A crosta dos barrancos vai se esvaindo
e se dilui na água marinha lambendo o sopé
vento e maresia num abraço se unindo
banindo a argila, qual os sargaços no rodapé
A calvície das rochas ganha toda a extensão
das falésias perfiladas no promontório
trágico e secular desmanche da construção
arenosa e, no tempo, um seu adjutório
Cismando na ponte do velho cais
devaneios se insurgem contra a devastação
nas treliças de suas longarinas
o mar enfurecido provoca a arrebentação
Aves projetam-se nos ares audazes e voláteis
meu peito bate teimosa esperança
intuições me ocorrem de maneiras táteis
e a credulidade por vez me alcança
Rui Paiva
Ilustração: by Google
Comentários
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Se perdermos totalmente a esperança, a vida ficará o valor, o brilho... Meus aplausos
Belíssimo poema! Mesmo diante de tanta
desordem, de tanto desmantelo com a
natureza, ainda há uma réstia de esperança
a permear nossos sentimentos! Que bom
acreditar que tudo será revertido! boa tarde!
Beijos, poeta!