ALTURAS

Eu já não explico as vozes
Não... não mais...não as vozes
A muralha que transpus abateu meu espirito
Esfacelou o ego...
Sem chamas... sem auges...
Não vi vitória aqui
Eu já não persigo o sonho
O onírico morreu esta noite
Agonizou no fim...
Em estertores brutos
Eu vi...
Assisti paciente
Eu já não faço mais parte daquela historia
Nem da tua...
Nem da dela...
Nem de qualquer outra...
Sou conto inacabado
Tropecei num fim prematuro
Um clímax inesperado quando a noite ainda era jovem
Não verei novos dias
Não viverei novas sagas
Se é que as vivi alguma vez...
Eu já não reconheço o tempo
As horas são promessas vazias
Lembranças confusas...
Qual sua importância?
Para que serviam?
Para que serviram?
Para que servem?
A quem servem?
Eu já não leio Ginsberg
A poesia não me inunda
Tem algo morto em mim
Algo que se decompõe
Que me invade...
E machuca...
E o amanhecer esta tão longe ainda...
Tao, tão longe...
Eu já não admiro a vista
O topo e tão árido...
O topo e tão frio
O sucesso é tão solitário
Os motivos parecem tão tolos
Tola é a vontade que me move
Tolo é o medo que me detém
Tolo e o desejo que persiste
Tola a flor
Tolo sou eu
Eu já não explico mais as vozes...
Abafo a consciência teimosa
Eu calo
Estou no topo lutei pelo topo
Conquistei o topo...
E só quero voltar ao chão.

RODRIGO CABRAL

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Comentários

  • Neste poema caro amigo, nos elevamos, mais além do que além

    de todas as alturas e nos estatelamos de admiração

    Bravo, meus aplausos

    FC

  • Caraca, Rodrigo!

    Cada vez que você se derrama em poesia eu me derramo em encantamento!

    "Estou no topo lutei pelo topo
    Conquistei o topo...
    E só quero voltar ao chão."

    Adorei!

    Meus aplausos!

    Meu respeito!

    Escreve mais! Escreve mais!

    3654412?profile=original

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