PUBLICADO no CPP
Sorrisos
A noite nascia de olhos abertos e vigilantes
O silêncio era fraudado por curtos gemidos
Noite fria cheia de lixo (caco de telhas) e tendas ou barracos de papelão, igual a um lixão
Um frio de amargar bocas e estômagos sem piedade e com louvor
Os largados do sistema em situação de rua sem luar a neblina das noites frias o luar escondia
A sopa quentinha e o pão francês chegará na hora certa , na ocasião incerta
A jovem moça enrolada no grosso plástico está grávida
Boca seca rachada e barriga de aluguel de dois
Os irmãos gêmeos agora são recém nascidos
Que ao alvorecer naquele frio quente do útero
Ao nascerem que o quê
Que sorriram já de olhos abertos e visão apurada
Um parto natural para quem acredita em milagres
Resgatados por estranho os nenéns foram raptados para serem adaptados
Para um novo lar lugar viajaram
A mãe solteira sem documentos procurava pelo crak com o cachimbo na mão
Para quê resguardo naquela vida petardo mortal
Vivia andando ou dormindo de exaustão porque respirava um ar poluído de náuseas
Foi-se roubado um João e Pedro
Nada de tristeza ou arrependimentos ou desculpas ou perdão
Já está encomendado um José e um Antonio
Uma barriga de aluguel por acaso
Fim
Antonio Domingos
Comentários
É impossível não se sembilizar. Belíssimo poema. DESTACADO!
Obrigado amiga de coração
Abraços de Antonio Domingos
Belo poema, sensível as pessoas moradoras de rua, parabéns meu amigo
Obrigado amigo pela leitura de coração
Antonio