Havia um tempo em que eu contemplava as estrelas
E rogava que a mim elas viessem
E numa noite percebi que não era preciso
Bastava ir até elas descobrindo o caminho
E nem precisava voar muito
Elas já estavam ao meu lado
Caiu a noite e fui ao lado do vento
Até aquele imensurável aeroporto
Onde a coruja me serviu de guia e mestre
Onde só haviam partidas
E ali diferentes cenários de choro e miséria
De lágrimas e alegria
De dúvidas e certezas
Mas acima de tudo de liberdade
Acompanhei famílias despedindo-se de quem lhes é caro
Senti o odor podre da falsidade
Mas também o doce aroma da saudade
Ao entrar naquele local uma etapa estaria terminada
E naqueles distintos cenários
Consegui ver nos olhos de alguns passageiros
Uma encantadora paz enquanto aguardavam o embarque
Felizes na garantia de que existiam aviões
E sabiam seu destino
Contrastando contudo com as gotas de desespero
De quem os levava até ali
Mas no meio da tranquilidade de alguns
Existiam aqueles que chegavam ao saguão
Em meio a um embarque imediato cercados de gritos e horrores
Uns sozinhos outros sendo puxados inutilmente
O medo estampado em cada olhar
E de onde vem tal medo perguntei
Porque simplesmente tem dúvidas se existem realmente os aviões
Não querem sair das ruas julgando ser o fim
Estão tão presos à terra em que caminham
À água que bebem que não aceitam a verdade do que vem depois
Não me contive e questionei alguns
Por que essa raiva no olhar?
Sofri muito, fui uma vítima nas garras de alguns
Desperdicei o que era mais precioso: meu tempo de vida
Mas não existem vítimas
Todos nós temos nossas culpas
Nomeamos de encosto ou culpamos alguém
Por nossos próprios fracassos
Pagamos pelo que fizemos nessa ou em outras vidas
E assim deve ser
Ao invés de postular teorias
Gastar o tempo cultivando e semeando a dor
Tenhamos a humildade de pedir desculpas com sinceridade
Por nossas atitudes e agressões
Se serão aceitas, ou não, não nos cabe decidir
É o livre arbítrio de cada um
Mas você poderá entrar nesse aeroporto com a consciência limpa
Sabendo que o mais precioso é exatamente o que vem depois
Não temamos a morte
E sim o que pode vir depois dela
Mas com a certeza que teremos outras oportunidades
De chegar nesse aeroporto com o mesmo olhar
De encantadora paz que vi no olhos de alguns
Eu digo que o dia mais feliz de minha vida
Será aquele no qual tiver a certeza de que não precisarei voltar
A não ser pela chance de poder ajudar
E quando esse dia chegar
Poderei afirmar que enfim encontrei a felicidade.
Deus nos abençoe
Carlos Correa
Comentários
Congratulações caro Poeta Carlos Correa pelo belo Poema.
abraços de Antonio Domingos
Como seu admirador e respeito e membro desta casa venho fazer uma sugestão. Caro amigo refaça somente para sua avaliação este poema em dois poemas.Seria um exercício e não faltaria Poesia e nem desvalorização dos dois poemas sugeridos como exercício poético.
Abraços ao amigo das letras.
Olá Antonio, te agradeço por seu comentário sempre gentil e educado e pela sugestão, de coração. Por vezes as palavras vem por uma estrada mais longa...às vezes acontece..te agradeço meu amigo fica com Deus.