CRUOR

Dou-me o direito da idiotice,

Aos imbecis como eu,

O reino dos céus...

 

Os sonhos são mais coloridos,

Tudo custa mais barato,

Os dias são mais longos,

E as noites,

apagadas.

 

Não sou rei, nem astro,

Servi-me do colostro da pobreza,

Nobreza dos ratos.

 

Dos olhos remelentos

Não surgia uma lágrima,

Páginas em branco

No negro destino.

 

Noites sem sonhos,

Dias sem pão.

 

Reconheço minha falta de ego.

 

Sentei-me defronte aos tijolos

De uma pálida construção.

 

Avançando nas horas,

A sede inoportuna

Das colheradas de sal.

 

O som dos meus ossos

Misturando-se ao tédio

Dos inválidos suspiros de amor.

 

Desconheço o que é ser distante,

Dois pontos cardeais me bastam,

Para que os canibais consumam

A carne podre que sustenta a minha alma.

 

Mario Sergio de Souza Andrade - 08/01/2017

 

 

 

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Comentários

  • Gótico perfeito! Profundamente belo! Bjs

  • Poema de versos góticos, coagulado de significados e simbologias.

    Parabéns pela obra.

    Destacado!

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