No lago onde reverberam os sonhos das lavadeiras
Batendo a pau roupas incrustadas de suor e de pós
Eu exploro as suas margens geralmente às carreiras
Me safando dos jacintos, dos juncos, salsas e cipós
Ali me desgrenho pelas matas nas tardes douradas
Protegendo os meus flancos dos pés de espinheiros
Em busca da moça no cabelo de fitas avermelhadas
Qual uma corsa me despistava em saltos altaneiros
Embrenhei-me por uma trilha de passagem do gado
Certo que ela viria ao meu encontro de modo frontal
O choque dos corpos aconteceu acima de um estrado
Sob vasta clareira onde o sol a perfurava em espiral
Caímos um sobre o outro bastante lassos e ofegantes
E cruzamos nossos olhares transbordantes de desejos
Um abraço nos unificou e as nossas almas arquejantes
Suspiraram aliviadas ante as trocas de sequiosos beijos
Rui Paiva
Comentários
Teu poema é uma viagem pelo mundo da imaginação onde o porto é a poesia. Espetacular! Bjs
Linguagem purificadíssima sem rasura o seu versar. Veja quantas imagens tem essas duas linhas. (O choque dos corpos aconteceu acima de um estrado.) (Sob vasta clareira onde o sol a perfurava em espiral.) Lógico que existe mais imagens de cabo rabo. Isso não se esquecendo do belo cenário aonde foi consumado o ardente prendo do sexo!