Na foz de meu corpo

Não importa se os olhos se fecham
Que os ouvidos tentem as impedir
As vozes continuam e me obrigam
Até que aceite o que tenha de ouvir

Hoje eu compreendo suas intenções
Vozes que viveram antes no silêncio
Eram tantos versos em seus corações
Quantas foram caladas pelo arsênico

Nunca foram mudas elas apenas não
Eram ouvidas até que enfim desistiram
Num mundo onde se fala sem locução
Somos inábeis em ouvir e então partiram

Tantos que precisam ouvir sua própria voz
Hoje já se contentam em apenas inspirar
Ver cada desabafo seu desaguando na foz
Dos rios de um outro corpo de outro mar

Nas noites das quais hoje sou uma parte
Elas já não me obrigam aprendi a ouvi-las
Deixo que através de mim façam sua arte
De falar o que não puderam em suas vidas

Um dia quem sabe será a minha voz em ti
Quebrando esse silêncio que vive em mim

Deus nos abençoe
Carlos Correa

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