(Para meu mano Paulo)
E foi logo que eu cheguei
Antes de descer do ônibus
Alguém me olhou e eu pensei
Será minha gente que mudei
Alguns com cara de espanto
Olhou pra mim e num estalo
“Você ta a cara do Paulo!”
Até ai tudo bem
De carro eu fui pra Jussara
E la chegando, de cara
Coitado! Chegou de tão longe
Alguém indagou: De São Paulo?
Que bom! É irmão de Solon?
“Mas é a cara do Paulo!”
Jussara mudou pouca coisa
Treze anos não é tanto tempo
Confesso, escondido eu chorei
Ao rever meus primos e amigos
Leninha não quis falar comigo
Mas, estar em Jussara, eu nem falo
“Ah, como foi bom ver o Paulo...”
Depois rumamos pro Junco
Com os manos, Sandra, Ari, Raquel...
E poder olhar aquele céu
Sentado no banco da praça
Rapaz! Eu não fui no Brejo
E isso custou-me caro
Sim! Pois cada dia que passa
“Mais eu me lembro do Paulo”
E veio a Serra dos Prazeres
Sem a onça eu matei minha cede
Comi água deitado numa rede
Segura a barraca, e a fogueira?
Que urro é esse, deu até caganeira
E diante daquele cenário...
Só faltou a onça pra me dizer
“Que eu tava a cara do Paulo”
E do Junco pra Sento Sé
Confesso que a saudade bateu
Cadê a Meire e a TiTi?
Não tem como descrever a tristeza
Que trago dentro de mim
Ah! Tudo em Sento Sé foi embora
Nas águas do Velho Chico
E nós ali, sentados no cascalho
Pablo do Arrocha ainda me diz!
“Você tá a cara do Paulo”
É, só se for em Juazeiro
Terrinha quente meu filho
Chegou a ofuscar o brilho
Do que eu já vinha sentindo
O cais continua lindo
Só tem uma coisa que eu acho
Deixa pra la, eu me calo
Senão vocês vão achar
“Que eu não pareço com o Paulo”
Mas, assim que chegar em São Paulo
Quem sabe eu pense em contar...
(Petronio)
Comentários
As vivências da vida registradas em poesia, não tem coisa melhor.
Parabéns Petronio.
Bom sábado.
Lindo poema, poeta, cheio de recordações. Afinal, você tem ou não a cara do Paulo? rs rs rs Abraços, paz e Luz!!!