“O Poeta deixa rastros por onde caminhou”

 

“O Poeta deixa rastros por onde caminhou”

Certa vez um colega me convidou para ser padrinho de batismo de seu segundo filho, uma filha à quem deu o nome de Claudia. Eu com  18 anos e Gilberto, um policial da PM, performava 26 anos, experiente de vida. me dizia que não acreditava em Deus, que seu Deus era a Natureza, e justificou esta descrença em função da vida dura  em que tivera na infância e juventude;

apenas um colega, repito, de encontros nas esquinas das ruas do bairro ,em noitadas de violão, sentados nas calçadas dos bares e armazéns já fechados em decorrência das tardes noites nas madrugadas.

Violão dedilhados em músicas de nossos gostos, Bossa Nova e Jovem Guarda, em composições de novas músicas de nossas autorias a concorrer nos festivais estudantis de música.

Questionei Gilberto de que eu não era uma pessoa próxima de sua família, e que não era conveniente eu ser o padrinho de sua filha.

Ele devia convidar um parente.

Gilberto retrucou:

- Puruca, você é meu melhor amigo e o escolhido. Faço questão que aceite o convite.

- Gilberto: somos apenas conhecidos e bons colegas nas peladas de domingo quando amamos a bola de Futebol pelos campos rareados de grama, carecas de terra batida, nas chuvas lama. e ou de dois contra dois na calçada de Dona Ermelinda, um século de 100 anos de vida a choramingar ao incômodo da bola que ultrapassava o velho acabado muro cheio de passagens secretas sucateadas, a bola, justamente martirizando as árvores onde cultivava belas orquídeas;

e nas estremadas noitadas de violão.

Nem conheço bem a sua mulher Ivete. Estou surpreso!

- Puruca, eu já falei com Ivete e ela concordou e apoia seu apadrinhamento de nossa filha. Fiquei seu amigo e lhe tenho a amizade de um irmão mais velho. Sabe àquele dia no qual eu estreei no seu time de futebol o Xaveco.Lembra que fazia um calor insuportável, e que depois do jogo, você me ofereceu sorvete de morango sem nem bem me conhecer.

- Me lembro sim Gilberto. Percebi sua vontade de se refrescar do calor, com uma água, um refrigerante. Como havia comprado sorvete para mim, eu comprei e lhe dei sem nada lhe perguntar o sorvete de morango . E aí...!!!

- Puruca. Naquele dia percebi que você era um cara legal, atento, e me dei conta que já era seu amigo bem antes, já lá no passado, um irmão seu mais velho, Eu chorei umas poucas lágrimas por sua gentileza. Eu não tinha um centavo qualquer no bolso, estava duro. Arrepiei-me e me tornei seu amigo, sabendo que você já era meu amigo também de longos tempos de outrora.

- Gilberto, aceito, e darei o meu máximo para ser um bom padrinho, você é uma pessoa admirável, de saudável autocrítica e bom senso.

Faz 10 anos encontrei Gilberto, cabelos brancos e Ivete, cabelos pintados de loira, lá em Padre Miguel, bairro da zona oeste do RJ,onde nascemos .Ele de terno e gravata, aposentado, um susto. Papo vai e vem e me afirmou que era Pastor da Igreja Evangélica Baptista, a mesma que Ivete frequentava desde sua juventude.

`Puruca, uma das minhas atividades na Igreja é a de Instrutor da Bíblia.

Parabenizei os dois e marcamos um almoço, com a Claudia, o marido e os dois filhos homens, seus netos.

Altero o proseado de Gilberto para Cheila.

Trabalhei com Cheila faz uns 25 anos atrás. Iniciando uma carreira profissional, logo logo, ela aprendera a falar e escrever bem dois idiomas, inglês e espanhol e de lambuja arranhava um francês tipo Fast Food,para o gasto.

Labutando  na área de exportação, não podia ser diferente.Focada, tão  logo mudou para um emprego melhor de salários e oportunidades. Assumiu o cargo de Gerente de Exportação da região da América Latina. Como viajou, como arduamente trabalhou, como merecidamente cresceu como ser humano e profissional

Dois filhos e uma separação matrimonial, confusa e sofrida.

Há dois anos Cheila me enviou umas mensagens por via redes sociais,

 Exaltou as saudades de nós dois, ressaltou a valorização da nossa amizade. Feliz, estava morando fixo na Bahia, nascida originalmente na cidade de Roseira, Vale do Paraíba, São Paulo.

Cheila fora e é uma pessoa especial de valores, caráter e de forte personalidade. Nunca desiste de seus sonhos.

Em ocasiões Cheila aparecia em minha sala, escritório, que não era meu ou minha, não me pertencia, apenas emprestado a minha pessoa e portas abertas.Assuntos profissionais, conversas informais, prosas ao léu em descompromissos, conversa fora, relaxamentos por instantes, sem pressões ou estresses.

Em um determinado ano, não lembro, num mês de Setembro, Cheila chega nervosa, agitada, fato incomum, os olhos marejados de lágrimas. O casamento chegara ao final enquanto durou aos trancos e barrancos.

Deixou latente um pedido de ajuda, de socorro e solução. Eu humildemente incapaz de opinar, eu mesmo carregava minhas alegrias e tristezas e pecador em mil defeitos.

O que podia fazer era ajudá-la a encontrar as soluções por ela mesmo dentro de seus sofrimentos do momento.

Eu de hábito pegava uma folha de papel de impressão modelo A4

-Amiga, veja esta folha dividida em linhas de 4 partes.

Numa parte você descreve suas fortalezas, noutra as suas fraquezas. Na terceira parte você descreve os bons motivos de uma separação conjugal para seus filhos e familiares, na quarta parte os motivos ruins da separação.

Avalie suas próprias descrições e decida você mesma .

Não preciso e jamais farei questão de suas manifestações escritas na folha de papel A4.

Siga em frente com sua vida.

O respeito ao semelhante deixa marcas na alma de valor.

Escritório Sentimental, comentavam com certo louvor, por vezes as consultas nunca a mim pertenceram. Enfim, a credibilidade conquistada com o silêncio.

“ O Poeta deixa rastros nos caminhos por onde passa”

Fim

Antonio Domingos

22 out 2020

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