Andei por avenidas e estradas
entre ônibus, carros e caminhões.
Caminhei até onde foi possível
sufocando meus pulmões,
respirando fumaça de óleo diesel.
Voei sobre nuvens de algodões
mesmo com medo das alturas
olhando pelas janelas dos aviões.
Vivi grandes aventuras
entre passarinhos e passarinhões.
Naveguei sobre águas turbulentas
com muito medo de me afogar.
Enfrentei tempestades e tormentas.
de navio, de barco e até canoa,
sem saber nadar, numa boa.
Cavalguei no lombo de cavalos,
pedalei e andei a pé
suportei tudo, até os calos
Cada passo me aumentava a fé.
Fui de carroça, e de trem,
não devo nada a ninguém.
Pisei em areia, terra e asfalto
tropecei em pedras e cascalhos
fui descalço, com tênis ou sapato
Corri mundo, cruzei atalhos,
fugi de gente ruim e de espantalhos.
Marchei na trincheira da esperança,
engoli cobras, sapos e poeiras,
nutrido pela perseverança.
Ignorei pessoas traiçoeiras,
as desprezei sem segredos
Dormi tarde, acordei cedo.
Pulei cercas, muros e cancelas
esbarrei em gatos, corri de cachorros
Respeitei putas e donzelas
subi ladeiras e desci morros.
Tudo o que fiz exigiu cautela.
Passei frio, passei calor.
De joelhos pedi força e vigor,
também contei com a sorte.
Superei obstáculos e a dor,
estas histórias me tornaram forte.
Hoje quero descanso e sossego
Não importa se fiz certo ou errado,
tive coragem, venci o medo.
Agora estou aposentado,
depois de tanta luta e trabalho.
Sou ou não sou um sujeito do andaralho?