Sob os verdadeiros véus da face

E o que seriam as pálpebras senão
Delicados véus que ao se fechar
Separam-nos da rudimentar atmosfera
Que estamos condicionados a acreditar

Fecham-se as cortinas
Apagam-se a luzes
Restam os sinos que aos poucos
Emudecem trazendo a noite

E hoje entendo
O que eu mesmo escrevi tempos passados
“Sou mais morcego que andorinha
Livre na noite escravo do dia”

E a noite ilumina diferentes caminhos
Entregar-se à sonífera espera de mais um dia
Desprender-se talvez em meio ao breu junto às estrelas
Ou ainda reabrir antigos véus... esquecidos
Por entre troncos e folhas Ainda firmes, verdes e vivos

O fascinante mundo
Onde vivem e viveram
Bruxas e paixões
Feitiços e feiticeiros
Amizades e magia
Corujas águias e Fé
Mas também dor e solidão

Sim, a Fé modela as asas
As mesmas alças que livres
Nos elevam em voo
Nos fazem seguir no mistério
Onde seguir em frente ou de volta
Nos levam ao mesmo lugar

Ingênuos são os que acreditam que encontrarão a felicidade
Nesse curto momento de nossa existência
Após cada viajem junto às estrelas
Mais tenho a certeza que não conseguiremos aqui
Definir o que é amor
Simplesmente porque nos faltam ainda sentidos desconhecidos
E já foi dito a felicidade não pertence a essa terra

Mas podemos sim e devemos nos aproximar cada vez mais
Façamos florescer as virtudes
A humildade e a coragem em resignar-se
Reconhecer e oferecer-se como abrigo a quem precisa
Não vejam nessas palavras apenas uma demonstração de fé
Mas efeito consequente também à lógica e à ciência

Me agarrarei na força do vento
Se me dói ou me acaricia
Vai depender das feridas que eu mesmo abri ou não
Mas é essa força que tornará minha pele cada dia mais leve

E quando levantarem-se os véus
Ainda embaçados pela neblina da madrugada
Quem sabe poderemos perceber
Que há muito mais por entre esta rudimentar
Atmosfera do que insistimos em aceitar
Nas veredas dos simples fatos e verdades

Deus nos abençoe

 

Carlos Correa

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