Depressa me recosto neste cantinho de solidão
Agiganto todos os odores de que preciso
mesmo quando o excitado sorriso ali se deslumbra
perfumando a partitura do silêncio onde
te escuto com tamanha sofreguidão
É tempo de surpreender cada hora
solitária e inquietante
Manietar os ecos tecidos na penumbra
deste poema fechado no gabinete
dos meus silêncios
… e quem me roubou o silêncio?
despoletado
abnegado
habituado
a servir-me o cântico orquestrado
a cada noitinha selecta nascendo
entre marés de mil abraços ferozes
sistematicamente enamorados
Hoje vou soltar todas as amarras estendidas
na plenitude do tempo
Mutilar as mesmas palavras dispersas
entre o vil e despido momento onde
recobramos todos os sentidos
acariciando a cachoeira dos desejos
e dos nossos beijos deixados
ali quase que omitidos….
E quem me roubou o silêncio?
Expropriou-me da vida o tempo
Ausentou-se destas memórias
Questionou minhas expectativas
Embutiu nestes versos a beleza
de cada gargalhada dormitando
na melancolia de um adeus indigente
ávido…anónimo
sepultando todos os prazeres
sedimentados numa lágrima tão impotente
Frederico de Castro
Comentários
maravilhoso poema, poeta!
Que talento!
Recebe meu respeito e meu abraço!
Mui grata pela visita!
É no anonimato que me faço presente mesmo que me roubem o silêncio, meus passos vão se espalhando porque a poesia é parte de mim e insiste em se manifestar. Belo poema, Frederico. Parabéns!
Eu diria que os seus textos é um elixir dos bons, entro balanceado, pois o dia a dia aqui em Sampa não é brinquedo, mas o importante que sempre saiu reconstruído da sua página.
UAU!!!...Amigo FC... Você dilacerou todos com as palavras!!
Quem lhe rouba o silêncio , está sentenciado!!....fantástico amigo, beijinho.