Rimas cheias com "ão",
sabores à canção,
metem medo nas crianças,
fazem forte a oração.
Servem ao amor, ao coração,
imitam o bicho papão,
adjetivam provérbios de Salomão
e explodem bolinhas de sabão.
Essas nuvens nuvulosas
trazendo chuvas dadivosas,
pintassilgos e curiós,
parolas que desatam nós,
traidoras e traíras,
chulés e ziquiziras,
me fazem inocente
me obrigam ser coerente,
escrever poemas malucos,
espremer da vida os sucos,
rever a Maria Fumaça
que passava lá na praça,
lembranças do mundo afora,
mais bonito que agora:
- Flagrantes da vizinha
caminhando no quarto de calcinha;
Latido do Bozó
como um samba duma nota só;
Causos e meu casulo
de quando tinha medo de escuro,
brincava na beira da praia,
dava pernadas, rabos de arraia.
Mas voltemos ao rimado com "ão" -
É o bão, é o bão, é o bão ! -
que nos inspira ser profetas,
prever, ler a mão,
aumentativo de tudo
e está na palavra "não":
- Soa amplo,
tem impacto de trovão.
Vem, me tira desta confusão
de falar sobre as rimas com "ão"...
Paolo Lim
Comentários
Belíssima criação. Amei te ler.
Meus aplausos, Paolo.
Destacado!
Edith Lobato: Receba o meu muito obrigado carregado de admiração por você. Bjs do Paolo.