A MULHER VERMELHA
A mulher vermelha
Tem uma pinta verde na orelha
Por isso se escondia
E sair de casa não queria.
Deixou o cabelo crescer
Para a pinta esconder
E ninguém sabia
Da pinta que a afligia.
Um dia saiu de casa
E encontrou pelo caminho
Um homem tão pequenininho
Que quase o pisoteou.
O homenzinho assustado
Agarrou-se ao seu tornozelo
E ela cuidadosamente
Pegou-o entre os dedos e o acariciou.
O homenzinho era engraçado
E mesmo muito assustado
Não parava de rir.
Ela achou que ele ria
Da pinta verde que ela tanto escondia
Mas ele lhe explicou
Que riu porque sentiu
Que ia ser pisoteado
Tinha esse defeito:
Rir quando ficava agoniado.
Então ficaram amigos
E ela lhe falou do seu problema
O homenzinho ficou sério
E depois falou baixinho:
Quer se casar comigo?
Ela toda vermelhinha
Aceitou o seu pedido
Embora com um lamento
Não queria deixar de herança
Aquela pinta verde
Para nenhuma criança.
O pequeno homenzinho
Abraçou-a com carinho
E lhe disse: meu amor
E eu que sou pequenininho?
E riu tanto que ficou todo vermelhinho!
Depois os dois se casaram
E tiveram dois filhinhos
Um menino com uma pinta verde na orelha
E era todo vermelhinho.
Uma menina tão pequenininha
Que ria muito quando se via no espelho.
Mesmo assim foram felizes
E hoje já são avós
De netos de todas as cores e tamanhos
Com pintas nas orelhas e até no nariz
Alguns riem, outros são chorões
O importante é que são o que são.
Dolores Fender
05/04/2016