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Padaria

Padaria (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

 

Na padaria tem a “Docinha”

Que vive falando da quitanda gostosinha.

Tem a “Bonitinha”

Falando que a rosca está lindinha.

Não se esqueça da “Salgada”

Com cara feia, dizendo que de bom não tem hoje nada.

A “Fofinha”

Tirando fotos e publicando no “status” muito perfeitinha.

Já se esquecia da “Lindinha”

Dizendo que a broa está muito fofinha.

O padeiro José

Está triste, pois machucou o dedo e só mexe a massa com a colher.

A “Vidinha”

dizendo que o biscoito chama torradinha.

 Os apelidos são de fato

Porque cada uma tem seu ato

Que é tratar bem o cliente,

Mesmo ao atencioso Vicente,

Que todos os dias compra quitanda

Para levar para a família do “Miranda”.

Então o dono está feliz

Vai logo coçando o nariz,

Falando que expandirá o negócio,

Mas precisa arrumar novo sócio.

Na padaria tem mais outro funcionário,

Por nome de “Mário”,

Quem encanta os clientes com poemas,

Dizendo letras e resolvendo os problemas,

Do cliente mal pagador,

Para eles, é dor...

Assim, “Lindinha”

Sorri para “Fofinha”

Falando que a vida é perfeita piada,

Mas todas estão na “parada”.

               

 

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Passarinho fofinho

Passarinho fofinho (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

 

Passarinho quer pão

Bem picado, sobre a janela,

Longe da panela...

 

Não importa se está macio,

Nem mesmo se o tempo está frio,

Ele está com fome...

 

Pousa na madeira da varanda.

O comportamento é de criança mimada,

Cantando e dando pulinhos...

 

Canta uma vez, duas vezes,

Pode cantar por vários meses,

Mas canta como se pede e se agradece...

 

Come ele os pedacinhos

E sempre olha para os cantinhos,

Com medo do gatinho...

 

Cata todo o farelo do pão,

E voa para o telhado se escondendo no vão.

Aparecendo mais tarde, na hora do almoço...

 

Assim ele faz todos os dias,

Apreciando as mordomias

Da alegre cozinha da Dona Maria.

 

Com chuva, com sol, com vento,

Está ele a todo momento,

Comendo o delicioso pão e também a broa de panela.

 

 

               

 

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Feliz dia de mãe

Feliz dia de mãe (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

 

Na tarde do último dia do mês, nasceste.

Tua mãe era somente felicidade,

Frio, vento, festa na cidade.

Não tinha outro olhar para ninguém, só para ti.

Deu-te o primeiro alimento, o leite materno.

Levantou-se ela a cada choro vindo de ti.

As fraldas, as roupas, os remédios, o alimento,

Tudo isso ela jamais fez questão.

Trabalhava para satisfazer teus desejos.

Não teve ajuda do pai, porque ele se foi...

Vestiu-te o vestido branco para o batismo.

Os padrinhos foram os segundos pais.

Levou-te à escola, no primeiro dia...

Choravas, mas aos poucos, sorrias.

Cresceste e logo a adolescência.

Briguinhas de filha para mãe...

Formaste a linda mulher.

Nos bancos da faculdade foste a melhor aluna.

Concluíste a profissão dos sonhos...

No belo dia, encontraste o verdadeiro amor...

Namoraste e casaste.

Aos poucos a família iniciava.

Ficaste alegre quando serias mãe...

Então, neste dia de mães,

Relembres o que tua mãe fizeste por ti.

Sejas o exemplo dela,

Sejas a verdadeira mãe,

A amiga, a acolhedora, a felicidade,

Para seres lembrada não no dia de hoje,

Mas em todos os segundos das vidas de teus filhos.

 

 

               

 

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Briga na casinha

Briga na casinha (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

 

                A enxada estava de cara feia. Assim que foi lavada na bica, o lavrador a levou para a casinha e a colocou em outro lugar de costume.

                Então, ainda de cara bem feia e soltando tudo quanto palavrão, ela foi logo desabafando com a pá:

                - Que porcaria! O “dondoca” do enxadão tomou meu lugar aqui na casinha. Depois de trabalhar o dia todo, cortando diversas plantas, inclusive as touceiras de braquiária, moitas de picão, bater de frente com pedras, que afetaram minha lâmina, o “bonitão” foi reconhecido e está em meu lugar. Eu não aceito ser tratada assim.

                Calmamente, a pá, ouvindo tudo o que a enxada lhe disse, e ainda permanecendo um pouco em silêncio, respondeu:

                - Calma, minha amiga! Estamos todos aqui em paz. O Joãozinho comprou o enxadão e ele é novo aqui. Foi encavado há pouco tempo pelo Marquinhos. Foi levado e tomou banho na água da bica para ficar forte. Ouvi que ele, amanhã, bem cedo, irá cavar muitos buracos para a cerca bem acima do córrego.

                Com muita perfeição e totalmente parcimônia, alongou a explicação:

                - A cavadeira está ali, bem descansando. Vai trabalhar muito amanhã. Foi totalmente regulada, recebeu graxa, apertos nos cabos e está em regime de descanso, porque os dois, juntamente com o martelo, a turquesa, os grampos e o arame, irão cedo para a labuta. Então, fique tranquila. Descanse e não pense que o “dondoca” é melhor que você.

                Sem objetivo, a enxada se calou e ficou resmungando bem baixinho e olhando para o enxadão, como se o encarasse para a briga.

                A chibanca deu um grito bem forte, que acordou todos ali. Sonhou ela que estava sendo rejeitada pelo Marquinhos, pois saiu do cabo e não se encaixava mais. Viu-se dentro da fornalha do ferreiro Antônio, lá na cidade.

                Mais uma vez, a pá, a grande amiga e conselheira de todas as ferramentas na casinha disse palavras de conforto e carinho para a amiga.

                O machado estava queixando que a foice estava tomando seu lugar no corte de bananas. Disse que queria pegar a foice e lhe surrar bastante até deixá-la cansada e sem condições para o corte da fruta. Então, ele, todo vigoroso, estaria no lugar de costume e não precisava fazer tanta força para o corte de madeira. A foice queria partir para cima do machado, mas logo, a amiga pá, correu e pacificou a situação.

                O garfo não conseguia dormir com aquela algazarra. Disse que partiria com os dentes afiados para quem o perturbasse no sono. Levantou-se e queria pegar o machado, mas, mais uma vez, foi seguro pela pá, que lhe pedia calma.

                A enxada ainda continuava a reclamar do lugar. Não se conformava com aquela situação de ter sida deixada de lado, juntamente para o novo enxadão. Então, bem devagar, foi aproximando do enxadão de falou:

                - Sabe que está em meu lugar?

                O enxadão, acordando o profundo sono e sabendo que teria o dia muito tenso, sem saber o que dizer no momento, e ficando assustado disse:

                - Não sei do que está falando, sua velha vagabunda...

                A enxada, espumando de raiva, retrucou:

                - O que disse?

                - Repita se for enxadão valente?

                Então, o tempo fechou ali dentro. Era algazarra para todos os lados.

                O enxadão partiu para cima da enxada, mas formou-se a barreira entre a pá, a picareta e o rastelo. Dizem eles, coro:

                - Se encostar em nossa amiga enxada, nós o quebraremos todo.

                Então ele desistiu e voltou para a lugar de origem.

                Acalmaram-se por alguns instantes. Porém, lá no canto, ouviu-se a voz do martelo dizendo:

                - Turquesa, filha de uma vaca. Você ri enquanto trabalhamos. Enquanto descansa, eu fico dando narigada nos grampos e você acha graça!

                A turquesa, rindo ainda mais, comenta:

                - Quem lhe pediu para ser bobo?

                O martelo não se conteve. Correu para o lado e agrediu a colega. Neste momento, o enxadão aproveitou o descuido da enxada e a atacou. O machado entrou na briga e eram golpes para todos os lados. Até a foice teve parte do cabo cortado. O arame não se conteve e começou a dar farpadas para todos os lados.

                Foram mais ou menos uma hora de briga. Cansaram todos e foram dormir. Ao amanhecer, o empregado abre a casinha e grita:

                - Patrão, Patrão! Venha ver o que aconteceu aqui!

                O patrão chega e olha o que aconteceu. Todas as ferramentas estavam com os cabos quebrados. O único que sobrou intacto foi o serrote, que estava pendurado no alto e não foi alcançado pelos golpes dos brigões. Então, lá no canto, surge a grande ratazana e corre por entre eles. Então, o patrão diz ao empregado:

                - Foi a rata que causou tudo isto. Vamos colocar veneno para ela e hoje não faremos a cerca. Vamos trocar tudo. As ferramentas que não estiverem excelentes, nós as jogaremos fora e compraremos outras novas.

              

 

Direitos autorais reservados em 04 05 2025

 

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Menininha

Menininha (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

 

No laboratório, bem vestidinha,

Está a pequena menininha.

Cabelinhos soltinhos

Sorri com os olhinhos.

 

Não sei se acha graça

De ver outros tirando o sangue, uma desgraça.

Sorri com a boquinha fechada

Porém, permanece calada.

 

Olha para a direita

E vê a Dona Nieta,

Com os potes de urina nas mãos

E vários exames de montões.

 

Encosta nos braços da mamãe,

Pega a bolsinha e ao ombro se põe.

Espia do lado esquerdo

E vê a Maria coçando o dedo.

 

Pisca o olho devagarinho

E seu olhar se distrai de mansinho

Em ver a bioquímica a chamando,

E os braços, em sua direção, inclinando.

 

Dirige-se ao ponto de coleta,

Ligeiramente, como a borboleta,

Não chora, não grita e o sangue foi extraído,

Sorri e sem dar, sequer, um gemido.

 

Então, vai embora, sorrindo,

E os espectadores a olhando,

Até sair à porta da rua,

Sumindo pela avenida até entrar na perua.

                 

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Florzinha roxinha

Florzinha (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

Lá vai a florzinha roxinha

Dentro do carrinho de mão

Levada pelo jardineiro descuidado

Que a arrancou do jardim...

 

O vento soprava suas folhinhas verdes,

Como se estivesse despedindo

Daquele lugar

Onde permaneceu por muito tempo.

 

Será amontoada junto ao entulho

Sem ver os amigos

Que todo dia lhe visitara:

O beija-flor, a borboleta, a mosca e a formiga.

 

Não mais terá a água nas raízes

Nem o punhado de terra a seus pés.

O adubo não mais verá,

Nem mesmo sentirá a tempestade nas folhas.

 

Aos poucos o sol lhe queimará

Secando o brilho de sua cor...

Respirará por pouco tempo

Até morrer e ser balançada pelo vento.

 

Então a dona do jardim

Cobrará do jardineiro pela linda florzinha roxinha.

Ele dirá que não a viu e nem mesmo sabe onde estará.

 

Magoada ela o demitirá

E outro, em lugar, em pouco tempo, estará.

Então o novo jardineiro

Outra florzinha roxinha plantará.

                 

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Domingo de páscoa

Domingo de páscoa (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

 

                O sol nasceu entre nuvens, pois o período de outono está na medida certa. Os pássaros acordaram mais alegres, pois os dois últimos dias foram tristes, foram lúgubres para a natureza e principalmente para a comunidade cristã. Está finalizando o ciclo da treva, da quaresma, da semana santa e da tristeza. Cristo, então, ressuscitou e vive novamente entre cada um.

                Então, Dona Judite acorda no cantar dos pássaros. Vai ao banheiro, toma o banho matinal. Rapidamente, coa o café e come algumas bolachas encontradas no pequeno pote. Abre a geladeira e lá está a sobra do doce de leite e do arroz doce, que foram feitos, por ela mesma, na manhã de sexta-feira da Paixão. Não come, mas a vontade é de dar a pequena beliscada. Lembra ela que está com alguns exames de saúde alterados. Fecha porta da geladeira e se dirige ao banheiro para escovar os dentes. Para por alguns instantes. Anda novamente, mas o instinto a faz retornar. Não se conforma, mas pega o pequeno pires e busca repentinamente a colher na gaveta do armário. Está fácil. Uma, duas, três, quatro... Desta forma, enche a vasilha. Com o cabo da colher, parte duas fatias de queijo mineiro, bem fresquinho. Puxa a cadeira e lá se delicia com a guloseima feita por ela mesma e sobrada da sexta-feira santa. Come lentamente como se estivesse apreciando o sabor amável e carinhoso. Lembra da frase dita pela filha de que ela deveria fazer regime, mas não a obedeceria porque é festa, é domingo de páscoa, dia da ressurreição de Cristo. Assim, permanece ela por alguns minutos até rapar, com a colher, toda a sobra que se encontrava no pires. Lambe os beijos com a língua e pronuncia bem suave, como se fosse falar ao pé do ouvido do falecido marido, que o doce estava ótimo, muito gostoso.

                O alarme do celular desperta com a música que ela mais gosta. É música sertaneja e de muito sucesso. Levanta ela da cadeira ligeira, pois a poucos minutos o padre João iniciará a missa. Ela tem que chegar mais cedo para se compor junto ao coral, onde faz parte. Faz a higiene bucal e em alguns minutos já está vestida com o uniforme musical. Vá à estante de livros e pega a pasta com as partituras musicais. Hoje, o repertório é composto por músicas mais alegres, mais animadas para esquecer os dilemas dos dias anteriores. Não se esquece da bolsa, que é colocada sobre o ombro esquerdo. A casa já está fechada. Confere se o fogão está desligado e ouve a voz da vizinha Aparecida, que a chama no portão dizendo que elas estão atrasadas. Diz que “já vou, já estou indo, aguarde”.

                Surge, então, no portão e saúda a vizinha e ambas começam a conversar. Saem as duas de braços dados. Um pouco mais atrás, vem o Pedro, acompanhado da esposa e da neta. Os três também fazem parte do coral. As duas os aguardam e seguem juntos até à igreja.

                Assim que chegam, o padre aguarda os fiéis na porta da igreja e deseja “feliz páscoa” a todos. Na praça da Sé, alguns populares estão finalizando a montagem do boneco “Judas”, que será queimado em comemoração ao domingo de páscoa.

 

 

                 

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Rosa

Rosa (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

 

A bela flor dos presentes,

Que o homem apaixonado

Presenteia à jovem amada.

 

A bela flor que enfeita

A imagem de Nossa Senhora,

Na solene procissão.

 

A bela flor que a linda noiva,

Toda de branco,

Carrega nas mãos no dia do casamento.

 

A bela flor perseguida

Pelas formigas

No jardim florido.

 

A bela flor

Que a Rosa cultiva

No sítio da família.

 

A bela flor

Que encanta

O observador atento.

 

A bela flor vendida

Na floricultura,

Toda enfeitada, para alguma cerimônia.

 

A bela flor

Que repousa no peito

Do defunto, na urna mortuária.

 

A bela flor,

A bela flor que encanta,

Que faz alguém sorrir,

Que faz alguém chorar,

Que faz alguém refletir sobre a bela flor: Rosa   

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Fantasia

Fantasia (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

 

É hora de mostrar dentro de si

O que há e o que tem...

Sonhos ainda não amadurecidos,

Ou os sonhos temidos

Que integrarão na alma

E expandirão na fantasia,

De ser o “Super-homem”

Quem sabe ser a “Mulher Maravilha”,

Dos quadrinhos,

Dos jornais...

O bloco carnavalesco na avenida

Sem coragem, mas um pouco de álcool

Transforma a coragem em emoção

De ser um grande folião,

Dançando nas passarelas

Carnavalescas...

Vestido em trajes que representam

Alguma personagem

Das novelas, dos filmes,

Quem sabe dentro de si...

O homem se veste de mulher

Enquanto a mulher se transforma em homem...

É carnaval,

É festa imperial.

Uma vez por ano,

Que também pode provocar dano

Na imagem, no comportamento...

É folia,

Também alegria...

Do carnaval,

A festa popular,

Do rico, do pobre, do remediado,

Quem sabe a festa...

 

 

 

 

                 

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Um poema

Um poema (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

 

Escrever um poema

Para alguém

Ou alguma pessoa.

Seja rica

Ou pobre

E também nobre.

 

Escolher as palavras

Simples, singelas...

Que evolvem amor

Calor,

Sentimento

E frases do momento.

 

Colocar vírgula,

Pontos

E até o trema

Que para o poeta é pena

De caneta,

De ave...

Quem sabe ter do coração pena?

 

Pensar no tema

Poderá ser dilema...

Alguém quer poema de amor,

Outros querem de pensamento...

Até de Filosofia,

A ciência do saber,

Do aprender,

Do viver...

 

Então escreva o poema

Da beleza,

Da natureza,

Do calor

E da alma...         

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Frases

Frases (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

 

Nas frases mais belas

Onde existem sinais de paqueras,

O moço decora a melhor

Para dizer a seu amor.

 

Não tem ele o dom das palavras,

Mas quer dizer e falar sem travas,

A pouca língua portuguesa

Falar a melhor frase para sua duquesa.

 

“Como vai”? “Está bem?”

Você gosta de alguém?

Assim outras expressões

Que envolvem amores nos corações.

 

Bem apaixonado

Como o grande tornado,

Vai ele ensaiando de todas a melhor.

Ficará nervoso se disser a pior.

 

O moço carinhoso

Torna-se bem dengoso

Em ver a amada, toda linda e elegante,

Querendo fazer-lhe muito falante.

 

Então diz o Antônio para Margarida,

Falando-lhe da vida,

Do trabalho, do estudo e até mesmo do amor,

Enquanto ela pensa em seu “Doutor”.

 

 

 

 

 

 

 

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Na padaria

Na padaria (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

 

Na padaria está a Cristina,

Gente boa e de educação fina,

Vestida com o jaleco branco

Calçada do grosseiro tamanco

 

Com o sorriso nos lábios

Recita obras dos sábios,

Que na arte de vender pão

Embrulha seis para o Sô João.

 

Falando sobre a fina chuva

Pergunta se deseja comprar a caixa de uva,

Bem saborosa e docinha

Vinda da chácara da Dona Filinha.

 

Atende o Sr. Aleixo

E ele quer pão de queijo,

Fresquinho e bem assado,

Supervisionado pelo padeiro Geraldo.

 

Diz ela que tem o namorado

Muito bonito e bem amado,

Que a espera quando a padaria fecha

Tirando a toca e, no cabelo, fazenda uma mecha.

 

Assim foi o dia de Cristina,

Ainda para a mãe é a bela menina,

Que estuda no ensino médio, no colégio,

Para ser doutora e ter privilégio.

 

 

 

 

 

 

 

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O novo

O novo (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

 

Não tem o novo

Sem ter passado o velho.

O novo é diferente, é incerto,

Que não se sabe o que será...

O velho foi o passado,

Foram as conquistas,

Os amores,

As aventuras,

O velho foi o passado

Presente no pensamento.

O novo é diferente,

É pensar em novas conquistas,

É navegar na imaginação

Do que será, do que virá.

O novo pode trazer medo,

Pode conduzir a confusão

Do viver,

Pode gerar imagens distorcidas do pensamento,

Do agir,

Do que virá por vir...

O novo é prosperidade,

É a fé no existir,

É a nova conquista do realizar.

Viva o novo,

Adeus ao velho,

Recorde das lembranças

Dos bons momentos...

Que o novo “Ano”

Seja a esperança

Do que não houve no passado “Ano”.

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De natal

De natal (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

 

                No relógio de parede da sala soava a décima badalada da linda e promissora noite vespertina de Natal. Dona Solange, muito bem trajada, com o vestido rosa e calçada com as lindas sandálias vermelhas, cobrindo a vestimenta o avental branco, com seu nome gravado, sobre a cabeça a toquinha branca, dava os últimos preparativos para a ceia natalina.

                De família humilde, passou o tempo trabalhando ao lado do marido Pedro na fazenda dos Andradas. Lá, com o trabalho honesto, criou os três filhos e hoje são dois médicos e uma professora universitária. Assim que os dois se aposentaram, compraram uma casinha na cidade e lá vivem em plena felicidade.

                A noite natalina é muito promissora para os dois, pois os filhos virão e com eles os seis netos estarão presentes. A casa é simples, possui quatro quartos, a sala, dois banheiros, a cozinha muito espaçosa e o quintal com plantação de árvores de jabuticaba, laranja e até o pequeno pé de goiaba. Mais ao fundo, o pequeno cercadinho de tela que são criadas algumas galinhas e o galo “Xavante” de raça indiana.

                No forno elétrico, ela dá mais uma olhada no pernil que se encontra em fase de douração. Sobre o fogão, algumas panelas ainda soltam a pequena fumacinha de que está quase pronto o alimento. O arroz bem soltinho, com alho, o feijão preto em caldo, o tutu de feijão com torresmo, cebolinha de folha, salsa e pele de porco cozida, a macarronada com o molho bem vermelho, sendo coberta com queijo ralado e grandes e negras azeitonas, o lombo de porco fatiado, bem frito, acompanhado do molho de cebola, sendo ele curtido na lata de gordura, as saladas de alface, com limão, tomates e outros ingredientes, os pedaços de frango bem fritos. Sobre a grande mesa, o branco e saboroso bolo confeitado e feito por ela mesma, na parte da manhã. Também uvas, cerejas, ameixas, maçãs, peras, bananas e outras frutas dão a ornamentação.

                A casa está toda iluminada. As luzes pisca-piscas estão envoltas da varanda, da janela e até mesmo do pequeno presépio armado sobre a mesinha, ao lado da televisão. Sobre a cadeirinha, o aparelho de som e nele são ouvidas as músicas natalinas, tais como “Os sinos de Belém”, “Noite Feliz” e outras mais.

                Seu Pedro, meio debilitado, trajado da bermuda vermelha e camisa de malha branca, de barbas brancas e sobre a cabeça está o gorrinho vermelho, faz a representação de “Papai Noel”, está impaciente na sala. Sempre olha para o relógio e pensa que os filhos não virão, mas é animado pela esposa que diz que eles chegarão por volta das dez e meia da noite. Estão na estrada e combinaram chegar todos juntos.

                Os minutos vão passando e seu Pedro escuta o som de veículos chegando e estacionando à frente de sua casa. Rapidamente, olha e vê que os filhos chegaram e vão descendo um a um.

                Dona Solange, a esta altura, já colocou todos os alimentos sobre a mesa e estão todos prontos a saborear a simples, a singela, a perfeita refeição noturna, que muitos chamam de ceia natalina.

                A primeira a entrar pela sala é Márcia. Com ela, estão o marido e os filhos. Dona Solange está ao lado do marido e a filha os abraça todos ao mesmo tempo. Logo vem o marido e faz o mesmo, acompanhado dos filhos. O segundo são os dois filhos, com as esposas e filhos. Todos querem abraçá-los ao mesmo tempo e quase que Seu Pedro vai ao chão. É momento de alegria, de paz, de amor, de saudade, de união, de fraternidade e de muitos adjetivos que definem o presente momento.  Os celulares são postos em ação para fotografias, vídeos e outros mais.

                Os anfitriões recebem seus presentes. Tem o presente do Paulinho, da Marcinha, da Joice e presentes para todos. Risos, lágrimas e a Dona Solange ganhou o novo celular, mais moderno e cheio de novas opções, que ela deverá levar um bom tempo para aprender.

                Terminado o bom momento, todos vão se sentar à mesa para a ceia. Antes, fazem um círculo sobre a mesa e rezam. Agradecem a Deus por aquele momento, por aquele alimento e por todos estarem presentes ali. As orações “Pai Nosso e a Ave Maria” são rezadas por eles e com muita fé.

                Assim, vão saborear a linda ceia simples, mas feita com muito amor. A casa é pequena, mas todos se acomodam como podem. Os filhos comentam suas vidas, relembram os bons e tristes momentos que passaram. Relembram a vida simples no campo, os dias que foram para a capital estudarem. Recordam do casamento, do nascimento dos filhos, dos batizados e coisas cotidianas da vida.

                A noite para eles não tem fim. Já são cinco horas da manhã do dia de Natal e eles ainda conversam. “Xavante” canta no quintal e desperta a atenção deles. Vão todos ao quintal para verem as galinhas e o olhar confuso do galo. As crianças querem pegar e querem brincar com as galinhas. Assim amanhece. O café está pronto e todos bebem. Para o casal anfitrião, é o maior prazer receber os filhos, o genro, as noras e os netos.

                O dia vai terminando e todos resolvem tirar aquele cochilo. Na manhã seguinte, é dia de irem para suas cidades. Então, prometem que estarão no próximo ano, no mesmo horário.

 

Nota do autor.

 

                Desejo a todos um feliz e abençoado Natal. Natal de paz, de amor, de esperança, de fraternidade e de fé. Infelizmente, o tempo não para, ou seja, o tempo é a dimensão que não existe. Gerações vão, novas gerações vêm e outras gerações virão. Presumo que sempre haverá Natal. Hoje, é o dia de comemorar com a família, que a cada dia está mais destruída: pelos vícios do alcoolismo, da dependência química, da dependência eletrônica, das doenças de depressão, angústia, câncer, cardíaca, da violência contra a mulher, contra as crianças, enfim, a sociedade está a cada dia mais sendo depreciada. Que Deus, na figura Trina da Santíssima Trindade, derrame bênçãos, alegrias, saúde, paz, prosperidade, amor a seus filhos. O que mudará o mundo é a “Educação”. Assim, na simplicidade de meus textos, pretendo levar a todos a literatura, como fonte de saber, de conhecimento e de esperança à humanidade. Se gostou, compartilhe e envie a quem gostar. Obrigado e feliz Natal.

 

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Presente de natal

Presente de natal (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

 

Um presente de natal

Que tal?

Para o José, que trabalha com a papelada,

Uma grande caixa de goiabada.

Para o João, que é motorista,

O quadro da grande artista.

Então o Pedro, que trabalha em Teófilo Otoni,

O gostoso pão panetone.

Não se esqueça da jovem Tereza,

A mais linda das irmãs, o belo jogo de produtos de beleza.

Ficará muito feliz a criança Anacleta,

Que ganhará a bela bicicleta.

O Tião, funcionário da prefeitura, que trabalha na praça

Da família, ganhará a uma nova calça.

O Francisco, advogado e grande orador,

Ganhará para suas pescarias o grande cobertor.

O Geraldo é jovem, primo da “Pançuda”

Ficará muito feliz com a marrom bermuda.

A Filha do “Marcola”,

Jogadora de vôlei, ganhará a mais nova bola.

Quem sabe o recente doutor,

Da namorada, ganhará o livro do grande escritor.

O padre, no momento da missa,

Ficará feliz pelo buquê de rosa dado pela Larissa.

Não quer presente a Lucéia,

Mas ficará contente por organizar, em sua casa, a grande ceia

Para a família toda unida

Aproveitando os bons momentos da vida.

É Natal, nascimento do Menino Jesus,

Que salvará a humanidade com a morte na cruz.

Venceu a morte na horrível cruz

E ao mundo deu sua Divina Luz.

 

 

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Sociedade

Sociedade (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

 

Hoje, pela sociedade,

Varia a idade.

É louco

Quando se fala pouco.

É um circo

No mundo rico,

Onde se caçoa de quem chora

E apedreja quem mora...

Critica quem se veste bem

E também de quem fala amém.

O palhaço faz a graça

E no fundo do coração chora sua desgraça

Onde os poderosos riem alegremente

Enquanto o vassalo chora comovente...

A novela começa na televisão

E o sábio tem sua opinião...

Onde está a clareza dos fatos

Talvez escondida no meio dos patos.

A sociedade caminha ancorada

Sem versos para a amada,

Que na tela do smartphone quer se a mais linda

E querer morar em Olinda...

Curtindo o carnaval

Mesmo com as roupas no varal...

Vai a sociedade

Por toda a eternidade

Do “Natal” até o “Carnaval”

Enquanto lá fora há rumores de guerra naval

Viver, que tal

É bom, é menos mal.

Saiba mais…

Tarde de novembro

Tarde de novembro (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

 

Nuvens se formam no horizonte

E o sol se escondendo atrás do monte.

Pássaros voam de galhos a galhos

Confundindo suas imagens nos olhos.

 

No céu, o ecoar do barulho do avião,

Deslizando, em voo, lentamente olha o “Peão”

Já deve estar no horário de ir embora,

Porque já chegou a hora.

 

No último dia do mês de novembro

O ano já está passando e amanhã será dezembro,

O mês da alegria, do amor, do nascimento de Jesus Cristo,

Retratado no presépio feito pelo Evaristo.

 

A rolinha voa pelo horizonte à fora,

Parece estar fugindo o voraz gavião querendo sua devora...

O tico-tico canta no último galho da árvore florida,

Pela canção, parece querer comida.

 

Assim a tarde se vai e a noite chega.

A anciã, com carinho, às plantas rega,

Porque está muito quente e muito calor.

Pousa suavemente no galho o pequeno beija-flor.

 

Então a tarde se finda,

Na varanda, está a família unida,

Ajoelhados, reza a prece em agradecimento ao dia,

O “Pai Nosso” e a “Ave Maria”.

 

               

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Congada

Congada (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

 

                O dia mal amanheceu. Dona Margarida já está de pé, pois o dia é domingo. Um dia muito especial, pois é a grande festa em honra a Nossa Senhora do Rosário, também conhecido como dia da “Festa da Congada”.

                O repicar dos sinos da igreja soam nos vários cantos da cidade, que se misturam com os sons dos tambores tocando em vários tons. São ouvidas notas musicais de caixa seca, tarole, sanfona, viola, violão e outros instrumentos. À frente, muito bem trajado, está o Capitão do Terno de Congada. Muito bem vestido com o terno preto, gravata, sapato social, acompanhado do chapéu de palha totalmente enfeitado com fitas religiosas, retratos de alguns santos e no peito vários cordões de imagens de santos e se destacando o pentagrama, ou seja, a figura geométrica “Estrela de Davi”.  Na mão direita, segurando o cajado, também todo enfeitado e esculpido na melhor madeira da natureza, vai ele cantando e improvisando versos de cunho religioso. A voz meiga e suave penetra nos ouvidos e corações de quem o ouve, principalmente nos seguidores do animado Terno de Congada.

                Puxando o Terno, uma garotinha de pouco mais de oito anos. Com vestes brancas, cabelo longo e o cordão, onde está inserida a medalha de Nossa Senhora do Rosário, no peito, vai ela conduzindo a toda enfeitada bandeira. Na cor branca, símbolo da pureza, está o retrato da Santa. Em forma de circunferência, está bem escrito o nome do “Terno Senhora do Rosário”, a data de fundação e outros dizeres, que somente os apreciadores e estudiosos desta cultura sabem o significado.

                Por onde passa, várias pessoas saem às portas. Por alguns instantes, ajoelham-se, prestam homenagem à bandeira, na figura da Santa e ouvem versos cantados pelo Capitão, como forma de fé, agradecimento e devoção.

                Então, Dona Margarida já está do lado de fora de sua casa. Vestida com a roupa branca, o manto amarelo cobrindo parte do corpo e se misturando à vestimenta branca, com luvas brancas, carrega nas mãos um livro. Sobre sua cabeça está a linda coroa branca, que representa que ela é a Rainha do Terno de Congada, conforme a tradição. Haverá almoço para os participantes, procissão e missa celebrada pelo pároco da cidade.   

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Jabuticaba

Jabuticaba (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

 

Hoje é dia de finados.

É feriado e muitos ficam parados.

O sol brilha forte pela manhã

De tão quente parece talismã.

 

O pomar está em festa,

Porque tem jabuticaba e as vespas fazem seresta...

As maritacas gritam no alto da galhada

De tanto que falam até dão gargalhada.

 

O lavrador, com o corpo suado,

Repousa a enxada no tronco da jabuticabeira e fica admirado

Em ver tanta fruta madura

Para aliviar-lhe a sede e a secura.

 

Apanha uma, duas, cinco, seis, sete...

Bate a mão na cintura e lembra que esqueceu seu canivete

Perto do rio, acima da pedra formosa.

Então apanha mais fruta, que está mais saborosa.

 

Fica por ali algum tempo até o sol se esconder no horizonte.

De barriga cheia e já saciada a sede, olha para frente

E vê abelhas e vespas se aproximando,

Pois parece que elas estão, daquele lugar, lhe expulsando.

 

 

 

 

 

 

 

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Do alto

Do alto (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

 

Ali na frente tem uma serra,

Bem próxima daqui.

Tem uma longa estrada para lá chegar

E desfrutar da boa terra.

 

No alto daquela serra

Tem a cidade maravilhosa

Cheia de árvores e frutas,

De gente boa e honesta, fruto da terra.

 

Na parte mais alta da cidade

Tem a longa avenida

Cheia de flores e singelos casebres

Onde existe paz e não há maldade.

 

No coração da avenida de nome “Borboleta”,

No menor casebre, com tapume de bambu,

Um pequeno jardim e muita flor

Reside o nobre poeta.

 

Não tem ninguém a não ser os livros,

A mesinha, o caderno, a caneta, o lápis, a borracha...

Nem mesmo a quem conversar e deliciar...

Mas olha para o alto e vê os astros.

 

No alto da serra tem sabedoria

Dos contos, das estórias, das letras e da música...

A arte de versejar e de contar

Para todos a verdadeira vida na alegria.

 

 

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CPP