Desbotar-se

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Desbotar-se

Às vezes
sou a sombra de mim,
nem escura,
nem luz.

Um traço tênue no tempo,
como giz
deixado ao sol.

Vou sumindo nas entrelinhas
das conversas que não termino,
dos olhos que não me veem,
do espelho que já não reconheço.

Não é dor.
é mais silêncio.
um desfiar lento
das cores que antes me vestiam.

Era vermelho,
agora sou cinza que esconde
o que já fui.

Um passo depois do outro,
e ninguém nota:
me apago
feito céu nublado ao entardecer
não é noite ainda,
mas o dia já se esqueceu de mim.

Marta Biscoli

 

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