PRIMAVERA NA SERRA
João Guimarães Rosa
Claridade quente da manhã vaidosa.
O sol deve ter posto lente nova,
e areou todas as manchas,
para esperdiçar luz.
Dez esquadrilhas de periquitos verdes
receberam ordem de partida,
deixando para as araras cor de fogo,
o pequizeiro morto.
E a árvore, esgalhada e seca, se faz verde,
vermelha e castanha, entre os mochoqueiros,
braúnas, jatobás e imbaúbas do morro,
na paisagem que um pintor daltônico
pincelou no dorso de um camaleão.
E o lombo da serra é tão bonito e claro,
que até uma coruja,
tonta e míope na luz,
com grandes óculos redondos,
fica trepada no cupim, o dia inteiro,
imóvel e encolhida, admirando as cores,
fatigada, talvez, de tanta erudição…
Comentários
Que linda composição! Traz uma boa reflexão. Uma árvore seca ainda é útil para o abrigo dos pássaros.
Uma bela poesia de João Guimarães Rosa
Obrigado pela atenção amiga
Vi seus textos e gostei muito gostaria que escrevesse no meu fórum de poesias
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Obrigado amiga de coração
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