minha estesia...

A vida é poesia que se manifesta

Na flor que em tantas cores desabrocha

 No jardim que faz desse colorido uma festa

No raio de sol que reflete na rocha

O poder da criação...

As estrelas e a lua são o calor

Que tem como grande tela o céu                                                   

A espalhar uma canção de amor

Louvando a poesia que nos astros encerra

Toda beleza que vem em simples oração...

Nos quatro cantos do mundo ela revela

Que o mundo é poesia e a humanidade

Mergulhada em dor, extasia...

Vai, minha poesia, levar tua mensagem

Para que todos os poetas bebam nos teus versos

O néctar do amor nessa inspirada viagem...

Mena Azevedo

 

Saiba mais…

Vestígios de dor

Vestígios de dor

 

A noite caiu morna sobre a terra

Num dia transbordante de mistério

O vento impiedoso como uma serra

Rasgava minha carne, sopro estéril...

 

Louca, saí de mim, vi espalhar

Sem a razão humana, sem opção

Crivado de desejos, turvo olhar

Segui, desafiei a solidão...

 

E a dor nesse universo da minh’alma

Convidava à miragem no deserto

E o vento arrefeceu, veio o oásis...

 

Ficaram os vestígios no corpo aberto

E uma luz reluzente em doce calma

Diluiu meu sofrer, sumiu em gases...

 

Mena Azevedo

Saiba mais…

A lua e o poeta

 

A Lua e o Poeta

 

Noite de luar, o poeta quer ir à lua

Montado num raio que entra pela janela

Quer revelar seus segredos, mas recua

Ante e distância que o separa dela...

 

Mas a lua mexe com o poeta

E não pode ficar tão distante

Desse coração que não se aquieta

Ao ver um simples raio de luar hesitante...

 

O poeta não dorme, vive em sonhos mágicos

E compõe versos de um amor em agonia

Ao captar sentimentos contidos e enigmáticos

Com o corpo e a alma em desarmonia...

 

As nuvens fazem do céu uma grande tela

Desenham imagens que impressionam o poeta

Enquanto a lua sorri para as estrelas

Numa noite em que o amor se manifesta...

 

E quando a aurora envolve a terra

A lua se esconde num róseo manto

O dia traz ao poeta a impressão que encerra

Todo sofrer e sufoca o poeta, o pranto...

Mena Azevedo

 

 

 

 

 

Saiba mais…

A chuva que cai

A chuva que cai

 

Lá fora chove

Chuva torrencial

Que forte move

Meu sonho real

Lava a calçada

E escorre em onda

Para a terra quebrada

Entra como sonda

Na alma da gente

Sofrida, encolhida

De tanto penar

Cai lá fora a chuva

E cai em meu pensar

Gotas de esperança

A mãe terra grita

Traz à lembrança

A imagem contrita

Desde a infância

A chuva cai em mim

E me lavo docemente

Colho essa água no jardim

Da minha vida sem flor...

 

Mena Azevedo

Saiba mais…

Nesse país, pobres guerreiros!

Nesse país, pobres guerreiros!

 

Pobres guerreiros sois vós!

Vós, homens e mulheres que lutais

E vos envergais ao peso da força

Do trabalho duro, mal pago!

 

Neste país fértil, fecundo

Há o desemprego, a fome

Há os que vivem a utopia no afã

De retomarem sua dignidade!

 

Pobres guerreiros sois vós!

Vós, homens e mulheres que sonhais

Sob este céu em noite iluminada

Verdes as estrelas brilharem!

 

Sonhais com a mente confusa

Em moedas de ouro caídas no chão

Quando ouvis a voz do Ângelus misturada

Aos gorjeios das aves no crepúsculo nascente!

 

Pobres guerreiros sois vós!

Vós, homens e mulheres que tristes silenciais

Ante o clamor das vossas crias que é murmúrio

Na noite... As estrelas estão distantes!

 

Mena Azevedo

Saiba mais…

Minha essência

Minha essência

 

Estrela que em minh’alma adormeceu

Em noite de luar brilhante e bela

Transformou minha vida, me aqueceu

Fez do meu viver gotas de aquarela...

 

Plena da essência nua que reflui

Do céu e chega a mim em doce cântico

Meu ser é só luz que me encanta e flui

Como aroma disperso em tom profético...

 

O’ Estrela que reluz, eterna luz

Projetada em arcos irizados

Mostrou-me com ternura o Rei Jesus...

 

Assim, nesse oceano, pleno amor

Deixei a minha cruz para fruir

Graça plena de Deus com mui fervor...

 

Mena Azevedo

 

 

Saiba mais…

A fome

A fome...

 

Pode parecer simples

Sentir fome a cada dia

Para aqueles que saciam

Sua vontade em abundância...

Estranha, angustiante é a fome

Que chicoteia o estômago

Numa angústia que desintegra

A carne e a alma sofrida

Do sedento e do faminto

Que enxerga abundantes searas

Numa miragem que trapaceia

Sua necessidade premente

De comer, de beber, de viver...

 Assim faz conceber nesse oásis

A terra onde germina a semente

Onde os grãos são colhidos por poucos

Quando são muitos os que sofrem

A fartura que está na mesa de poucos

Quando são muitos os que sofrem...

Deus da Vida, por que a sede e a fome

Estão tão pertinho dos teus filhos

Que transformam esse sofrer

Numa canção para afastar o sonho?

Nada apagará os vestígios

Trazidos pela dor daquele

Que tem seu coração ferido

E em cujas cicatrizes estão

A maldade e a ganância do mundo!

Mena Azevedo

 

Saiba mais…

A Lua

A Lua Vejo a lua no alto Prateada, cheia de luz Brilhar no céu infinito E tornar infinitos os meus pensamentos. Vejo a lua cheia, grávida de amor Derramar sua luz branca Em cima da minha janela E me atingir com seus refle
Saiba mais…

A chuva cavalga

Resultado de imagem para a chuva cavalga no vento e chega à janela

A chuva cavalga

 

Gotas tensas escorrem

Pela vidraça do meu quarto

Chegaram a galope

Cavalgando o vento

Que se dispersa aqui bem dentro

Do meu coração.

 

Na tépida calma

Sinto o hálito refrescante

Da manhã que chega

Sufocando a madrugada!

Olho o céu e as gotas na janela

Sozinha, medito...

E sinto jorrar em mim

Um silêncio acolhedor

Faço do meu corpo

Templo e altar...

 

E as gotas escorrem

Pela vidraça embaçada

Na manhã diáfana...

As nuvens se dispersam

E se despedem em silêncio.

O céu está claro, o sol desponta

E o dia sorri pra mim...

 

Mena Azevedo

 

 

 

Saiba mais…
CPP