Sentado ao banco os dedos caminhavam sobre as teclas do piano
Sorria com tanta beleza como se um encontro aguardasse a própria lua
As fotografias em testemunho do momento único do ano
A benção que lhe fora concedida naquele desesperado instante de angústia
A vida gloriosa ao lado de sua companheira
Amava com a clareza do mar augusto e transparente
A pureza de sentimento condensado em magia
A alegria do par vestido quase em um só corpo em maestria
Nos braços da ironia da jangada que faz a travessia
Chorou ao dia que sua amada embarcou na despedida
Seu grito silencioso foi tão intenso que rompeu a barreira
Sendo ouvido por todos os anjos e arcanjos toda sua agonia
O brilho alado da luz encontrou-se sem opção
De alguma forma teria de interceder no destino
Não poderia devolver a ela vida na mesma terra
Não poderia levá-lo, seu momento não havia chegado
Deu então ao casal eterno apaixonado
A benção de em cada dia das fadas
Se encontrar ao toque do piano
Momento único que ocorreria uma vez a cada ano
E foi assim...quando a lua anunciava a festa das fadas
Enquanto as crianças ofereciam doces ou travessuras
Ele reencontrava a felicidade na suave melodia que eclodia das teclas
Assim como seu amor elas acompanhavam-no por toda pintura
Naquele único dia as sereias vinham do mar enfeitar a cidade
Os sacis dançavam com as cucas em festa e folia
Os anjos felizes comemoravam com voos de leveza e humildade
O encanto da música se infiltrava no vinho sorvido com sabedoria
E naquela tarde enquanto escrevia o som de sua paixão com as mãos já enrugadas
Viu novamente como reencontro ao passado se aproximar a jangada
Sobre ela de braços abertos e com os cabelos iluminados na brisa sua vida.
Sem perder um segundo, se entregou a seu brilho e seguiram rumo a terra
prometida
E toda vez que o anjo ouve o som do piano
Ele chora na lembrança...
Deus nos abençoe
Carlos Correa
Comentários
Uma narrativa poética com vislumbre de amor e exaltação...Linda composição.
Obrigado Lilian, Deus a abençoe