ENTRELINHAS

 

No primeiro parágrafo do nosso relacionamento,

quando nem título ainda havia,

com cada uma das letrinhas escrevíamos sentimento,

muita paixão e alegria.

 

Era como um poema escrito no caderno de brochura.

Caligrafia bem delineada, texto impecável, sem rasura.

 

O amor traçado em caixa alta,

O sentimento grafado em negrito

A alma em êxtase, em alfa

Só felicidade, nenhum conflito.

 

Tudo começava a fazer sentido, não deixávamos uma só linha vazia.

Entre vírgulas, suspiros e beijos havia intensa cumplicidade.

Momentos de carícias e de desejos,

Uma vida toda de felicidade.

 

Era tão simples e sublime o amar,

As palavras de cada letrinha nasciam.

Mais fácil ainda era o rimar,

Na pele desejos ardentes fluíam.

 

De repente, um parágrafo, a confiança traída.

A caligrafia já não era do mesmo punho.

Explicações e os dois pontos acentuam a despedida.

Um amontado de letras, um reles rascunho.

 

Pena, tudo terminou como uma história num texto fatal.

O que restou do início de um parágrafo, entre uma vírgula e

outra é apenas um ponto final.

 

A página do caderno arrancada com mágoa e rancor.

A folha de papel amassada

selou o findar de um grande amor.

 

 

Samuel De Leonardo (Tute)
 
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