Duas faces

Duas faces

Duas faces

— Você não tinha esses olhos tão frios e fundos. Essa face tão pálida e magra. Esse corpo enfraquecido. O que houve com você? Quanta dor posso-te encontrar.

— Você sabe... desde que... tudo mudou... eu fiquei assim. Perdi a força, a coragem, o ânimo... até a beleza me abandonou...Precisei de um tempo sozinha e nem me dei por tal mudança.

— Mas como? Eu nem sequer percebi ... Lembro da última vez... em que uma bela jovem radiante de alegria em ti morava. Como pôde se perder assim?

— Foi a vida, ou melhor, as circunstâncias das minhas escolhas. Eu sabia que um dia a conta iria chegar...  e aqui está.

— Não aguento tanto sofrer ver em ti. Não aceito tantas mudanças sem eu nem poder intervir... Eu não quero, não quero viver assim... será apenas tristeza daqui pra frente? Eu não quero viver essa vida deprimente.

— Perdoe-me... Eu sei que você tinha grandes sonhos... Eu fiz escolhas erradas... tive medo...Vivi um engano... Agora tenho que me acertar com o destino... eu sei que não é o que desejavas, mas não tem outro caminho... É tarde demais, minhas esperanças foram roubadas, meu tempo está se esgotando... Desculpe por não ter te libertado... Levarei esta culpa por toda eternidade, você merecia o mundo por inteiro e eu não te dei sequer a metade... Eu preciso ir, talvez não voltemos a nos encontrar... Mais uma vez te peço perdão...eu não... não pretendia te machucar...

 

 

( choro de ambos os lados)

 

Releitura de Retrato de Cecília Meireles

 

Nascimento, J.

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