Ausência da Dor
Surpreendente é já
não existir
não pensar em chorar
não ter como sorrir
por não mais
estar aqui.
Surpreendente na morte
é o vazio
não sentir o calor
ou o frio
já não ter o bater
do coração
e ser tão somente lixo
jogado ao chão.
Ser apenas um corpo
na relva
um leão morto
na selva
sem lei
devorado por vermes
da terra
e já não mais ser
um rei.
Estar jogado sem vida
não sentir mais amor
ser apenas matéria inerte
na ausência da dor.
Alexandre
Avesso
A vida explode no avesso da vida
sortida de imperceptíveis tons
muda sua forma no tempo e deriva
das cores primarias e cria os marrons.
Perecível como a vida que se cria
e todos são sonhos na mesma entonação
se escreve a arte ao sabor da poesia
morta é a arte nesta nossa dimensão.
Inevitavelmente tudo é um adeus
e naquela que será a última morada
desapareceu.
E assim se vai morrendo
sem que haja qualquer sentido
toda a vida foi desaparecendo
no cálido silencio ali contido
do avesso do que era eu.
Voltou-se ao silencio absoluto
após um suspiro de trágico alento
e apenas no chão um negro fruto
odɯǝʇ oןǝd opıɯoɔ oıǝɯ ǝʇuǝɯɐɔıbɐɹʇ
Alexandre
Viver
Brilham as luzes no horizonte
Brilham com a força da paixão
Como gotas de magia resplandecente
Que elas explodam em mil partes de emoção.
Sonhe o teu sonho mais brilhante
Flua na imensidão de um sonhador
Faças da eternidade um instante
Vivas intensamente um louco amor.
Tragas em teu olhar a doce magia
No inebriante frescor do pensamento
Saboreie intensamente este momento
Para viver e ver a luz de um novo dia.
Com a tua boca que tão voraz me apavora
Ou o teu revérbero que já não é tão bonito
Com a carne que se espalhas mundo afora
Restos crus dos teus espasmos no infinito.
Ecos de Amor
Amei-te
Como fosse a minha própria carne
Rubra!
Como a rosa que enfeitava teus cabelos
Sorri junto ao teu sorriso no espelho
Chorei quando partiu sem me dizer adeus
Jorram lágrimas em minha face morta
Em leito de folhas secas e feridas
Em sepulturas amarelas encanecidas
Que governam as minhas noites entorpecidas
Amei-te
Como o sinuoso leito do rio
Com suas aguas em brasas escaldantes
Amei-te com um amor gigante
Como o amor de Sansão por Dalila
Como a estrela que no céu cintila
Escuridão da noite que não tem luar
Só restam ecos deste amor terreno
Só restam cacos deste meu amar
Alexandre
Versos sem Sentido
Faça apenas e somente
toda inconsequência inconscientemente
pegue toda a lágrima que rola pela face
e lace um colibri inconsistente.
Diga as palavras e as frases
chores na ladeira dos amores
lace as tristezas e as alegrias
cante internamente "Lá vai Maria".
Veja o paraíso nestas flores
elas são odores do universo
faça muitos versos sem sentido
sintas todos amor neles contido.
Pense que o mundo de repente
deu a você pétalas de rosas
rosas como asas simplesmente
voe como as pétalas formosas
Pense em um lago de águas calmas
e supere com a força da tua alma
as dores do passado e do presente
e tente ser feliz completamente.
{Ao menos uma vez ao dia}
Alexandre
Pele
A tua pele me enche
de desejos
os teus beijos
os teus gestos que me tocam
eu gemo só de pensar.
Em meus sonhos danças
no silêncio denso e fervente
sobre a minha alma criança
intensas promessas em teu olhar
corpos em fogo. . .paixão
tua boca é veneno
o teu corpo é moreno
pura sedução
morro de prazer a cada beijo
morro de desejos
de beijar
nesta ânsia de amar.
É teu canto que eu ouço
e em sonhos...
fujo deste imenso calabouço
para poder te encontrar.