No pequeno estabelecimento do senhor Manuel
cujos instrumentos de trabalho eram a navalha e o pincel;
trabalhava sua filha Marlene, moça decente e pura...
O senhor Manuel trabalhava com capricho e muito zelo;
dos homens cortava o cabelo;
Marlene, era a manicura...
Das virtudes da filha, ele não tinha suspeita;
pois não havia moça mais bem comportada e “direita”,
por aquela redondeza...“Tocada” por homem algum...
Porém, sua imagem tornava minhas vistas turvas;
que protuberâncias...Que curvas
a endoidar qualquer um!...
Ah!...como eu sonhava com aquela manicura;
moça tão inocente e pura...
No sonho (meu Deus) eu estava prestes
a manchar a pureza daquela moça nada boba,
porém, que eu acariciava com a minha mão-boba,
por debaixo das suas vestes!...
Porém, acreditem ou não, vocês,
um dia, chegou minha vez:
despertaram-se em Marlene, do amor os instintos...
Disse-me: -Vem que eu já percebi há alguns dias
o quanto que tu me despias
com estes teus olhos famintos!...
O senhor Manuel, no entanto
flagrou-nos naquele momento profano e santo;
eu vi na minha frente a morte...
Porém daquele desespero, de repente mudou o cenário
quando me disse que eu teria que diante de um vigário,
casar-me...Meu Deus...Que sorte!...
(GERALDO COELHO ZACARIAS)
Comentários
Que bom te ler Geraldo! Esse tempo tinha
a magia dos sentimentos, dos desejos escondidos!
Lindo texto que suscitou em mim belas recoradações!
Ótimo final de semana! Bjs.
Esse era o tempo que não existia o ficar, o tempo que o olhar era prova de amor, a carta era a maior alegria, o bilhete era uma graciosa surpresa, o toque de mão, o beijo roubado, enfim, tanta coisa deliciosa que ficou no passado. Lindo texto Geraldo.
Estou feliz por saber que ainda existe pessoas com tanta sensibilidade como você.