Esta história aconteceu
Lá pras bandas do seringal
Distante de Porto Velho,
De Rondônia - capital.
Rosinha era moça bonita
Filha do Zé pescador
O Zé tocava Viola
no arrasta pé do Nestor.
Acontece que um dia
Apareceu no seringal
o Tião, moço garboso
Que veio da Capital.
E foi no final de semana
onde o povo se ajuntô
Pra se divertir, como sempre
No arrasta pé do Nestor.
O Tião ficou de olho
Na formosura de Rosinha
E arrudiou, chegou junto
E disse "você é uma gracinha"
Rosinha, moça prendada
Suspirou de emoção
E entregou neste instante
A chave do seu coração.
E foi no dia seguinte
As margens do Rio Madeira
Que Rosinha esperou
por Tião, toda faceira
E Tião não perdeu tempo
Enfeitiçou a mocinha
Sussurrou em seu ouvido
Agora serás minha.
As águas frias do Rio
fervilharam de emoção
Testemunhas do momento
De loucura e sensação.
E toda tarde saía
Rosinha toda faceira
Se encontrar com Tião
As margens do Rio Madeira
Sua mãe lhe disse um dia
Hoje é noite de lua cheia
Tome tenência com o Boto
Que a noite sai e rodeia
Havia na região uma crença muito antiga
Que em noite de lua cheia
O Boto saía do Rio e se transformava em rapaz
Conquistava as moças virgens e lhe botava barriga.
Acontece que Rosinha
Foi esperar por Tião
E o moço da Capital
Não apareceu mais não.
Rosinha ficou sozinha
Sentada à beira do Rio
Chorando com sua tristeza
As suas lágrimas a se misturar com o Rio .
E passado alguns meses
Sua barriga cresceu
Sua mãe toda assustada
Menina, que sucedeu?
A menina entre lágrimas
contou que certa noitinha
Às margens do Rio Madeira
Viu um jovem encantador
Que chegou não sabe de onde
Com terno branco e chapéu
Que tomou a sua mão
E a levou para o céu.
E depois, sem se dar conta
olhou e não mais o viu
Só encontrou seu chapéu
Boiando dentro do Rio.
E esta história rodou
Por todo o seringal
E todo o povo ajudou
A pobre moça, afinal.
E foi passando os dias
Com Rosinha a suspirar
Se perguntando se um dia
Seu amor iria voltar.
E naquela noite clara
Quando a lua cheia apareceu
Em meio os gritos de Rosinha
O filho do Boto nasceu.
E por vários seringais
Que ficam às margens do Rio
Existem filhos do Boto
garboso...moço bonito.
Que em noite de lua cheia
Vem com seu terno branco
Com chapéu de abas na testa
Conquistar moça bonita.
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# a história por trás da história #
Existe na região Norte a lenda do Boto cor de Rosa que diz que em noite de lua cheia o Boto sai das águas do Rio Madeira e se transforma em um belo e sedutor rapaz vestido com terno branco.
Ele usa o chapéu na testa para disfarçar seu nariz grande.
O boto-rapaz dança muito bem e conquista as mulheres ribeirinhas... sempre depois da aparição do Boto, nasce uma criança sem pai, denominada "filho do boto".
Sabemos que toda lenda tem um fundo histórico. Acredita-se que a crença no boto cor de Rosa e seu poder de sedução surgiu para proteger as mulheres que, na época dos seringais - comunidades pequenas e afastadas das cidades, ás margens do Rio Madeira tinham filhos sem pais declarados.
Quando uma jovem tinha um filho do Boto, a comunidade acolhia e ajudava com mimos e cuidados na ocasião do nascimento da criança.
Os filhos do Boto são crianças bonitas e que amam o Rio Madeira.
Elaine Márcia.
Foto: Google
Música: Chorinho pro miudinho - Nilopolitano - Dominguinhos - Iluminado
Comentários
Obrigada Nieves querida!
Você é um mimo!
abraços carinhosos
Embora eu seja da região nordeste conheço a lenda do boto cor de rosa que foi descrita aqui com riqueza de detalhes. Essa lenda faz parte da riqueza do nosso folclore. Parabéns, Elaine! Obrigada por compartilhar! Bjs
Obrigada você, por visitar-me!
Abraços carinhos poetisa amada!
Abraços carinhosos
Não sei como o boto consegue persuadir as mulheres para um passeio no fundo do rio, local onde costuma engravidá-las? Logo no fundo de rio! Que falta de classe, imaginação ou dinheiro para convida-las para uma suíte de um hotel cinco estrelas. Hein poetisa Elaine? Como um cavalheiro, ele conquista e encanta. Além disso, as engravida um mamífero pra lá de depravado. Que Jesus o mantenha sempre no fundo do rio, que ele venha à tona só pra respirar! RS RS RS...
Está lenda vem de tempos muitos remotos, da época dos seringais. Acredita-se até que oculta casos de incestos, pedofilia...
Imagina uma região onde existem poucos moradores, afastado de tudo e de todos e de repente, uma jovem virgem aparece grávida. De quem seria o filho? Era muito mais conveniente para todos que fosse filho do Boto...
Lendas nem sempre são apenas lendas.
Obrigada por suas visitas sempre agradaveis!
Abraços carinhosos.
Como sempre papagaio come milho periquito leva a fama. O diabo faz a panela, mas não faz a tampa. Além disso, de cobra não nasce passarinho!