Pertencem a ti, com direito a registro,
os versos que não me saíram à luz,
e ficaram maturados dentro do meu pensamento.
Restaram blandícias para a reconstrução do teu ego
e pares de violinos para qualificarem o meu canto.
Venceu-me o teu olhar de oceanos glaciais
esparso em um atol onde os pássaros pousam e descansam
em suas transmigrações para ilhotas vizinhas.
Ó cordilheiras espreguiçadas com seus dorsos de dinossauros
vela-me o sono que a noite já não tarda, o vento gélido se antecipa,
e enregela-me a alma - que até agora não foi mencionada
porque primeiro ela apura os fatos e depois rumina-os –
sangrando a flor da lira como se fossem rodelas de abacaxi.
Não armei minha tenda sob este céu crivado de estrelas
nem me prestei ao auxílio de mapas para saber o quadrante que ocupo,
mesmo sendo variáveis meus planos horizontais e verticais,
pois me locomovo como o pastor que apascenta poesias-lúmens
no campo ardiloso tomado de lobos siderais.
Porém, a noite é hospitaleira:
guarda consigo o meu grito à Humanidade,
enquanto sou pescador de sonhos e faço coleção de pássaros canoros
e tens meus versos refugiados em ti.
Rui Paiva
Comentários
Meu amigo menestrel Rui Paiva, foi prazeroso estar aqui e sentir a civilidade dos seus versos. Cumprimentos pelas belas matérias que você oferece aos leitores virtuais amantes da poesia. Menestrel acho que muitas pessoas não sabem realmente o que um intercâmbio literário na página de um amigo em letras – entendo isso como insensibilidade aos trabalhos dos autores feito com tanto amor e conectados nessa amável casa – eu sempre digo amabilidade gera cavalheirismo. O não intercâmbio me deixa muito aborrecido e me tira o estimulo me deixando anêmico para escrever. Abraços Menestrel vamos em frente sempre!!!
Que maravilha de versos Rui. Parabéns!
É sempre um deleite te ler, Rui. Simplesmente maravilhoso! Bjs