Posts de Frederico de Castro (1262)

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Empreiteiro do silêncio

Abri o sobrescrito do silêncio e
Redigi entrelinhas a reconciliante emoção
Da madrugada memorizando a luz que
Agora desponta infinda, veloz promulgada

Abrigam-se os tempos em memórias idas
Esbatendo cada ilusão prontuária exorbitante
Missiva que suspira outorgada num poema
Quase fanático e desconcertante

Criam-se afectos desmedidos, dasvarios prenhes
De ilusões sedentas…alimento de tantas solidões
Espairecendo no ambulatório de cada sonho indigente
Perfumando e pigmentando a vida que se ajeita
Em comunhões de amor mimetizado e tão irreverente

Sequei as lágrimas caindo em prantos pelos
Silêncios imunes às solidões reincidentes, inexprimíveis
Emprestando ao descuidado coração uma melodia
Infiltrada de emoções fascinadas e inextinguíveis

Carrego agora na alma lembranças
De um silêncio em countdown deixando
As despedidas derradeiras apossarem-se
Do tempo que resta preciso inexorável subserviente

Erigidas ficaram todas saudades bordando o naperon
Desta existência costurada em lamentos dissidentes
Esbelto manequim trajado de elegância tão inconfidente
Emoldurando a vitrine das palavras mais estilisticas
Patrocinio de toda inspiração estética e linguistica

Soltou a noite sua luz fraterna imarcescível
Sibilando na brisa eterna e invencível
Raptando cada sonho pincelado numa oração
Fervilhando no vagar do silêncio terno e imperceptível

Frederico de Castro

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Arquétipo do silêncio

Palavras mal interpretadas amadurecem

o sonho que despenca num eco tolerante

umedecendo nossas vozes se enamorando

numa irrevogável liturgia apaixonada e exuberante

 

O curso do tempo é-nos beligerante profético

e quase universal

Alimenta o arquétipo do silêncio misterioso e afável

emanando de um desejo fulgurante ou de uma providente

doutrina de amor algemada à cordilheira de um desejo quase irracional

 

No exercício do amor é o povo como a maioria que

elege cada beijo sufragado à boca das urnas poéticas

proclamando o exercício de voto soberano, livre e absoluto

substantiva soberania onde arquitecto cada lei anárquica

prenhe de criatividade deliberativa e pragmática

 

Neste silêncio platónico em que resido vislumbro na noite

uma trégua no tempo palpitando qual oração ajoelhada

no púlpito do amor intratável contemplando e maturando

toda a fé que alimento totalitária e irrefutável

Frederico de Castro

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Às portas da solidão

Num assomo estrondoso acorda o dia
Ninando cada torrente de luz ondulando
Breve, enxaguando toda onda à deriva
Que pranteia numa canção feroz e electiva

Escorre pela garganta dos silêncios
A solidão de uma onda renegada
Adormecendo ternamente o leito onde
Todas as quietudes embelezam aquela
Brisa emplumada macia…recém-chegada

Correm pela noite os odores impotentes
De tantas ilusões pertinentes
Arrebitam depois as saudades regando
As mesmas memórias diluídas em tantas
Gigantescas histórias coniventes

Deixei incendiar meus pensamentos numa
Ira desmedida abrigando a voz que se esvazia
Num eco subtil entreabrindo as portas à desinteressada
tristeza que em mim habita carente dissimulada

Frederico de Castro

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Amor eclético

Como antídoto da alma
É o argumento de uma lágrima
Rolando pela face do silêncio
Espelha somente aquele abandono
Vago, pensativo de um pranto síncrono
Ronronando no seio deste destino tão uníssono

Formidável será enxugar-te o lamento
Que paira entre a nebulosidade do tempo
E a atordoante noite anexa ao recorte sensual
Dos nossos entes tão usufrutuários
Mais que imaginários…perpetuando-nos hereditários

Pode a luz iluminar o esqueleto das minhas
Palavras vãs…enterrando o esguio tendão
De um verso onde reequilibro o musculo
De todas as articulações verbais qual abdução
Sinótica e promiscua vagando na antecâmara
Do silêncio minguante, orgânico em reprodução

A escuridão é afoita…quase hipocondríaca
E repugna-me tantas vezes a solidão que se acoita
Opaca na osmose dos tempos em reclusão
Vertendo seus lustrais encantos à manhã que venero
Brandindo a haste da vida incrustada na minha desilusão

Na multiplicidade das cores e tons universais
O destino qual presa fatal agoniza sem pátria
Materializando nosso mundo feito de estalactites poéticas
Deixando incógnita as intermitências do amor derradeiro
Sustentado nesta bioquímica de vida estilística e ecléctica

Frederico de Castro

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Como uma onda

Renova o dia sua face desmascarando
O rochedo espantado no ancapelado mar
Embalando com elegância o vento repleto
De uma beleza encurralada na madrugada
Que desponta com tamanha exuberância

Como uma onda na manhã reverbera o dia
Sustentando a luz claudicando na sombra
Passageira esquadrinhando o tempo atento
À insónia que ciranda nesta solidão derradeira

Acerto os ponteiros ao tempo e deixo cada
Hora seguinte imergir na enchente dos meus
Sonhos litigantes e cheios de requintes
Estreitando um abraço reincidente e ofegante

As lembranças de ontem sei-as de antemão
Desordenadas ficaram todas em contramão
Que desilusão esta a minha colhendo cada
Lamento orquestrado com timbres de uma canção
Selecta extravagante …em prostração

Deixo a alma deslizar neste rodopio quase
Vertiginoso da vida
Calço o caminho penitente afecto a esta
Existência embriagante, renitente manuseada
Com exagero ansiando-a até com tamanho esmero

Esguios chegam nossos sonhos rugindo
Aos pés da manhã
Virão quase desmoronando, unindo as asas a cada
Silêncio esvoaçante surpreendendo o lúdico olhar
Onde planto o miosótis dos amores pujantes
Respirando o subtil perfume que sangra
Nesse jardim onde te revelas deslumbrante

Frederico de Castro

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Versos afrodisíacos

Expressiva caminha
minha poesia encarcerada nas teias do tempo
Redijo com sofreguidão todos os meus lamentos
com adequado fervor alimentando a adrenalina que
escorre pelas nuances afrodisíacas da noite malabarista
enfeitando a colossal ilusão tão arisca

Ausentei-me hoje lastimando nossas displicências
espreitando a louca correia  na peugada
dos abraços que me espoliaste em tempos
de silêncios surdos renovados continuamente
até que sinta de novo cada sóbrio lamento emergir
num eco sem dor …prevaricador, exaustivamente

Embebedei-me desta minha conflitante escrita tantas
vezes coagida e intolerante
Aliciando a frígida manhã corroendo, todos os despertares
efusivos…fragrantes
embebedando-me devagarinho assim…aliciantes

É tempo de redimir cada desejo revigorado e delirante
Acatar os atos de amor que vislumbro num abraço
Implícito e suicida algemado ao calabouço do silêncio
Flébil que desnudo num açoite quase fratricida

Ó insana saudade subvertida
quis somente ser poeta compulsivamente
dar o endereço da morada
à loucura
fazer do tempo uma doença
sem prognóstico
Esquecer-me de tudo espontaneamente

Fiquei desterrado na solidão
sem pátria sem bandeira sem ilusão
As nossas disputas estóicas, atrevidas
perdem-se na melancolia das palavras ávidas
e comovidas, alimentando
a líbido do tempo perfumado onde
geramos um sonho rugindo desinibido e consumado

Indomável silêncio este onde se revelam
todos os enredos da existência tão frágil
Revelando o cronograma de cada hora espúria
correndo em debandada
Solitário devaneio selado na escuridão da noite
laboriosamente promulgada

Acalentam-se as sombras deixando uma cicatriz neste
poema que descarto sílaba a sílaba qual morte súbita
onde repousa todo o perfil esplendido da vida
que se desembaraça radiante na balsâmica manhã
dispersa…empírica nestes meus versos incoercíveis
iniludíveis, intransmissíveis

Frederico de Castro

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Além da luz

Ao encontro da luz…além dessa luz onde acendo

com prazeres apaziguadores o espantado

naipe de volúpias despontando como catalizador dos

silêncios vestidos de ecos aconchegantes e avassaladores

 

É tempo de receber cada lamento saltitando no platónico e suave

desejo de amor  aqui despontando com candura cavalgando na síncope

das batidas cúmplices em corações exultando hegemónicos sentindo

o sentido titânico em cada abraço crónico inteiro ergonómico e ousado

 

Eterno e confidente será sempre meu silêncio até reencontrar

essa luz saltimbanca que ecoa  aplainando todas as neblinas dos dias

esquecidos e atados à visceral ilusão que naufraga num verso emoldurado

numa brisa matinal…guarnecendo até minha solidão tão unilateral

 

Assim podemos, desejar, seduzir ou cortejar reencontrando a síntese

de cada tempo verbal onde extravasamos todo o silêncio colateral que reabastece

o cantil dos sonhos desenhados pelas sombras galvanizadas nesta utopia subtil

de um verso onde te desvendo numa trigonometria de beijos tão gentis e voláteis

Frederico de Castro

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Intermezzo

Esvai-se a noite acalentando a madrugada
Que se apronta ostensiva
Esfumando-se num véu de luz primaveril
Coabitando a viciada beleza que desponta
Ocasional e febril

Deixo o rasto dos dias seguir paulatinamente
Ludibriando cada momento infinito que rastreio
Em solidão…simples anatomia das palavras
Condimentadas com minúcia qual pantomima
Deliciosa habitando-nos assim graciosa

Sobeja no tempo um parco silêncio num amontoado
De escombros infecciosos esfacelando cada
Lágrima austera embebedada com lamentos
Desinspirados, emocionados..arguciosos

Deixo no intervalo da noite uma partilha de
Afeições domesticadas
Ancoro a alma adjudicada ao último suspiro de vida
Bordada em cada silente momento de paixão
Migrando no silêncio em luto, conciso… instigado

Frederico de Castro

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Réquiem para o silêncio

Escalar o tempo degrau a degrau
Subir todos os sótãos do silêncio
E pernoitar no vão dos sonhos
Ancorados às aduelas da vida

Retemperar todas as lembranças
Descobrir atalhos pelos caminhos
Da existência perene aplainando
O corrimão do tempo capitulando

Amparar cada lágrima repartida
Entre um diluído desejo decretado
E o provisório amanhecer despoletado
No requiém do silêncio detonando embriagado

Converge em cada súplice alegria dissimulada
Um eco emparedado nos sonhos mesclados na
Essência excitada de um gemido selecto e inusitado
Despindo as ânsias que vadias vagueiam ancoradas
Em beijos endoidecidos e embriagados


Frederico de Castro

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Quem foi...?

Quem foi que estabeleceu os limites do conhecimento

Aprontou para a noite um jantar de silêncios luzídios

desnudando o cadáver do tempo mais avarento

vibrando pelas cantarias sedimentadas de um sonho

retratado no êmbolo da solidão quase inantingível?

Quem foi?

 

Quem foi que entre os pingos de chuva

traçou a regra e esquadro esta esperança inolvidável

alimentando a esquadria da vida

retratada com a eloquência de um beijo requintado

com sabores intemporais e irrevogáveis

Quem foi?

 

Quem foi que domesticou os ecos florindo

pela janela do tempo

Coloriu cada gargalhada pintada, pulsando

no catavento das minhas inqueitações

Retratou a boémia dos sonhos rebelados

embalando as celestiais palavras quase

inimputáveis…purificando a alma

escondida na gare das minhas

mais selectas divagações

Quem foi?

 

Quem foi que lustrou minha prece

chocalhando na religiosidade das horas

incertas, vagando na esclerose do tempo

emulando a fé que resiste, ávida desperta

Escudou este poema que afago qual

epistemologia de um crer sem dógmas

ou doutrinas que o amor liberta

Quem foi?

 

Quem foi que incitou meu silêncio

Calou cada ilusão que ostento

Licitou a verdade deste advento

mascarado com a poesia que acalento

Emergiu nos meus sonhos com tal

sede infinita ardendo no aveludado pranto

lacerando os gestos e gemidos num feliz acasalamento

Quem foi?

Foi somente a ténue manhã esvanecer-se

triste de contentamento, arfando, arfando

crente como a altiva lágrima que velo

dia a dia qual heróico desejo assim hibernando

Frederico de Castro

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Praia sonolenta

Uma onda que se espraia beijando a maresia
Do tempo que se afoga numa iminente parusia
Enrola na areia a espuma perfumada de tanto, tanto
Navegar até que as águas se eclusam num verso fecundo
Ludibriando a tez dos meus silêncios enchendo o mar
Que todo mar depois revoga trespassa e difunda

Quebra-se o mar em partículas
Oceânicas de amor que trafegam livres ondeando
À socapa pelas rotas marítimas refinando todo o
Desaguar de um lágrima que se diverte bolinando

Consumada a despedida fito o horizonte quedo
Onde o poente agora se expõe ígneo e ledo
Embelezando a matiz estética Atlântica onde
No teu Pacífico leito me acomodo qual sintonia de
Amor despertando nesse Índico excepcional e quântico

Entrelaçada à noite cautelosa que fecha a cortina
À glamorosa luz teço de mansinho um ondulante
E ululante verso amarando as margens do nosso mar
Desembarcando num veloz e excitante beijo vagante
Que marulha em cada onda que namoro risonha e ofegante

Frederico de Castro

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Olá como antes...

Vi a serenidade escoltar e sorver a noite

que habita em nós na perenidade do tempo

E tal como antes os meus beijos

sei-os são verídicos…procurando-te épicos

ansiosos, orgânicos… fatidicos

 

As interrogações deixei-as plantadas

no compromisso das nossas afectividades

memórias que ficaram imunes e subjugadas

no aval de silêncios sensuais vagabundeando

de contentamento assim neste mar de virtualidades

 

De surpresa em surpresa alcanço a plenitude

dos sonhos enamorados erguendo um surto

de paixões onde despejo um manancial

de beijos cada vez mais em ti entrincheirados

 

Como antes a teus pés deifico minha fé

Arrecado em oração todas as preces que

ficaram escritas no Evangelho do amor

madrugando no angelical silêncio agregado

a todas as esquinas desta vida onde me sacio

amparado nas tuas aparições fugazes e embriagadas

 

O hálito dos jardins proíbidos refastela-se

na grávida e branda manhã fecundada na osmose

quântica dos tempos

deixando ali na períferia da vida o naipe de prazeres

que te entrego de bandeja dragando os vícios

e mistérios fantásticos semeados na solidão deste destino

extinto…quebrantado, ecuménico…retórico e tão pacifico

 

Deixo-te o meu olá como antes…

Adormeço com afectos quase dispersos

o réprobo lúgubre de um verso volumptuoso

se despedindo ileso interminavelmente converso e gracioso

Frederico de Castro

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Desmascarando o tempo

Tenra nasce a manhã harmonizando
Cada galho de tempo primaveril
Colhendo aquela subtil cor que perfuma
O cardume de sonhos rompendo pelo
Peitoril da vida generosa e febril

Sussurra-me o tempo numa cruel e imparável
Fuga pelo tempo
Agigantando os devaneios sentados à penumbra
De um silêncio viril e indecifrável

Esmerou-se a noite despindo-se em fatias de horas
Lânguidas bailando na indigente escuridão que jaz
Agora olvidada, insaciável…insuperável
Mordendo os calcanhares a cada sonho escapulindo
Neste instante de tempo correndo…correndo inexorável

Desmascarei por fim o oxigenado momento da vida
Onde deambulo desbravando a milimétrica hora
Magnificente orquestrando os destinos de um desejo
Minucioso gerado, corroborado…auspicioso

A alma por fim escudou-se no baú das minhas saudades
Fertilizando cada memória cativa habitando o afrodisíaco
Desejo mais ritualista dissimulando os seres que se geram
Excêntricos graciosos telepáticos e maníacos

Frederico de Castro

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Há dias assim...

Um dia assim chuvoso, frio, sereno…astucioso
Despe cada nuvem num aguaceiro de sorrisos
Perfumados abrindo os cílios à manhã que desponta
lenta e preguiçosa ante os aplausos de uma plateia de
chuviscos forjados no tempo que em euforia toda a vida
abençoada…fecunda regurgita e despenteia.

Há dias assim criando seus afectos
desabotoando um adeus que cessa na despedida
que se apressa
Um olhar lúcido e pacífico quase indigente alimentando
o canto ateu que morre impregnando o ego do silêncio
com tristezas que a vida nos arremessa

Há dias assim, infiltrados de subtilezas
Submissos, inquietos coalhando o tempo
Com gotículas de solidão sedimentando
Cada lágrima caindo nua no meio da multidão

Há dias assim acontecendo inoportunos
Voláteis, esboço de tantas despedidas convictas
Ingeridas num trago de sabores fraternos alimentando
O condomínio dos meus prazeres mais profanos

Frederico de Castro

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Sopro no tempo

O silêncio descobre-se a si mesmo

pernoita em cada eco do tempo

inflamando a noite que arde de tremores

folheando as melancolias semeadas

nesta solidão alimentando os sonhos

numa citação de beijos tão mitigadores

 

As sombras da luz iludem até o dia fenecer

Curvam-se perante a madrugada saltitando

em cada sopro de tempo galanteador que se

equilibra em extase num abraço fitando o breve sorriso

que deixaste no meu ego expectante e conspirador

 

Lá em cima sei como os céus apartam suas

nuvens para teu ser a mim se algemar

adocicando a pluviosa gota de chuva

irrompendo no silêncio palpitante

insensato, imaginativo…expectante

 

Deixo nos jardins o perfume que as rosas

de ti exalam

semeando a seiva de um sorriso quase bêbado

destilando toda a essência contida na ululante

demência de um audível  eco desmascarando

um beijo congeminando incitante

 

Com o tempo deixei coagular a luz que desponta

nas veias deste silêncio

Alimento as artérias do amor devorando todas

as anemias aflorando o hematócrito desta vida

escorrendo entre as moléculas do tempo e  aquele

exuberante sonho hemorrágico e proscrito

injectando no venoso dia itinerante o sopro de luz

que morre assim indómito e furtuito

Frederico de Castro

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Osmose perfeita

E ali germina a solidão
Calada, satisfeita
Caiando o túmulo do tempo
Onde construo cada ilusão matreira

Ali queimei todas as sombras da existência
Lancei suas cinzas exaustas fugindo na
Miragem concisa da noite onde te devoro
Assim definitiva sem complacências

Despi a cada dia todo meu permeável sonho
Fundindo-me numa osmose quase perfeita
Tiritando entre a odisseia secreta de uma paixão
e a paisagem esgravatada numa palavra tão intuitiva e suspeita

Deixo minha biografia confinada a um poema
sem identidade alimentando cada sonho embalado
pelos véus matutinos de um dia castrado de sensualidade
cicatrizando todo silêncio maquiado de criatividade

Frederico de Castro

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Esculpindo a imaginação

Acende-se o dia depois da noite

que se perdeu num olhar perfumado

ferindo cada gomo  de luz contemplativo

bruxuleante algemando o tempo resignado

e tão apelativo

 

Soltam-se então outros murmúrios

escondidos no laboratório dos meus lamentos

enquanto sorvo deste silêncio o balido delicado

de um sorriso proliferando entre olhares de acasalamento

 

Ficou só minha tristeza

numa mísera agonia alucinada e obcessiva

Decretei às solidões da noite o exíguo momento

onde alimentamos com preces despidas

as saudades embebidas nas arestas do tempo

regurgitando precocemente ressarcidas

 

A harmonia do tempo em fuga

tatuou nos meus versos aquela rectangular

existência onde nos envolvemos

morosos, loucos, desalmados

incendiando a nudez dos silêncios

quase inúteis onde engavetamos

os desejos quânticos e sintáticos

num brutal silêncio ferozmente consumado

 

Na substância dos dias mascarados de prazer

hei-de habitar-te esfaimado

Cogitar um sonho onde os gestos

se confundam no écran do amor assim

satisfeito e velado

Profanar-te as sombras quando te

revelas,ávida, exaltante

ininterruptamente arrojada e radiante

 

Todas as ausências se tornaram como

desertos ressequidos

exílio de muitas saudades devorando

sílaba a sílaba minha solidão acocorada entre

destroços e lamentações assim alastrando

 

Na arena do tempo soltam-se os gladiadores

de todos os coniventes momentos estoicos

reconstruindo o anfiteatro de cada paixão

num etrusco heroísmo legendando a iconografia

de um combate esculpido e arquitctado

na semelhança da mais fiel e prodigiosa imaginação

Frederico de Castro

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O que mais importa...

O que mais importa são as

tranquilidades precisas e absolutas

São exactamente o áspero e efémero grito

que transborda no meu prolongado silêncio

alimentando o clímax de palavras

matematicamente resolutas

 

Todas as resignadas realidades são-me

uma tentação quase submissa

Pavimentam com soluços e desejos os cânticos

de amor encabulados ajoelhando-se ante

a sonâmbola fé astuta e tão remissa

 

O que mais importa

é a felicidade quando clandestina que se

disfarça no núbil tempo onde acasalamos

nossas paixões umbilicais…repentinas

Vive-se, acredita-se, harmoniza-se

de forma quase insana e fidedigna

 

Este é o meu lugar secreto onde escrevo

todas as minhas acrobacias de amor

Onde faço piruetas com os silêncios

desiquilibrando ecos

descobrindo aquele saltimbanco tempo

em ruínas unindo todas as transversais

palavras estateladas na avenida das

revelações bailando intemporais

 

O  que mais importa

é ver a noite deseluminar o dia

ruminando cada gomo de luz utópico

que regurgito nos intervalos do tempo

onde ficaram adormecidas e seladas

as ilusões  incitadas e erguidas

no estandarte das profecias

tantas, tantas vezes num beijo supridas

 

Fantástico este tempo onde coloco

no mastro das ilusões cada

instante perdulário repousando

na fiel aventura tão tamanha

dormitando na faceta robusta do tempo

onde se povoam as palavras imprevistas

coligadas lacrando aquele abraço secreto

adulado no ócio de um desejo sempre irrequieto

 

…o que mais importa sei-o expande-se assim num beijo

deslizando pelo teu ser que em sonhos um dia arquitecto

Frederico de Castro

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Feudo dos silêncios

Percorri a noite dissimulando meu ser
entre as sombras e as sobras de uma solidão
que chega penetrando na timidez de minh’alma
convertida num feudal momento do tempo em reclusão

Assentei por escrito todos os versos despojados
Converti minha existência demolindo cada prece semeada
numa oração onde descortino o anonimato da fé brotando
e vadiando na alvorada que chega derradeira e emancipada

Lembrei aos ventos como era bom contemplar a chegada do teu
perfume abrigando-se na dócil sacada dos meus sonhos engendrados
sílaba a sílaba até se despir pra sempre o sopro suícida
dos nosso entes perdidamente enamorados

Foi tempo de espiar a madrugada desembrulhar gota a gota
a esguia sombra que rompe no dia incrustado em mim
Deixar a noite convertida ao eco de cada silêncio persuasivo
desenhado na esfíngie de um sonho gritando cativo

Frederico de Castro

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Alicerces do amor

Valsam subtis ilusões ali no semblante
Do teu olhar enquanto boquiaberto o silêncio
Madruga fascinado cintilante rompendo cada
Lamento num looping de desejos acutilante

Vasculhei a púrpura manhã nascendo versátil
E apressada beijando os suaves gomos de luz
Cumprindo aquele horário matutino num laivo
De esquecimentos engolidos pelo eco forjado
Na nudez poética tresmalhada…quase obstipada

Sumiram por agora todas as lembranças mais tenazes
Deixando a métrica destas rimas imparavelmente
Dissociadas de cada letra apaixonada lambendo
O néscio e esboroante tempo dopado literalmente

Chegou a hora de enfeitar as despedaçadas
Memórias vagabundas e reencontrar cada distância
Mais rotunda, aplainando a barafunda de abraços
Embebedados com gargalhadas fecundas, turbulentas
Alinhando na maratona final de metáforas
Cortando a meta, desfalecendo nos teus braços…opulentas

Nas andanças do meu silêncio pavimento cada alicerce
Do tempo com vigas de amor armando as sapatas dos
Sonhos onde descansam os pórticos das saudades,
Os pilares da poesia, fundação estrutural assente
No edifício sedento de um amor concreto…latente

…ver estrelas a dois e depois…imergir nelas numa noite que
seja cordial e conivente

Frederico de Castro

Saiba mais…
CPP