Existe, apenas,
O tempo do eu
E o Tempo da VIDA.
No tempo do eu viver é agonia.
É viver de esperar o que nunca virá.
É viver o presente pelo mesmo passado,
E levar o presente para o mesmo futuro.
No tempo do eu a vidraça embaça,
E a LUZ se refrata perdendo o brilhar.
No tempo do eu, o tempo se perde,
A vida envelhece e a esperança se ausenta.
Mas
Existe um momento,
Um momento sem tempo,
No qual conquistamos,
Pela dor e agonia
Que este tempo nos traz,
O direito da graça
De para sempre mudar,
A roda sem freios,
O estado insano,
De vida medida
Pelo tempo do eu.
E por este direito,
No limite do insano,
Nos é permitido,
Olhar para um Tempo,
Um Tempo sem tempo,
Que traz a alegria,
A alegria perfeita
Da vida Refeita,
Que se indireita,
E não mais se sujeita,
Ao tempo do Eu.
Oh, VIDA perfeita!
Tira meu tempo!
Desloca meu vento,
Para longe dos olhos,
Dos olhos do Eu.
Oh, VIDA perfeita!
Endireita minha via,
Corrigi minha dor,
Faz-me entender,
O olhar do olhar!!
Oh, VIDA perfeita!
Tira-me tudo,
Tudo que sei,
Tudo que penso,
Tudo que sinto,
Tudo que faço,
E tudo que sou.
E sem nada de mim,
E sem ego nenhum,
Mostra-me a LUZ,
Que no tempo da VIDA,
Tudo se é.
Comentários
Realista e melancólico, porém poeticamente, perfeito. Parabens