Quero amar de igual maneira meu amigo e meu inimigo,

De igual jeito, meu irmão e meu amigo,

Com todo respeito, minha vida e minha morte,

Com todo saber, meu ser e meu não ser.

Mas triste verdade é perceber,

Que amor igual é amor em vão,

Que Amor tem ordem e lugar,

Que Amor liberto é ilusão.

  Claudio Favoretto

Dizem os sábios do maior saber,

Que a verdade viva se encontra em nosso interior,

Que viver a vida só faz sentido,

Se sentido dermos a esta procura.

Mas, sentido maior ao sentido dado,

É Nosso interior ser encontrado.

Triste sina de um sonhador,

Que procura em vão um sonho calado.

Claudio Favoretto

Respeitas tudo que é dito

Sentido, pensado e manifesto.

Razão de ser tudo deve ter,

Que nem sempre ireis compreender.

Respeitar não é concordar,

Nem aceitar ou se calar.

Respeitar é perceber 

A ilusão de Ser.

Claudio Favoretto

Quando a injustiça sofrida em teu coração germinar,

No lugar do outro você deve se colocar,

E com os olhos do outro perceber,

Que o outro também, pela sua justiça agiu.

E com o coração aberto entender,

Que toda justiça é ponto de vista,

E que a verdadeira justiça irá se fazer

Quando o ponto de vista desaparecer.

Existe um conhecimento,

Que só pelo momento se faz,

Não é construído no tempo,

Nem pela razão percebido.

Se possuí-lo queres,

Por inteiro, esvazia-te,

Fluir tudo teu deve,

E sem tê-lo, o terás por completo.     

A vida faz mais sentido,
Quando o Eu não impera.
O que não era conhecido,
Fez-se verdade sincera.

Para o Eu não imperar,
Não o queira rebaixar.
Olhe sempre no horizonte,
Queira vida, abra a fonte.

Vigie seus pensamentos,
Isto não é brincadeira!
Um só pensamento de besteira,
Contamina a alegria de uma vida inteira.

Não se controla o nascer dos pensamentos,
Mas se pode organizá-los no espelho dos sentimentos,
Só dois, um só a cada momento,
O segundo mais simples que o primeiro.

Ensinar é verbo indireto, difícil, é verbo de paciência.

Aprender é verbo direto, fácil, é verbo de magia.

Ao ensinar não queira agradar.

Agradar traz o mar, mas não a água,

Agradar acende a vela, mas não queima o pavio.

Agradar é pelo retorno, ensinar mostra o contorno de todo o caminhar.

Ao ensinar não queira honrarias.

As honras que lhes são dadas hoje pelo ensinar, se tornarão volumosas,

Vivas e adquirirão vontade própria e traçarão o seu caminho para longe, muito longe,

Do caminho de qualquer tentativa de ensinar.

Ao ensinar nem pense em não sonhar.

Sonhe com eles, brinque do perfeito,

Mostre que tentar fazer bem feito, mesmo com defeito,

Insere satisfação no olhar de quem ensina e gratidão no coração de quem aprende.

Ao ensinar não se considere sábio.

Considere-se aprendiz.

Todos nós sempre estaremos no meio da escada infinita da vida.

Sempre existiram sábios nos degraus de cima e sábios nos degraus de baixo.

Mas queira sempre subir, degrau por degrau.

Este é sentido da vida.

Eternamente subir, mas sabiamente entender que sempre,

Olhará a Vida do meio da escada, da vida.  

Ao ensinar sinta-se feliz. Isto basta.

 Claudio Favoretto

Não quero o sol nem o luar,

Não quero o doce nem o salgado,

Não quero o brilho nem a escuridão,

Nem quero amar a mais de quem possa me amar.

Não quero o azul porque já conheço o verde,

Não quero a paz porque já conheci a guerra,

Nem o mar porque a terra passou.

É estranho, mas não quero nem a vida nem a morte,

Nem o cheio pelo vazio,

Nem o vazio pelo repleto.

Não quero encontrar porque perdi,

Não quero ir porque nunca estive,

Nem perder porque já tive,

Nem caminhar para voltar.

Não quero o jogo dos opostos,

Não quero mais ver a causa e o efeito,

É estranho, mas não quero nem mais no equilíbrio estar,

Entre o certo e o incerto,

Entre o bem e o mal,

Entre a luz e as trevas.

Não quero o quero e não quero o não querer.

O que quero?

Quero que o quero desapareça

Aos pouquinhos, na chama do eterno amor.

Quero que o quero se desconstrua,

E que perca toda cultura

E se transforme,

Não no oposto do que é,

Mas na origem do que nunca foi.

Porque no nada o quero se transforma em ser.

Oh poetas da dúvida certa, do mais e do menos,

Da palavra marcada, do destemor:

Quanto vale a raiz quadrada do amor?

Na poesia do cálculo, no verso do quanto,

Vale sim, e porque não valeria, o sentimento ser número

E o número paixão.

Vale sim que a alma liberta, na voz do somar,

Liberte as somas de todas as regras e liberte as regras de todo valor.

Já é tempo de falarmos de um Kilo de ódio, de um terço de paz

E do quadrado perfeito da luz do luar.

Mas poetas do centos, do avos e das dizimas,

Me digam, por favor: Quanto vale a raiz quadrada do Amor?

Oh poetas do pressuposto delírio, visto da vista da resposta que espero,

Qual sentimento vezes ele mesmo é fim e começo de um Amor Maior?

Seria a paixão?  Paixão vezes Paixão é Amor?

Seria a paz?  Paz vezes paz é Amor?

Seria a alegria? Alegria vezes Alegria é Amor?

Oh poetas, digam-me a resposta, desta bela equação,

Que alimenta o viver de um humilde coração:

Quanto vale a raiz quadrada do amor?