No céu da tarde que se esvai
lentamente
faz-se um eco no retrato
do tempo que morre
por nós esporadicamente
- Perto das palavras que memorizei
encontro-te excepcionalmente
enquanto espreito à janela das
horas que algemo a mim
inexoravelmente
- Os dias partem solitários
pulsando de vida ao redor
de cada penumbra crepitando
na noite envolta em abas
de tristeza onde se enclausura
todo o frio destino cogitando
de ternura
- Há momentos ali
em que pernoito em cada estrada
apregoando em silêncios
todas as loucuras
esperando a galopante manhã
onde me ausento num adeus
sem abreviaturas
- Ali sei, é onde mora
cada afago deixado
à tua varanda
engaiolando meu poema
banal
ignorando o desfecho do tempo
onde vasculho tua escultura
que hiberna à luz que tanto
ilumina a textura de uma hora
fugindo na urgência de um beijo
colhido com súbtil doçura
- Muda a vida onde deixei
arrumado meu ser estampado
num sonho cabisbaixo
ornamentando todas as prateleiras
da solidão saltitando neste verso
resignado
mendigando…esquecido
na breve eutanásia
deixada no cetim dos tempos
desfalecendo num sonho ilícito
neste meu verso onde deliberadamente
me confesso proscrito
Frederico de Castro
Comentários
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Parabéns, belíssimo aporte, grande abraço