O cálice

Eu vi o corpo estendido, 
Caído, sem vida no chão 
Ao lado um cálice 
Com poucas gotas
Do líquido vilão 
Fiquei chocada com a visão 
Os olhos marejavam
A boca calada, mas,
Gritava meu coração 
Não queria aceitar
Não conseguia compreender 
O que faz uma pessoa
Veneno beber?
Qual o tamanho da dor?
Qual o teor de aflição? 
Quanta tristeza havia
Neste pobre coração?
Será que faltou coragem,
Coragem para lutar?
Ou será que e coragem foi tanta,
Para querer com a dor acabar?
Será que sentiu alívio,
Quando o efeito chegou?
Ou será que sentiu medo
Pelo fim certo que causou?
Será que sentiu frio?
Ou o peso da solidão? 
Será que ela sabia
Que tudo que eu queria
Era tirar este cálice
De suas frágeis mãos?
Será que em algum momento
De sua vida sentiu
O quanto tanto eu a amava?
Será que algum dia
Realmente ela sorriu?
São tantos serás que serás
Que nunca respostas terão 
A verdade é que cheguei tarde
Para o cálice tirar de suas mãos.
Perdoe-me...
Sangra e dói meu coração.
Talvez para você 
O conteúdo daquele cálice
tenha trazido alento
Mas, para mim,
A lembrança daquele dia
Sempre será um tormento
As gotas daquele cálice
Que não consegui tirar de suas mãos 
Percorrem e envenenam
As veias de minhas lembranças 
fazendo doer e sangrar
O meu pobre coração.

Elaine Márcia, Porto Velho, 10/12/2016.

 

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Elaíne Marcia

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Comentários

  • A tristeza é momentânea, não fica pra todos os momentos da vida, mas uma cosia é certa é primordial para o amadurecimento humano.

    Avante que momentos felizes vem e vão assim como os momentos tristes.

    Bela noite.

    • Edith, você está coberta de razão!
      Obrigada por ter vindo!
      Beijos repletos de carinhos no seu coração!
  • Poetisa Elaine não fique lutando contra a tristeza. Se ela vier, abra passagem e confie que, assim como veio, chegará o momento em que ela também irá. Pense que a tristeza é só um sentimento, como tantos outros. Ela não é você. Isso é importante... a tristeza não é você!

    • Lembrarei sempre disso, Sam!
      Muito grata por seu carinho sempre presente!
      Beijinhos ternos em seu coração!
      : )
  • Belos versos. Tristes mas belos. O poema descreve com invulgar realismo fortes sentimentos de culpa e de perda. Aqueles que em gesto extremado põem fim a própria vida, o fazem por já terem perdido a alma. Sem alma não mais vale a pena viver. Talvez a melhor resposta seja eximir-se de qualquer culpa e atribuir ao destino tamanho infortúnio. Lindo e instigante. Parabéns.
    • Obrigada por vir e por seu generoso comentário, Francisco!
      Retribuirei a visita!
      Beijinhos ternos em seu coração.
      : )
  • Nossa, li num fôlego só, belíssimo, eu tiro o chapéu pra você Elaine! Abraços!

    • Você é muito gentil, Luciana!
      Obrigada pelo carinho!
      :)
  • Bravíissimo, aplausos  em pé querida poeta Ellaine Marcia, que inspiraçãoooooo!

    Muitas interrogações, muitos serás, que não podemos ouvirmos as respostas depois que a vida se vai.

    Empolgante tristeza nos toma, quando nada mais podemos fazer. E se é o nosso amor....sem palavras para descrever imensa    solidão.

    Ammei....Parabéns e abçs carinhosos de Veraiz Souza

    • Veraiz, seu comentário me faz parecer que ficou muito melhor do que realmente é.

      Muito grata, flor, pelo carinho!

      Beijinhos doces em seu lindo coração!

      3653502?profile=original

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