Nasci à luz de uma candeia,
Na qual azeite ardia,
Numa casa em que havia,
Travessas de agonia.
......
Mil e um buraquinhos,
As aranhas faziam ninhos,
Nos meus tristes olhinhos,
Revestidos de fina teia.
......
E quando era noite de lua cheia,
Ela vinha ao telhado rondar,
E começava a espreitar.
.......
Com raios de prata fina,
Era talvez a luz divina,
Que comigo vinha cear.
.......
Mas nos dias de muita chuva,
Caía em mim a tristeza,
A lua perdia a beleza;
......
E pelos buracos do telhado,
Começavam a pingar,
Gotas de água sobre a mesa...
Eram lágrimas de uma deusa,
Que por Mim vinha chorar.
........
Cristina Maria Ivens-7/010/2016
Comentários
Os retalhos da vida constroem a colcha que é nossa história. Alguns pedaços são descoloridos, mas nada tira a beleza do conjunto.... Lindo, Cristina! Bjs
Contemplo poetas que falam com a mente, e com a percepção.
Momento desolador.... Existem fatos na vida da gente que marcam muito e não tem como simplesmente esquecê-los, mas tem como amenizarmos... Triste, mas também tem sua beleza poética! Abraços Cristina!
Este poema, também me traz lembranças de um tempo, que como diz NIna, ficou grudado na memória. Historia de vida.
Saudações, Cristina.
Obrigada amiga!!...afinal aqui também sem querer, se expõe um pouco de nós mesmos. Sabe, as aparências por vezes enganam, e por debaixo de um lençol de cetim, dorme um ser esfarrapado, destroçado.
Fico muito grata pelo seu caloroso comentário.