Esculpindo aromas

O rumo deste tempo espaça-se

na mansidão de tantos

abraços recíprocos

profectizando novos reencontros tão breves

quando aplaco as tempestades

que rugem na solidão da minha janela

que jaz

impávida e serena

ao regurgitar-te esta poesia

franca, empolgada

a mim tatuada como tirania 

plantada no tempo ainda sublime

que meu instinto faminto agora redime


– E de todas as tuas

formas sonhadas

arquitectei os mesmos

retábulos deste meu mundo

onde oro incessante

esculpindo nossos seres

vagantes, expectantes

demorando-nos num longo beijo

que este tempo por fim

aplacou tão gratificante


– Resta-nos circunscrever

os medos que nos afligem

separar os silêncios mudos

que não mais me comovem

aspirar enamorados

pela grandeza do impossível

arar a terra com palavras

estimulantes

enobrece-las em felizes

gomos de amor que tingem

cada aroma como o húmus

desta poesia

onde adormeces

completa

fartando-te rompante de alegria



- Foi na safra onde colhemos

pedacinhos esfomeados de amor

pendendo no parapeito deste clamor

que resignados adormecemos à beira

de uma réstia de imortalidade que espreita

assim tão sedenta

embelezando-te esfomeada,

suculenta

Frederico de Castro

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Frederico de Castro

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