VAMOS de POESIA (Série Poética)

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Aqui, destaco a poetisa mineira Adélia Prado
 
⭐13/12/1935
 
 
 
 
Dona Doida
 
 
Uma vez, quando eu era menina,choveu grosso
com trovoadas e clarões, exatamente como chove agora.
Quando se pôde abrir as janelas,
as poças tremiam com os últimos pingos.
Minha mãe, como quem sabe que vai escrever um poema,
decidiu inspirada: chuchu novinho, angu, molho de ovos.
Fui buscar os chuchus e estou voltando agora,
trinta anos depois. Não encontrei minha mãe.
A mulher que me abriu a porta riu de dona tão velha,
com sombrinha infantil e coxas à mostra.
Meus filhos me repudiaram envergonhados,
meu marido ficou triste até a morte,
eu fiquei doida no encalço.
Só melhoro quando chove.
 
 
Adélia Prado
 
🌼
 
 
 

 

Publicado por Lilian Ferraz
19/05/2023
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