“DEIXEM-ME VIVER”
É mamãe, hoje faz exatamente 1 ano que me tiraste de tua vida e não me permitiste viver nela, como tantas outras crianças que conheço.O que será que deu em ti, mamãe, para ser tão rude comigo, fazendo-me sofrer daquele jeito, sem ter sequer o direito de me defender? Você sabe mamãe que, quando enfiaram em você aquelas coisas horrorosas que me cutucavam, me maltratavam, me machucavam, cortavam em pedacinhos meus frágeis bracinhos e perninhas, parecia não acreditar no que estava acontecendo, só que aos poucos fui perdendo a sentido da vida, porque tua voz não era mais encorajadora,meiga, suave,como tantas e tantas vezes ouvia.Agora, mamãe, eram gritos ensurdecedores, assustadores enquanto eu era cortado, esmigalhado. Tiravam pedaços de mim para jogarem fora, dentro de um saco plástico, já todo cheio de sangue e você, mamãe, o que fazia, por que permitia? Realmente, eu não entendia. Queria gritar, pedir ajuda a você mas, você não me escutava, você já estava vivendo uma outra vida, diferente, sem mais aquele estorvo dentro de você. Que triste fim, não é, mamãe? Não meu, mas de você que não pensou direito antes de me fazer vir ao mundo, cumprir aqui minha missão. Por que será que tive que pagar por um erro seu? Por que você não assumiu, não me assumiu? Teve medo do que? De quem? E, mamãe, quem te obrigou a isso? E meu pai? Quem era o meu pai? Acho que nem você sabe mamãe, pois foram tantos, não é? Por que você jogou a sua vida e a minha fora, sem que eu pudesse sequer me defender? Você sente remorsos, sente que fez algo terrivelmente errado, sente que jamais irás ser a mesma, pois não me permitiste ter uma vida como a de tantos que puderam e tiveram a chance de viver? Se eu tivesse que escolher uma mãe, não escolheria você, teria que ser alguém com dignidade que demonstrasse respeito pelo ser humano, coisa que, aliás, você nem sabe o que significa.Tesouras, bisturi, para que isso,mamãe? Por acaso eu tinha alguma doença desconhecida pela medicina ou era apenas para que você pudesse continuar curtindo noites a fio, sem dormir, se divertindo com parceiros desconhecidos?
Quanta falta de consideração, mamãe. Quanto desrespeito por mim e por Deus pois, Ele existe sim, mamãe, Ele é que nos acalenta, nos faz dormir, cuida de nós,de todos os que,como eu, sofreram as mesmas injustiças, os abusos, os maus tratos, as injustiças. Sim, mamãe, Deus, com seus Anjos sempre velando por todos nós é que nos fazem sorrir e viver eternamente felizes.
Talvez um dia eu volte, para aí sim, encontrar uma mãe verdadeira que irá me amar durante toda a sua gestação e depois, irá me mostrar o mundo como ele é, com suas alegrias, suas tristezas e com tudo o que nele existe pois, mamãe, é assim que preciso viver, é assim, da forma humana, que preciso voltar e cumprir o que Ele determinou. Você, mamãe, infelizmente, não sabe nada, nada mesmo e eu, que poderia ter sido um ótimo filho, não estou aí para poder ajudá-la. Mas,o que fazer não é? Vou ficar aqui, aguardando o meu retorno para assim também poder conhecer o que é ser um ser humano.
JC BRIDON
Comentários
Parabéns pelo texto poeta!
Um tema polêmico muito bem colocado nas sua linhas!
Parabéns!
Um excelente tema!
Eu, não sou contra nem a favor do aborto. Pois há situações e situações destes que ficam no?
Parabéns, pelo fato publicado!
Meu sincero abraço
Belíssimo e reflexivo texto, Bridon!
Sou contra o aborto., mas a quem o defenda.
É meu pensamento. Cada um sabe o que faz.
Parabéns.
um abraço
Um excelente texto.Comovente...
Também sou contra o aborto
Parabéns por proveitosa publicação, uma aula Poética.
Deixe- nos viver
Parabéns amigo Bridon