Dedicatória: Nem todo amor se constrói. Alguns… apenas consomem. A estes — este poema.
Te amar me dói todo dia,
É viver à beira da esperança,
Quando o amor já não guia,
Só resta a dor da lembrança.
Preso a nós desatados,
Entre continuar, ou fugir,
Será que ambos estão cansados,
Do ciclo que insiste em iludir?
Meu peito jaz como a vela,
Que apagou, só cera fria,
Que outrora iluminava a treva,
E agora se derrete em agonia.
Te amar virou meu castigo
Um hábito que me consome.
Como o vício em um veneno,
Que afaga e ao mesmo tempo some.
Quero me livrar das lágrimas,
Como alguém que vence o vício,
Você não sentirá a ausência,
Julgue-me — sempre foi fácil.
De mala pronta, como quem partia,
E descubro, no meu silêncio:
Não era eu quem você queria,
Mas é você quem eu quero.
Me indago com grande angústia:
“Sou só desejo… e nada mais?”
Por ti, mudei minha química,
Com o peito entregue à dor que traz.
Eu te contei cada injúria,
Seguida de uma lágrima importuna.
Mas quando encaro teu pranto,
Fraquejo, e de novo te aceito.
Rogo à minha mente que te mate,
Para que eu encontre paz, enfim.
Existe cura para tal desgaste?
Para as feridas dentro de mim?
Tua mente imatura se conforma,
Com tão pouco, já se acomoda.
Às vezes, até me dizes que me ama,
Mas isso não me faz sentir amado.
Já não sou mais quem te esperou,
Nem o que um dia sonhou.
Sou só os cacos de um homem,
Que teu silêncio moldou.
Te amar me dói todo dia…
Ferida em minha alma que esvazia
Toda esperança que lá havia,
Tornando impuro o sabor da vida.
Me abrasam cada vez mais
Cada faísca que você me traz,
Incendiando, com gesto mordaz,
A flora que em meu peito habita.
Hoje, do que fui, só cacos.
Do que sonhei, só cinzas.
Te amar me dói todo dia...
E amanhã, só restarão feridas.