Cochilos...       Crônica...

 

<a href=www.portalmie.com/wp-content/uploads/2016/12/sono.jpg" alt="Resultado de imagem para cochilo no trem" />

Cochilos...         

Na semana passada, fui nas lojas de comércio perto de nossa casa comprar uma vassoura (se fosse para varrer os males do Brasil... um milagre, coisa de bruxaria).

Cheguei à loja, entrei e percebi que teria de me deslocar até aos fundos da loja de miudezas. Havia três funcionários, o caixa, o segurança de loja, este tal segurança não entendi bem a sua função;

“seria precaução contra a violência ou a favor da não violência- alguém saberia decifrar esta cruel realidade” 

 

E lá dentro bem nos fundilhos da loja a terceira e última funcionária estava dormindo em cima de uma lixeira que era um item de venda,

 

“chamar os urubus ainda não...Olha aí os justiceiros de plantão...Olho por olho, dente por dente, e a justiça sumiu, escondida se praz”

 

Chamei a moça em voz baixa e nada, dei um tapinha nas costas e nada, ela continuava a dormir, com expressão facial de quem havia chegado de uma guerra de granadas e balas de canhões, torpedos lança chamas dos drones - made in China.

 

Com o corpo entortado e torcido, acordaria com dores de coluna, tendinites e labirintites.

 

A crise econômica está deixando as lojas vazias, poucos clientes, àquela hora eu único cliente solitário não fui aplaudido pelo lojista, o tal caixa.

O caixa, o proprietário, estava absorto e raptado pelo torpor do tempo quente e abafado. Peguei a vassoura, paguei e retornava à minha casa e refletia. Como seria bom se aquela funcionária fantasma e bonitinha, naquele fenomenal mal gosto de uniforme de funerária, tipo;

“Marcha soldado, cabeça de defunto, se não marchar direito, vai preso com o presunto”

 

Estivesse em sua sesta depois do almoço em lugar apropriado na cadeira de balanço, ou que fosse uma cadeira de praia, ou recostada em seu armário num travesseiro adaptado com roupas e toalhas.

“Vida moderna, vida corrida, vida desesperada, surtada para uns, quase parando para uns poucos, o desemprego já enquadrou muita gente na infelicidade e frustração”

 

A sesta já não é praticada como antigamente ou como deveria, um sono leve de algumas partes da hora vespertina, ou outra hora de conveniência, muito reparador e saudável, uma rebobinagem no corpo e alma e um retorno as atividades quaisquer que sejam.

 

“Os povos primitivos, das cavernas, sem energia elétrica – a sesta não era fundamental- o homem trabalhava e dormia de acordo com os ciclos de luz natural do sol e da lua, e dormiam muito mais que o homem moderno – A energia elétrica foi uma significativa transformação na sociedade contemporânea”

 

O povo de hoje tem usufruído de uma sesta nada convencional, nos diversos meios de transporte. Ônibus, trem, metro e por aí vai, sinal para o Táxi:

-Vai de táxi hoje?

- Sim, no táxi consigo uma sesta de melhor qualidade, ainda tenho duas reuniões, exausta...

 

Para ainda quem tem seu digno trabalho, os dias cada vez mais longos extenuantes e os dias são de correria na luta pela sobrevivência, para ganhar um salário que dê para o gasto:

“Cadê o tempo para uma sesta, onde está, alguém achou...”

 A sesta fica para os finais de semana, mas quem dorme horas nos finais de semana, não é nada salutar. Querer recuperar as horas de sono perdidas durante a semana é uma mentira. Sono perdido não é encontrado jamais, já foi para a conta do prejuízo à saúde, aqui cabe que para eliminar um stress arrume um stress bem diferente.

 

Acorda às 5 horas - sai pela porta às 5h15m - pega o 1º ônibus às 5h45 - pega a 2ª condução - pega a 3ª condução, enfim chega às 8h10 ao local de trabalho, com 10 minutos de atraso, terá um desconto no salário.

 

O Retorno;

Sai às 18h10, pega uma, duas, três conduções, chega em casa às 21h30 e segue para a cama às 23h30 - para acordar às 5 horas- dormiu cerca de 5h30, e as horas que faltaram, a reserva do tanque de combustível grita.

"Colocar gás natural, urgente, urgente- a voz do robô ruminando"

Claro e evidente que tiveram a mini sestas nas três conduções, porém sestas sofríveis (Melhor que nada é um conforto, cesta de 1 ponto, não foi da linha de três metros, não valeram os 3 pontos)

 Esta é a vida de milhares e milhares de brasileiros (se não for igual é bem semelhante) pessoas estas, que morrem dia a dia mais acelerado, vai visitar Deus antes do destinado, bem mais cedo, a alimentação, a cesta de alimentos é de uma carência vitamínica, e a sesta de cochilar e sonhar acaba antes de começar.

Usufruir da sesta é bom para reaver as energias, mas se praticada em demasia já passa a ser um caso patológico, a não ser que a pessoa esteja em tratamento de saúde onde o repouso absoluto é requisitado.

Se deitasse em minhas mãos, a Lâmpada Maravilhosa de Aladim, esfregaria tanto, e o Gênio mágico, me ofertasse o direito de três desejos, não vacilaria;

Querido Gênio:

Primeiro: peço que todo o ser humano durma as horas necessárias para otimizar a saúde

Segundo pedido:  todos tenham um trabalho que dignifique o ser humano como cidadão do mundo.

Terceiro pedido: que todo ser humano tivesse o lazer de uma boa sesta para sonhar e alimentar-se de esperança.

 

FIM

Antonio Domingos Ferreira Filho

Agosto 2019

Enviar-me um e-mail quando as pessoas deixarem os seus comentários –

Para adicionar comentários, você deve ser membro de Casa dos Poetas e da Poesia.

Join Casa dos Poetas e da Poesia

Comentários

  • 55314587?profile=RESIZE_710x

    • Olá amiga da Poesia Angelica.

      Obrigado por comentar

      Nossa mãe, observei que apliquei a Imagem errada. Esta imagem Mulher grávida lendo para o bebê ainda intra uterino pertence a publicação acerca do Livro.

      Irei editar

      abraço

      Antonio

       

       

This reply was deleted.
CPP