Velho jeans

Aqui deste lugar privilegiado eu posso escutar
Se por um lado o contato de seu colo me envolvia
Traduzindo a primavera no desabrochar
De um sorriso em minha face
Por outro ouvia palavras escondidas aquelas
As que vivem atrás das batidas de seu coração
Ouço ainda

Não não diga
Já ouvi cada uma 80 vezes em cada único minuto

Por mais que as sombras me enlacem
Ainda assim mesmo que estranho
Percebo a mágica fluindo entre os orbitais
Vaga-lumes saltitando entre realidades

Não não fale alto
Mas também não fale baixo
Conheço cada tick cada sopro
Só não fale

Com olhar perdido buscando as janelas
Vitrais vivos que trazem a saudade
Percebo as nuvens
Competindo na direção do horizonte
Indo atrás das estações e me deixando aqui
Será que voltarão?

Agora as luzes da cidade agridem
Seus outdoors incandescentes
Intimando em convites disfarçados de prazer
Mas não é o meu sonho o que posso dizer

Ainda assim
Só queria voltar para casa
Estar vivo nunca foi suficiente
Só queria viver só queria te ver
Mas só agora consigo entender

Então eu deixo essas linhas
Sentidas talvez sem sentido com certeza
Algumas sobre as ondas
Outras entrego ao vento
E algumas guardo no bolso do velho jeans
Aquelas que não ouso escrever

Em algum momento
Quando as nuvens retornarem com as estações
Talvez consiga juntar os versos espalhados
Nesse dia quando mar e vento chegarem juntos
Trazendo o que foi perdido
Nesse dia apenas
Quem sabe eu escreverei uma poesia de verdade

Que saibamos aproveitar cada oportunidade
Uma a uma nas quais Deus nos abençoa todos os dias

Carlos Correa

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