ME DIZ, MANUEL BANDEIRA

Minha poesia é rebelde
Como foi Marielle Franco.
Mas ela não é socialista
Nem faz rimas e métricas;
Ela não morre de pesar
Por amores do passado.
Me diz, Manuel Bandeira,
O que faço com essa Musa
Que me vem despenteada
E vestida de qualquer jeito?
Sabe com quem se parece
A minha inspiração aldeã?
Com Dulcinéa del Toboso
Que o louco Dom Quixote
Convertia em dama nobre.
Se não lhe abro a porta
A Musa esmurra a janela
E não sai da minha casa
Até que eu aceite os versos
Que me veio entregar.
Quando olho no passado
Vejo as Musas d’Itália,
Cada uma mais talentosa,
Inspirando o gênio Dante,
Sumo poeta florentino,
Autor da Divina Comédia,
E as propostas humanistas
De Pico Della Mirandola
No Renascimento italiano!
Me diz, Manuel Bandeira,
O que faço com essa Musa
Sem modos de madame
Que grita na minha janela
Quando não lhe abro a porta?

Marco Aurélio Rodrigues Dias
Juiz de Fora, 29/01/2022.

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