Posts de Frederico de Castro (1262)

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Presídio de mim

Recordo tudo com a memória

vinculada em mim

Engaveto saudades em prateleiras

disponíveis no passar dos tempos

- Faculto à liberdade todas as

algemas onde imponho

cada presídio cativo dentro de mim

- Deixo pra outros uma

parcela de futuro

onde não cabe mais

a centelha de tempo passado

enterrado…prematuro

- Deixo-me saborear em cada maré

sorvendo a maresia

renascida no invólucro do tempo

apressadamente renovado

desbravando cada madrugada

ao teu jeito… nesse vai e vem

cavalgando nos acordes do destino

que tão aconchegado a mim

acalenta e anestesia

- Escuto nos ventos

outras badaladas em

cada hora onde vago

esmaeço felizes e irrequietas

memórias

deixadas na colecção dos

murmúrios virtualmente

escritos em cada inescrutável

momento da história

- Fugi para sempre

e nem endereço te deixo

sei somente onde plantar

cada detalhe inesperadamente

tatuado na doçura de um sorrido

tão crucial…tão tacitamente

-Perpetuamos instantes

deixando nossas indumentárias

vaporizar-se furtivas

rasgando a noite

com céus adornados de desejos

simétricos, intuitivos

conspirando por entre sombras

desta vida se escapulindo

em versos renovados na amalgama

de tantos abraços que deixei

expontâneamente quase,

quase de improviso


Frederico de Castro
Saiba mais…

Sombras manietadas

 

Soltam-se as sombras

no lajedo do tempo que

foge amedrontado

Reergue-se porém

delicada

essa vagem de luz

clareando os sótãos na noite

reflectindo o vulto

solitário onde brilham

todos os meus prosélitos

silêncios indiscretos 

Frederico de Castro

Saiba mais…

Longe da vista...

Somente existe um vazio
 
quando deixamos de preencher
 
todo breve instante
 
que espreita
 
à coca dos nossos seres
 
apressando-se iminentes
 
rumo a cada enamorado
 
tempo atrevido
 
onde nos vinculamos vagabundeando
 
à mercê da vida tão apetecida
 
e reconfortante
 
 
Somente existe um poema
 
quando remexo todo meu
 
léxico expectante por
 
novas palavras exultantes
 
encorajando nossas melancolias
 
quase inquietantes
 
rimando em ardentes versos corteses
 
exuberantes
 
 
Longe da vista
 
somente aplaco todas as iras
 
do mundo
 
quando compreendo por fim
 
como explanar em oração
 
toda a fé que aperto de esperança
 
em minhas mãos
 
 
Longe da vista
 
revelo no tempo poético
 
toda a sentença de vida
 
que jaz em subtis
 
gomos de sedutora atracção
 
 
Longe da vista
 
nos mesmos rumores e provérbios
 
que sustentam o naipe de horas
 
adormecidas em mim
 
te deixo só o conforto
 
em cada minuto de paz
 
onde mergulhamos
 
pra sempre todas as conflagrações
 
deixadas no fóssil dos tempos
 
 
Longe da vista
 
concluo um pacto com minha poesia
 
bebendo em cada breve silêncio
 
as cogitações do tempo
 
contemplando com afabilidade
 
nossas felizes
 
e fulgurantes comemorações
 
sossegando na súbita hora
 
o amor rugindo em alucinações

 
Frederico de Castro

Saiba mais…

No altar dos prantos

És o sonho atiçado

onde me aqueço

num fogo aconchegante

abrasado

És o tempo que se esvai

qual carrasco pelos ventos

andante

num altar dos meus prantos

dilacerados...fecundantes

  • Desta noite que se espreguiça

errante

ainda sei como te suspiro

profano

sugando todas as lembranças

nos teus lábios apetecidos

toda me cobiçando

  • Vou desabotoar devagarinho

estes versos apaixonados

redescobrindo tuas margens

a mim se entrelaçando

algemando o suficiente

silêncio

que furto à noite inundada

com o assíduo perfume

dos teus vícios

  • E enquanto cai um chuvisco

solitário da manhã

tenho-te toda

ávida em fatias de desejos

quase beligerantes

indefesa

esbatida em calmarias no meu solestício

que agora sossegadamente sacio

  • Sei que às vezes

somos somente nós vivendo

neste hospício de tempo

serenos

sem artifícios

latindo latentes até à exaustão

fugindo esfaimados pelos exímios

versos vadiando nas brisas

dançantes

onde me refúgio nos meandros

de um silêncio quase estonteante

 

Frederico de Castro

Saiba mais…

Negritude

Pode o sonho simplesmente

acontecer 

alimentando o ser nómada

fito em cada dia boémio

absorto no palpitante amanhecer

- A negritude da nossa conivência

adubou cicatrizes no tempo

deixando o andarilho silêncio

pernoitar no asilo da alma

onde farramos livres em todas 

as pradarias

da nossa existência

Frederico de Castro  - ao meu irmão Kady

Saiba mais…

Abandono

Gravito pelo escuro do tempo

enquanto procuro no breu

da vida acender um fósforo

que ilumine as sombras

que transitam

pelos armários e cabides

em todos os lugares

fatalmente encurralados

onde afinal nunca

me acharás

ou eu provavelmente

nunca me esconderei



Assim se elabora o abandono

das minhas memórias

simulando tua voz que se disfarsa 

num sorriso crónico

brincando no planar suave

que se acende no ígneo sonho

das escuridões mágicas

soletradas entre palavras que hoje

me marcam com lágrimas

furtivas e tão nostálgicas



Só o silêncio escondido

na ranhura do tempo

por fim

me chega para comemorar

o facto de que após tanto galopar

a vida

viveremos navegando

nas artérias da melancolia

cheias de perfume doce

impregnando um corpo

que esvazia cremado

e deixado ali

na monotonia da vida                                      

qual retrato encostado na estante                  

sem mais sorrir...ao abandono

 

 

Frederico de Castro

 

 

Saiba mais…

Chamaste-me?...

Deixo o anonimato discar o número
da tua agenda cronológica
Pressinto em nós uma conexão
de inspiração escondida
na cabine dos meus silêncios
digitalizando cada toque onde te aguardo
de forma tão analógica


Farto-me de tuas delicadezas
onde arranjo cada manhã
uma fé assídua
flexível enroscada em alegrias
passadas
perdidas em tuas subtilezas

Acredito cegamente
neste destino que nos consome
fartamente
em casuais imprevistos
todo ele vestido docemente
de conquistas onde
vencido deixo cada
retalho de vida frenética
finalmente
se diluir pelas nossas
maluquices
temperadas de amor
tão cúmplice


Volto um dia
quando por mim chamares
Chamaste-me?…
Alô…leva-me de vez embora
suscita-me poesias grandiosas
onde te desvendes imarcescível
rompendo minhas madrugadas
com versos irrefutáveis
com proezas tingidas de revelações
inescusáveis

Enlaça-te em mim
com cânticos repentinos
preciosos
dançando no prelúdio
da vida auspiciosa , exuberante
ao redor de cada esquina
onde te amei
quase assim de forma contagiosa
rendido àquele instante irrefutável
explodindo num silencioso…quase imutável


Vem…amanhece meu dia
alinha meus astros que se
afogam na luz poente
e quente
onde te descrevi
em versos loucos
sem mais devaneios
entre-linhas que o tempo
recíproco
infiltra em nós
memorizando cada sulco de vida
bebericando meus versos serenos
te farejando lunático… autêntico
in loco

Frederico de Castro

 

Saiba mais…

O céu chorou

Vacilei no dia

enquanto esperava

só amar-te em cada detalhe

aperfeiçoado em dádivas

que o corpo suplicante mordia


Embrenhei-me em ti

acossado exepcionalmente

ao mudo verso que penetra

provocante em tuas searas

padecidas

machucadas

que desta luz mortiça

reaviva, grávida

de incandescências que tanto

cúmplice amor ateia


Eu sei

que o céu até chorou

percebendo o perfume

que da minha janela

teu grato ser aprumou


Eu sei

que deixámos morrer

nossa intimas noites

em combates sôfregos

abraçados nessa impávida

plateia que ressurge

inscrevendo tantos aplausos

no dia delicado

em que te abraço

autenticando todo o espólio

onde permutámos

juras e maciços afectos

que nem eu sei jamais explicá-lo


Que meus pensamentos

caminhem solitários

famintos de ti

em lamentos silênciosos

nesta viagem vagueando

nas encruzilhadas do tempo

palpitante

num vaivém monótono

entre ti e mim

entrelaçados em instintos

satisfeitos que jamais questiono



Restam os rituais vividos

e repercutidos nos gestos de amor

quando por fim me deleito

num qualquer desejo consumado

ternamente a ti enclausurado

onde por fim …conciliadoramente me

deleito esfaimado


Frederico de Castro

Saiba mais…

Dejà Vu

Nesta dialéctica emocionante

onde guardamos palavras de amor

quase secreto e tão empolgante

verbalizamos em tons de verdade

as coisas simples deixadas

a esmo entre o guarda-roupa

entreaberto à solidão

e nossas vestes que se despem

impregnadas de alegrias

desejos, muitos

e abraços mitigantes quase

alucinantes tantos


– Hoje nada é igual

tudo é mais breve ainda

que muitas palavras loucas que

respiro e repito esfuziante



– Raros são os dias

em que não bebo calmantes

pra esconder os silêncios

que se embebedam comigo

assim de rompante através de

tantas insónias acomodadas

na cumplicidade da noite

onde lentamente me endereço e abrigo


– Existe só mais um momento

na existência da vida

onde saboreamos a jusante

nossos rios que correm distraidos

entre margens trajadas de poesias

itinerantes

perfiladas entre casuais

dias tristonhos enfeitados de alegrias

peregrinas tão exímias

zarpando deste porto d’abrigo

em ondas serenas, concensuais

algemadas nesta rotina preciosa

onde desacelero as ânsias

as indiferenças

e morro facilmente apaixonado

peremptório

até sem mais condolências

Frederico de Castro

Saiba mais…

Alegria escandalosa

 
Quisera este destino

trazer-te pra mim

descortinando plenos

sentimentos entrelaçados

entre aqueles versos

vagos

abraçados em labirintos soerguidos

na veloz existência

onde vivemos intensos

destronando até aqueles ciúmes

inseguros

espaçados

pela leveza distante

das tuas brisas em mim adormecidas



Quero revigorar-te

debruçando-me entre tuas trepadeiras

suspensas nos jardins do amor

transpirando novos versos

humedecidos…dispersos

em cada acto requintadamente livre

de clamores em ti submersos


Dá-me por favor

um cálice de vida imensa

transbordando em minhas ruas

e avenidas

espreitando tuas alegrias escandalosas


Faz-te luz nos meus silêncios

redundantes

Origina-me teus sorrisos

quando brinco entre teus

olhos,

olhando-me suplicantes

trajados de alegrias ofegantes

quando te abraço assim

perdido em requintes

avassaladores e tão contagiantes


Invadirei tuas ânsias

quando me desejas com

olhar mendigo, saboreado

até que desvairado

eu te envenene de mim

e não mais encontre antídoto

que de amor nos liberte

ou da morte por fim em ti

toda a vida jaz inerte


A poesia

é como

abrir cada dia meus olhos

e abrilhantar-te o sol

com acrobacias tingidas

de esperança

É como

convencer cada sentença descrita

nas leis do amor

deixando-te em estado de graça

semeando nos ventos

palavras inalienáveis escapulindo

em arruaça


Assim me estendas

livre

tuas alegrias pousando

meticulosas

em corações coniventes

jorrando ditosos elogios

incondicionais

perecendo depois cúmplices

sem arrependimentos ocultos

nem detalhes reflectindo esparsos

gestos quando de ti me consumo

se possível… até aos confins do mundo

Frederico de Castro 



Saiba mais…

Perfeito silêncio

Vou deixar quieto

o meu silêncio

Contentar-me em alegrar a fachada

onde deposito plenas gargalhadas

embrulhadas no tempo perfeito

quando enfeito todas as calmarias

debruçadas na ténue luz da manhã

que respira escaldando minh’alma

escancarada

no páteo de tuas cantarias

  • Esqueci-me das palavras

neste perfeito silêncio

Penetrei nas sombras da noite

atando-te ao gomo de luar

onde semeio uma grata aurora

forasteira

em ondas ébrias entardecendo

meus horizontes, vagando por ali

nas tuas trincheiras

  • Afogámos nossas esperanças

num almanaque de palavras gentis

içando estes versos

num perfeito silêncio

convergindo num destino que pulsa

velando nossa existência infinita

manufacturada na fímbria da noite

que agora fenece tão explicita

  • Observo o madrugar dos meus

sentimentos

velar-te imarcescível

enquanto partilho pelas veredas

do tempo

um solicito beijo correndo

apressado por ti

tão apetecível

  • Parei do lado do tempo

plausível

entregando-me ao feliz

suspiro deste perfeito

silêncio

quase irreversível

  • Deixei-te sem palavras…irrepetíveis

nem saudades intransponíveis

apenas o que restou

deste poema em fragmentos

proféticos abotoado ao degredo

que me deixou tentadoramente

por ti disponível

na eternidade implacável

de um silêncio sorrateiramente inaudível

 

Frederico de Castro

Saiba mais…

Momento (im)passível

Quero servir-te poesia

sediar-me em ti

em cada momento

deliciar-te desvairado

onde simplesmente os dois

acontecemos extemporaneamente

- E foi quando rasgando risadas

pautámos cada relíquia de tempo

num perplexo poema

assim disponível

neste electrizante dilema

que é ter

o que não se pode

e não querer

nem metade tristeza

nem metade silêncio

 tudo por inteiro  

 num gomo de vida ceifado

 com gentileza 

- É querer simplesmente

o momento…sem limites ou fragmentos

inundar todos os sentimentos

(in)suportáveis

apetecíveis

(in)transigentes

num tempo que agora

já se faz (im)preterível

e resiste…resiste no tempo

vulnerável e (im)passível


FC

Saiba mais…

Encontra-me se puderes

Até ontem eu sei que me perdi

e se por ventura depois tu

me encontrares

deixa somente que a formosura do

dia me reconheça

no culto de tantas ilusões

e juntas recriem teus traços

de elegância mais delicada

e depois caminhem

calmamente redigidas em poesias

trajadas de passividade


- Plácidamente te encontro

no constante céu onde adormeço

tuas tempestades cicatrizadas

num poema que se ateia a ti

tão pulsante

esquecidos nós pelas noites

incendiárias

prolongando-se minhas desculpas infindas

oriundas deste tempo algoz

que quase me mata de suplicas

tão embriagadas e incorrigíveis

- Vai…encontra-me se puderes

impede-me de fugir para onde não quero

regurgita-me as palavras que outrora

nunca te disse

Afirma-te em mim

assim tão simplesmente

como se a adição dos nossos abraços

nunca mais se dividisse em prantos

que subtraímos no tempo

- Rima tuas dores como aqueles perfumes

onde ardo em teus desejos

quase compulsivamente

E se chorares

chora baixinho para que meus

silêncios te ouçam

enlaçados às palavras

tontas e fiéis

que madrugam sôfregas

reflectindo nossos seres vagueando

neste tempo tão desbotado

onde ancoramos a fé a fundo

como esperança ainda mais audaz

em subtis pontinhos de luz

deglutidos numa miragem

onde finalmente existimos

apaixonadamente festejamos

inesperadamente acontecemos


Frederico de Castro

Saiba mais…

Meia hora...uma réstia de vida

Meia felicidade ,meia alegria

meia hora,meia tristeza

meia dúzia de mentiras

e tão pouco uma mão cheia de verdades

perdendo-se tudo num cálice de existências

no meio de nada


- O rascunho da vida está

sem mais identidade…é tudo ou nada

numa breve imagem permeável

premiando cada ser

numa vitória desesperada

por um pódio erguido com pouca 

autenticidade


- Somos só às vezes

tão absolutos, inteiros e indubitáveis

legitimando qualquer parecer leal

onde algemamos nossas adversidades

 - Assim como aprendi a lapidar

a pedra bruta da vida

e retirar da mesma

a excelência desta fé tão essencial

assim me motivo, endurecido e

acorrentado a todas as prioridades

vencendo cada obstáculo martelado

na ortografia da alma

quando por fim me entusiasmo

e deixo num cálice de alento,

minhas emoções embebedarem-se

vorazmente

entregues à solidão do tempo

que nos engole desesperadamente



- Não vou mais fugir das miragens

desta vida decadente

nem desembaraçar-me do véu

desta noite dissidente

vou somente autenticar de vida

este poema renascido sem cláusulas

prescrições ou dogmas que nunca imaginei

até que a morte nos separe

como manda a lei


Frederico de Castro

Saiba mais…

Enquanto pestaneja o dia

Depressa ali cheguei

escrevendo histórias

com poesia acompanhada

de versos datilografados

na minúcia de todos

os detalhes tecidos

com arte e alegria


Ali

me libertei

de todas as embriagantes

palavras intuitivas

onde sem mais censuras

te recrio habilmente

numa estética

inexplicavelmente,absoluta

analítica…sintética


Ali

enfeitamos cada instante

de vida

aniversariamos o tempo

com unânimidades quase

fatídicas


Ali

expressei-te a minha

linguística em meigos afagos

enamorados pela tua sintaxe

Ali

choraminho por teu

carinho

Ergo-te eclético um poema

dotado de estética

escrevinhando louco

e poético

toda a minha existência

te alimentando por via

parentérica


Ali

sei-o

tudo sabe a pouco

até a quietude profética

esperando-me a cada

momento caprichoso

onde me entrego

pra me enxaguares todas

as lágrimas desta rompante

e tão colossal saudade

se extinguindo ainda que relutante


Ali

emprestamos nossas asas

ao doce esvoaçar de cada

emoção

ausentando-nos ali

entre ecos pardacentos

desfilando sigilosamente

em comoção

Ali

todos os destinos sequestram

até o tempo que amadurece

aperfeiçoando-te

redesenhando com

giz e simplicidade

na elíptica e itinerante

lágrima que deambula

regurgitando piropos baloiçando

em toda a minha monotonia expectante


Ali

recordar-te-ei

transladando cada pensamento

assim devagarinho

colorindo teus céus ofegantes

Desejarei afogar-me

fatalmente em cada pestanejar

da noite

assim acorde o dia

e nós ali

extravagantemente

consumindo cada parcela do tempo

lenta e inexoravelmente



Frederico de Castro


Saiba mais…

Talvez...meu fado

Talvez…

Assim se movam montanhas

Não restem dúvidas

Nem se acomodem as rotinas

Repletas de fés amanhas

 

Talvez…

eu te doe o silêncio dos meus

cânticos

e emprenhe um eco frenético

e tão quântico

 

Talvez…

eu enfeite todas as conivências

com enfáticos versos sequestrados

no pórtico das mesmas saudades

fugidias…em efervescências

 

Talvez…

recrie um mundo novo

talhado em eximias existências

vagabundeando em cada anonimato

meu, inventado e

rendido à esquadria do tempo

 

Talvez…

Emprenhe teu silêncio

semeando o amor, além dos dias

que vivo celebrando

a vida regurgitando …em tua reverência

toda ela por aqui se esgueirando

em flagrante eloquência

 

Talvez…

seja só meu fado

tatuado a este silêncio

cantando minha dor até que o dia

renasça quieto à beirinha de nossa

feliz coexistência !

Frederico de Castro

 

Saiba mais…

É Luanda...


Róseo o dia
desperta onde desanda
meu poente
enquanto tu 
apaixonada
desaguas em Luanda
toda minha saudade
meditando excitada
da minha varanda
num amor que sei
não mais abranda

Frederico de Castro   -   pra Luanda com amor

Saiba mais…

Mudando as marés

Em algum lugar do mundo

 gravaremos nos dias

 cada presente de amor

 forjado na onda que nutre

 nossos seres

 escoando marés

 planando sentidos

 convergindo amores

 beijos investidos

 pecados concedidos

 

 Em algum lugar do tempo

 silencio todas as liberdades

 circulando nos oceanos

 fantásticos

 Suplicarei em cânticos

 todos os lampejos do sol

 onde guardo e jamais

 olvido essa luz

 que solta mil plenitudes

 de amor pulsando

 expedito

 

 Junto ao coração que brinca

 entre marés de ilusões

 deixarei impresso

 minhas loucas intrusões

 inspirando todas as equações

 onde matematicamente elaboramos

 todas as adições de tempo

 sem mais perder a apoteótica

 e precisa resolução geométrica

 onde negociamos

 as formas

 a arte

 as sombras…nossos seres

 tão próximos ou longínquos

 nesta trigonometria transbordando

 palavras e cálculos precisos

 no rumo das marés

 a cada instante numa onda galopando

 

 Mudando as marés

 contemplamos todas os

 labirintos onde mergulhamos

 nossos suculentos beijos

 vagabundeando no sopro

 do teu perfume

 retendo os gestos fitando

 a memória acometida

 libertando todos os ventos

 assobiando no odor de cada aragem  

 propiciatória e mais atrevida

 

Frederico de Castro

Saiba mais…

Coisas banais

                        

Medito até nas coisas não escritas

numa folha de papel em branco tão banais

Remendo os mesmos silêncios por onde hiberno matinal

Aprumo aquele bocejo deixado na corrente da vida

arguta e passional

fugindo-nos no rascunho do tempo

compulsivo e casual

assim que deixo a vida inventar-se

passageira, reciclada e tão cordial

Vou desabotoar o dia e fazer soar o eco

das palavras forjadas em conversas

 banais

cicatrizando este poema inquieto

ocasional

quase, quase em estado terminal...

 

Frederico de Castro

Saiba mais…

Súbtil elegância

Atrevida
Espreguiça-te
Com açoites ternos
quando te despes pelo
meu desalinho fraterno

Enfeita-te com vestes
Colhidas de beleza
Antecipa-me a noite
que foge
sulcando o dia que
ornamentas com delicadeza

Autentica-me o sabor deste tempo
adocicando o aroma astuto
onde pernoitamos no veludo
da noite cortez
tão heroica despertando

Celebra-te com arte
recriada na matinal brisa
desaguando pela tez
dos meus silêncios

Escancara-te de vez
vestindo
Com delírios teu voar
silenciando a noite
triunfante derradeira
onde em ti,sei
quero pra sempre despertar


Frederico de Castro

Saiba mais…
CPP