És o sonho atiçado
onde me aqueço
num fogo aconchegante
abrasado
És o tempo que se esvai
qual carrasco pelos ventos
andante
num altar dos meus prantos
dilacerados...fecundantes
- Desta noite que se espreguiça
errante
ainda sei como te suspiro
profano
sugando todas as lembranças
nos teus lábios apetecidos
toda me cobiçando
- Vou desabotoar devagarinho
estes versos apaixonados
redescobrindo tuas margens
a mim se entrelaçando
algemando o suficiente
silêncio
que furto à noite inundada
com o assíduo perfume
dos teus vícios
- E enquanto cai um chuvisco
solitário da manhã
tenho-te toda
ávida em fatias de desejos
quase beligerantes
indefesa
esbatida em calmarias no meu solestício
que agora sossegadamente sacio
- Sei que às vezes
somos somente nós vivendo
neste hospício de tempo
serenos
sem artifícios
latindo latentes até à exaustão
fugindo esfaimados pelos exímios
versos vadiando nas brisas
dançantes
onde me refúgio nos meandros
de um silêncio quase estonteante
Frederico de Castro
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Ainsssssssssss, minha nossa...
Aqui com o coração na mão com este GRANDE E BOM GÓTICO,
Dianti da experiência do ser mais profundo que reflita sobre o sentido da vida, do amor, da morte...
Com uma calidade que assusta